Capítulo 14

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Desculpem pela demora, estive de mudança esses dias, mas aqui vai mais um cap!!


***


Sinto o corpo do caçador em cima do meu, impedindo todos os pequenos destroços de baterem em mim. Quando a imensa explosão se estabilizou, Daryl me levantou e checou se havia me machuvado, mas eu estava bem. Ainda bem que todos estávamos... Menos Jacque que Dale informou ter ficado junto ao Dr. Jenner. Menos de um minuto depois, dezenas de errantes já viravam as esquinas em nossa direção. Monto na garupa de Daryl e ainda tremendo passo meus braços pela sua cintura e me aperto em suas costas enquanto seguimos a carvana de carros até mais distante dali. Uma das mãos do caçador pousou sobre as minhas e acariciou-as até pararmos em um bairro mais afastado, onde decidimos ficar um tempo para nos organizar mais calmamente.

........


Passamos dois dias recolhendo suprimentos e então papai nos informou que iriamos tentar o Fort Benning. Então seria isso. Quase duzentos quilômetros de chão pela frente.

-Tá tudo bem? - escuto a voz áspera de Daryl abafada pelo vento enquanto acelerava a moto.


-Tá sim... Se não estiver, vai ter que ficar... - suspiro logo depois. O homem dá dois tapinhas na minhas mãos que apertavam seu peito. - Mamãe me perguntou ontem o que estava acontecendo no quarto lá no CCD.

Sinto o peito do homem começar a subir um pouco mais rápido.

-É? E o que você disse? - perguntou.

-Falei que você estava me ajudando com a minha crise... E que você tem cuidado bem de mim... - o homem suspira com a resposta. - Mas eu falei pra ela sobre o Shane. Não contei tudo nos detalhes, mas disse que ele me seguiu até o banheiro e agiu estranho. Só que desde aquela noite ele nem cogitou olhar pra mim.

-Isso é bom. Se aquele desgraçado colocasse o dedo em você eu acabava com ele em um minuto. - Daryl fala entre os dentes.

A partir daí ficamos em silêncio até alguns quilômetros a frente quando vimos um engarrafamento bastante estenso. Daryl e eu seguimos até onde deu com a moto e voltamos para informar aos outros o melhor caminho para passar. Estava tudo correndo bem até que a mangueira do trailer de Dale estragou de novo nos fazendo parar. A maioria dos adultos saem em exploração por entre os carros enquanto eu e Glenn ficamos tentando consertar o radiador para sairmos o mais rápido possível dali. O lugar cheirava a morte. Não era por tanto, ao olhar para os lados, a maioria dos carros tinha gente morta dentro, eu digo morta mesmo, já decompostas a algum tempo.

-Eu acho que a gente tem que fazer desse jeito... - diz Glenn tentando lembrar o que já aprendera com o velhinho Dale.

Eu segurava firme a mangueira, enquanto Glenn passava a fita quase finalizando tudo, quando Shane aparece do nosso lado e pega no meu braço fortemente e no de Glenn nos jogando no chão.

-Mas que merda é ess... - começo a falar quando ele me manda calar a boca e ir para debaixo do trailer atrás de Glenn e se junta a nós.

Alguns segundos se passam e vejo centenas de pés passando por nós. Conforme os monstros passam, Glenn e Shane me imprensam entre eles. Querendo se espremer cada vez mais para não serem vistos pelos errantes que grunhiam procurando uma presa. Depois que tudo parecia ter acabado, escutamos um grito vindo de entre os carros e corremos para ver o que era. Vejo mamãe abraçando Carol tentando acalmá-la e a mesma não parava de repetir que haviam dois zumbis perseguindo a filha dela. Mamãe no mesmo tom repetia que papai já havia ido atrás dela. Carl corre ao meu encontro e eu o pego no colo abraçando-o apertado dando graças a Deus que ele estava bem. Daryl passa por mim e desce correndo o barranco para o qual a mãe de Sophia apontava, Shane vai logo atrás. Resolvo ficar para ajudar com o ferimento de T que havia rasgado o braço em um dos carros quando o bando chegou.

-Você é boa com armas, devia ter ido atrás do seu pai. - T ofega enquanto jogo água oxigenada em cima do machucado logo depois enrolando uma gase do estoque médico de Dale. Era bom que recebesse pontos, mas não tínhamos como fazer aquilo ali.

-Meu pai sabe se virar. Sophia tem os três melhores do grupo atrás dela. Você também precisa de ajuda, T... - digo sem olhar para ele concentrada em fazer um bom curativo. - A gente tem que se preocupar em achar alguns medicamentos para isso aqui não ficar feio.

-Eu vou checar de novo no meu trailer. - Dale que olhava com atenção a minha assistência se prontificando a ajudar também.

-Onde aprendeu isso? Sabe, essas coisas... Você é muito boa em muitas coisas... - T continua puxando conversa, acredito que para se distrair da dor.

-Papai sempre depositou suas expectativas em mim desde que eu era pequena e disse que queria ser como ele. Dos meus seis anos até os treze fiz escotismo. Aprendi muito lá, mas depois eu desanimei... Já tinha aprendido muito lá e não estava conseguindo mais ir para frente. A maioria do pessoal do grupo eram crianças, aí eu falei que já bastava para mim. Fiz natação e clube de tiro nesse meio tempo também, mas não parei com os dois até o ano passado. Depois decidi que queria ter mais tempo para estudar...

-Hm... Compromissada com os estudos. Difícil ver uma jovem assim hoje em dia. A maioria só quer curtição e paquera. - T fala admirado.

-É... Mas isso não me adiantou de nada. Olha o que o mundo virou? - digo começando a ficar de mau humor ao revirar meus pensamentos dos últimos dias. T tenta me animar dizendo que isso pode ser temporário, que as coisas ainda podem voltar ao normal, mas eu nego com a cabeça terminando de enfaixar seu braço. Lanço um último sorriso quando Dale chega com o último analgésico.

Quinze minutos depois Glenn e Shane voltam e nos dizem que papai e Daryl ficaram para seguir os rastros da Sophia. Decidimos lutiar os carros nos arredores e minha busca está bem entendiante, até que eu encontro fones de ouvido. Serviriam para que eu não precisasse usar meu MP3 alto e poderia ouvir as músicas sem perturbar ninguém. Voltando para onde os outros estão, vejo Carl emburrado em um canto. Disse que Shane estava um saco com ele desde a pedreira. Ao ouvir isso, penso na noite no CCD e me dá um pouco de náuseas. Acalmo-o e voltamos a procurar juntos mais suprimentos pelos carros. Tinha um pequeno GameBoy com vários cartuchos em um dos carros, junto ao corpo de um menino que tinha mais ou menos a idade de Carl, mas as pilhas não estavam funcionando. Vi os olhinhos de Carl passando pelo tantão de jogos que ele poderia jogar. Prometi que iria encontrar pilhas novas para ele poder jogar. Ouvi o pessoal falando mais alto e voltamos novamente para o grupo, papai havia voltado e por essa noite, havia suspendido a procura por Sophia. Eu entendo que de noite é perigoso, mas para a menina deveria estar sendo muito assustador, penso em me embrenhar pela mata mas seria suicídio. Por essa noite, a menina teria que ser inteligente e procurar um local para ficar. Peço mentalmente que ela faça isso.

..........

-Não ia adiantar procurar agora... No escuro, a gente ficaria trombando um no outro, mais pessoas se perderiam. - o caçador se aproxima dizendo enquanto eu observo o sol se por no horizonte encostada no trailer de Dale.

-Eu sei, disso... A Sophia é inteligente, mais até que o Carl. Eu acho que ela vai conseguir achar algum lugar para ficar essa noite... - dizer isso em voz alta dava um alívio injustificado. Seria sorte a menina encontrar alguma construção pela mata, mas pelo menos poderia se enfiar em uma caverna, toca, ou algo para se esconder.

-É... Ela é inteligente... - Daryl repete para si.

-Vai dormir onde? - pergunto sem olhar para o caçador e sinto seu olhar pesar sobre mim. - É que eu vou dormir em cima do trailer do Dale. Ele vai ficar de vigia hoje, mas não queria deixar ele sozinho. Quer ficar lá com a gente? - finalmente o encaro, mas seus olhos azuis penetrantes me fazem desviar o olhar novamente.

-Pode ser. Mais tarde te vejo lá, vou planejar com o seu pai o que faremos amanhã. Após mamãe destribuir algumas latas para o pessoal, subo e de cima do trailer eu e Dale olhamos as estrelas. Ele percebe que meus olhos estão fechando e sorri dizendo que eu poderia ir dormir que ele ficaria bem.

-Estou esperando alguém... - digo.

-Eu te acordo se esse alguém aparecer... - o velhinho sorri colocando a mão na minha cabeça.

Deito ao lado da sua cadeira de praia e fecho meus olhos. Sonho com o caçador novamente depois de dias.

Love Keep Us SafeWhere stories live. Discover now