Capítulo 4 - O jantar romântico?

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Sai cedo de casa para poder ir ao mercado, precisava comprar os ingredientes para o meu convidado especial da noite: Gustavo, ou só G. Nem eram tantas coisas, mas aproveitei para repor o estoque, porque algumas coisas já estavam em falta. Enquanto estava na fila, recebi uma ligação da minha mãe. Atendi, porque já até pressentia sobre o que seria.

- Alô, mãe. – falei

- Filha, tudo bem? Está em casa?

- Não, eu sai. Vim ao mercado para comprar umas coisas.

- Finalmente saiu daquela caverna que é a sua casa. Filha, você precisa arrumar um emprego. Ainda não entendo porque saiu daquela revista, ganhava tão bem.

- Mas não era feliz trabalhando lá. E alias, estou ganhando bem mais agora.

- Com o quê? Filha, eu não sei com o que você trabalha.

- Eu trabalho como escritora, escritora fantasma. Sabe quando alguém famoso vai lançar um livro e não sabe escrever? Então, eu escrevo fingindo ser essa pessoa.

Bem, parte dessa resposta era verdade e a outra mentira. Eu já fiz antes alguns freelas desse gênero, mas agora não mais. E minha mãe, obviamente, ia ser uma das pessoas que não iam gostar de saber o que eu realmente escrevo. Até porque ela é toda conversadora!

- Por que não escreve suas próprias histórias? Que vergonha é essa que você tem, filha?

- Ai, Rita, - esse é o nome da minha mãe, eu a chamo assim quando me irrito – para com isso. Eu estou feliz assim. Não quero ser super conhecida!

- Mas, escreva o que é só seu. Tenho certeza que irão gostar. – imagina se ela soubesse – Alias, sua prima não para de ler aquela tal da Achi... Ichi... Sei lá que diabo!

- É Echii.

- Isso! Aquela mulher que escreve aquelas coisas sem pudor. Acredita que a última foi com um fotógrafo? Essa garota dá para qualquer um!

- Eu acho os textos dela bem poéticos. – respondi

- É sem-vergonhice. Isso sim! Sua tia sempre pega sua prima lendo essas coisas.

- Ela já é maior de idade, mãe.

- Não importa. Estando na casa da sua tia tem que respeitar as regras.

- Não entendo porque ler contos eróticos seria desrespeito a regras.

- Quando for mãe vai entender. Alias, já arrumou alguém?

- Não, Rita. E eu nem quero. Estou feliz sozinha!

- Mas, precisa dar um jeito na sua vida. Vai ficar sozinha para sempre?

- Se assim tiver de ser... Será!

- Vou ver se acho um pretendente para você. Vou falar com minhas conhecidas!

- Rita, este não é o século 14, é o 21. Eu não preciso de marido para ser completa e feliz, pelo amor da deusa!

- Filha, não insista. Sou sua mãe e sei o que é melhor para você.

- Ai, está bem. – bufei, sem querer discutir mais – Vou desligar. Está chegando a minha vez. Te amo!

- Também te amo, filha. Tchau!

Despedi-me e desliguei, feliz por aquela conversa ter terminado. Eu tento ter a melhor relação possível com a minha mãe, mas eu e ela pensamos bem diferente uma da outra. Ela nunca descobriu sobre as "sem-vergonhices" que escrevo, só chegou a ler as outras coisas, mais romances. Eu fico imaginando o choque caso ela descobrisse. Com certeza, seria julgada pela família inteira, mais do que já sou. Considerada a ovelha desgarrada desde a adolescência.

Contemporânea EróticaWhere stories live. Discover now