Capítulo 25

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O caçador estava saindo da barraca. Vestia uma camisa de manga longa com seu colete por cima. Sua calça menos amarrotada caía bem em seu corpo, mas começava a apresentar rasgos e desgastes. Nesse mais de um mês de apocalipse pareciam anos.

Sentamos lado a lado no tronco como de costume. Ele me puxa para mais perto de si, repousando seu braço sobre meus ombros.

-Está com frio? - pergunta.

Aceno com a cabeça.

Então me abraça apertando-me sobre o seu corpo e usando os seus próprios braços para cobrir os meus. Enterro meus nariz em seu pescoço. Sua barba roçava na minha bochecha me dando uma falsa sensação de conforto.

-Ellie... - puxa meu rosto para cima me fazendo olhar em seus olhos extremamente - Talvez essa não seja uma boa hora, mas Dale me fez prometer que eu faria isso uma hora ou outra... Tenho que parar de ser "turrão" como ele disse. Eu gosto muito de você. Mais do que já gostei de qualquer pessoa em toda a minha vida. - sua voz saia quase que como um sussurro. Eu conseguia sentir sua respiração aquecer meu rosto. - Você quer namorar comigo? Eu prometo não ser mais o cuzão que venho sendo essa semana nunca mais.

Não consigo falar nada. Apenas fico vidrada no mar de seus olhos.

-Eu me afastei de você. Tive medo de te perder e não conseguir suportar isso, mas percebi que você estará mais segura comigo. Por favor, me deixa cuidar de você...

Abaixo a cabeça e volto para o seu pescoço e ele me aperta forte contra si. Ele sabia que aquilo era um sim.

Ficamos abraçados até Daryl enrijecer um pouco o corpo.

-Ela está bem? - escuto a voz de papai. - Vamos fazer o enterro do Dale em alguns minutos...

-Esta sim, Rick... - o caçador fala com a voz trêmula. - Se não se importa, vou tomar conta dela hoje, tudo bem? Daqui a pouco estamos indo...

Papai toca em meu ombro e vê que não estou para papo. Apenas acena para Daryl e sai dali.

-Achei que ia levar um soco do seu pai... - suspira aliviado. - Vamos nos despedir do nosso velho amigo... - disse em um tom mais triste.

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As palavras que papai disse durante o enterro ecoavam na minha mente.

"-O Dale conseguia irritar as pessoas. Com certeza ele me irritou. Porque ele não tinha medo de dizer exatamente o que ele pensava. Como se sentia. Esse tipo de honestidade é rara e corajosa. Sempre que eu ia tomar uma decisão, eu olhava para o Dale com aquele olhar que ele tinha. Todos nós vimos isso uma vez ou outra. Nem sempre podia compreendê-lo, mas ele nos compreendia. Ele via as pessoas como elas eram. Ele sabia coisas sobre nós. A verdade. Quem nós realmente somos. E no fim estava falando sobre a perda da nossa humanidade. Ele disse que o nosso grupo tá rachado. O melhor jeito de honrá-lo é fortalecer o grupo. Colocar nossas diferenças de lado e nos unir. Parar de sentir pena de nós mesmos. Assumir o controle de nossas vidas. Da nossa segurança. Do nosso futuro. Não estamos rachados. Vamos provar que ele estava errado. A partir de agora, vamos fazer do jeito dele. É assim que honraremos o Dale!"

Andrea, T-Dog, Shane, Daryl e eu saímos para acabar com uma pequena horda de zumbis que por conta da seca do riacho e pântano estavam começando a chegar perto da propriedade.

Todos abatemos mais de três errantes e o último Shane deixou para mim. Derrubei o zumbi com um chute em seu fêmur quebrando de primeira o osso. Chutei o filho da mãe no estômago o tanto de vezes que pude, mesmo sabendo que ele não morreria desse jeito. Parei apenas quando percebi os outros se aproximarem de mim. Puxei minha faca e enfiei no crânio do desgraçado. O mesmo parou de se mexer na hora, mas mesmo assim continuei a desferir diversas facadas até ficar ofegante. Levantei-me como se nada tivesse acontecido, ignorando os olhares preocupados dos outros e segui de volta para a caminhonete me jogando na caçamba e recostando a cabeça no vidro da cabine e fechado os olhos esperando o retorno dos demais.

Love Keep Us SafeWhere stories live. Discover now