Capítulo 3

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Papai foi amarrado em uma cama e Morgan, que descobri ser o homem mais velho, trocou tanto os curativos do meu pai quanto os meus. Em momento nenhum saí de perto do meu pai, pois mesmo afirmando que eu e meu pai havíamos sido baleados, Morgan não cedeu. Disse que as coisas não eram mais como antes.

Enquanto organizava o quarto, deixou seu filho Duane que parecia ser apenas um pouco mais velho que Carl, de plantão ao lado da cama do papai com um taco de baseball na mão.

Enquanto isso, fico ajoelhada no pé da cama, acariciando e formando redemoinhos com os pelos da coxa do homem que estava apagado à horas. Eu estava começando a me preocupar quando senti ele se mover na cama. Olho para cima e ele me fita com os olhos. Ainda estava tentando entender o que estava acontecendo.

-Eu troquei seu curativo. - Morgan olha para trás e vê que meu pai acordou. -Tava bem ruim... O que foi? O ferimento.

-Foi um tiro. - papai finalmente fala, com sua voz calma.

-Um tiro? - o homem mais velho pressiona. - O que mais? Responda.

Mesmo sabendo das respostas que eu já tinha dado, Morgan quer ter certeza de que não somos um perigo.

-Um tiro não é nada? - papai pergunta calmo, mas franziu o cenho.

-Olha, eu pergunto e você responde, tá? Como cortesia, certo? - Morgan diz firme se aproximando do meu pai e ficando de frente para ele. - Diga, você foi mordido? - continua.

-Mordido? - diz papai tendo a mesma reação que eu, com cara de incredulidade.

-É, mordido. Dentada, um arranhão ou alguma coisa assim - Morgan diz, chegando mais perto e ficando cara a cara com meu pai.

Olho para Duane que continua segurando o seu bastão firme nas mãos.

-Não... Eu levei um tiro. Nós levamos - papai cruza seu olhar com o meu por um instante - Só um tiro até onde eu sei. - diz calmo e firme.

Morgan estende a mão em direção à testa do meu pai que esquiva.

-Ei! Eu só quero sentir. - diz reaproximando sua mão e pousando na cabeça do homem acamado. - Não está tão quente. - olha para mim e Duane. - A febre deveria ter matado vocês a essa altura.

-Eu não tô com febre. - papai diz.

-Sr. Morgan, pode soltar meu pai agora? - digo calmamente recebendo o olhar do homem sobre mim.

Ele retira um canivete do bolso de trás da calça e o aponta para meu pai que esquiva novamente, agora um pouco assustado.

-Olha só! Veja como é afiada. Se tentar alguma coisa, eu te mato com ela. E nem pense que eu não faria isso. - disse sem se preocupar com eu estar ouvindo aqui tudo. Também fui ameaçada diversas vezes com aquele canivete. - Se estiver bem pode se levantar - Morgan saiu com Duane do quarto.

Papai esfrega os pulsos me olhando e senta na cama.

-Pai, as coisas não estão mais as mesmas... - digo. - Fiquei preocupada com você. Eu pensei que aquele homem ia nos matar... Mas do jeito que as coisas estão, percebi que ele só quer ajudar...

-Do jeito que as coisas estão? - papai se senta me abraçando - Como assim? De que jeito?

-Então, pai... Acho melhor o Sr. Morgan te contar tudo, porque eu mesma ainda não entendi nada. - digo, o ajudando a se levantar.

Andamos em direção à sala. Como fazia frio, papai se enrolou com uma coberta, já que vestia apenas um short do hospital. Entramos na sala de estar e Morgan preparava uma mesa com alguns pratos e uma panela e Duane ajudava. Ambos nos encararam quando entramos e eu forcei um sorriso para o menino que retribuiu.

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