Capítulo 1

2.3K 168 14
                                    

Papai me acordou hoje cedo. Vamos começar a organizar minha festa de dezoito anos daqui a dois meses. Eu disse que não queria nada demais e queria aproveitar somente com a família, mas ele disse que eu já tinha feito isso na festa de quinze anos e ele não deixaria esse aniversário agora passar, então estou aqui agora revirando meu armário para encontrar alguma roupa boa. Decido colocar meu vestido floral azul e meu coturno preto que não deixo de lado nem por um milhão de dólares.

- Já estou pronta, papai - Digo chegando na cozinha no andar de baixo.

- Posso ir com vocês? - Carl que comia vorazmente seu cereal porguntava com a boca cheia.

- Hoje, não, garotão! - Papai passou a mão em seu cabelo o bagunçando - Hoje é só o dia do papai com a minha princesinha! - Me puxou para seus braços.

- Pai, para com isso! - Rio me ajeitando.

Mamãe que estava no fogão terminando as panquecas (que nunca estavam boas, mas a gente comia do mesmo jeito para não fazer desfeita) ria também.

- Quando seu aniversário estiver para chegar o eu te levo para comprar suas coisas, Carl. Não se preocupe, logo logo vai chegar! - Mamãe diz.

- Mas ainda faltam seis meses... - Carl se pronuncia com a voz manhosa.

- Deixa se ser apressado, pirralho, ou o papai vai desistir de te levar - Digo bagunçando mais ainda o seu cabelo e logo em seguida dando um beijo no topo de sua cabeça recebo uma careta, mas logo depois Carl sorri brincalhão. Nunca fomos de brigar, mas sempre tem aquela implicância de irmão.

O café se estende com piadas, manhas e risadas. Fazia algumas semanas que não estava desse jeito, mamãe e papai nem se olhavam mais... Parece que enfim as coisas estão para melhorar!

Papai arruma o carro e eu entro.

- Vamos lá! - disse meu pai dando partida no carro - Mal posso acreditar que você já vai fazer dezoito anos... Eu me lembro do primeiro dia em que eu te vi... Toda pequenina, enrolada no leçou que minha mãe te deu...

Uma viatura atrás do carro de polícia do meu pai fez barulho interrompendo-o. Eu podia já imaginar o que seria quando papai abriu um sorriso e encostou o carro. Abaixou o vidro e Shane, seu colega de trabalho emparelhou seu corro com o do papai. Ambos desceram para conversar e eu fiquei dentro do carro com a cara um pouco fechada.

-... Ela já vai fazer dezoito daqui a pouco, então tenho que organizar tudo. Estou animado - Papai diz.

- Dezoito, hein? - Shane coloca a mão pela janela e dá uma apertada no meu ombro. Consigo sentir suas intenções ao olhar para mim com aqueles olhos de desejo. - A pequena, Emily agora vai ser uma mulher! - volta sua atenção para o meu pai e continual - Mas você parece mais interessado na festa do que ela, Rick!

Shane finalmente me larga após eu me remexer desconfortável. Isso acontece comigo desde os meus quinze anos... Nunca quis contar nada para ninguém, mas ele sempre me olha de um jeito diferente. Suas mão passam por mim sempre que pode e uma vez, quando meu pai não estava por perto, me puxou para um abraço que pude sentir sua ereção nojenta precionada contra mim.

- ... a gente se vê! Amanhã já volto para o trabalho! - papai felizmente se despede.

Continuamos nosso caminho com meu pai conversando pelos cotovelos e eu apenas assentindo com a cabeça. Eu tentava não demonstrar meu desconforto, mas as vezes aquilo me martelava interiormente...

...............

Passamos a manhã toda escolhendo a decoração. Meu pai sismava que tinha que ser algo magnífico e que todos não poderiam esquecer, mas eu batia na tecla de que deveria ser algo mais simples. Andamos por todo o centro comercial antes de eu falar para meu pai que eu "não estava me sentindo bem e queria ir para casa". Eu detestava mentir, mas às vezes eu precisava para fugir dessa realidade. Meu pai meio desanimado com meu pedido me guiou novamente até a viatura que estava estacionada na garagem subterrânea do centro.

Estava vazio como sempre, mas eu conseguia ouvir alguns passos além dos do meu pai e meu. Em um segundo, mais rápido do que eu pude esperar, três homens passaram correndo por mim e pelo meu pai carregando uma caixa prateada com um cadeado.

-Ei! Parados aí! Polícia! - Papai gritou me empurrando para trás dele.

Um dos homens parou de repente e meu pai procurou sua arma no coldre, mas ele não estava uniformizado. Droga, a arma havia ficado na viatura...

O bandido encapuzado usava uma bandana dificultando a visão do seu rosto. O mesmo puxou uma pistola e apontou para o meu pai que me segurava atrás de si com uma das mãos e levantava lentamente a outra. Em fração de um segundo, mais pessoas chegaram correndo no estacionamento e então, tudo ficou em câmera lenta.

Asp pessoas chegaram eram seguranças e mandaram o bandido soltar a arma, mas o mesmo não obedeceu. Dava para ver por aqueles olhos que ele estava com medo, entrando em desespero. Ele ia fazer aquilo... Ele ia atirar.

Um segundo depois, no mesmo momento do disparo, eu pulei para a frente do meu pai o abraçando e derrubando de costas no chão. Sentia minhas costas até o peito formigando. Meu pai não se mexia embaixo de mim, assim como eu. Merda, eu não fui o bastante para parar a bala... Ela atravessou eu e deve ter parado no meu pai...

A última coisa que me lembro são alguns policiais me retirando de cima do meu pai.

Love Keep Us SafeWhere stories live. Discover now