Capítulo 4

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Andamos de carro por aproximadamente umas duas horas e meia rumo a Atlanta. Papai estava pensativo e quieto, nem imagino o que pode estar se passando pela sua cabeça então também fiquei em silêncio olhando a vegetação pela janela.

Algumas vezes papai pede para que eu entre em contato via rádio para ver se encontramos alguém, mas ninguém me responde.

O carro começou a piscar a luz da gasolina que havia entrado na reserva. Por sorte havia um posto à frente no qual havia um acampamento ao redor, no qual estacionamos a alguns metros e descemos do carro.

-Princesa, é melhor ficar aqui. - Papai diz dando um beijo na minha cabeça e me jogando um meio sorriso ao se afastar antes de olhar para trás e avisar. - Pistola em mão e fique bem atenta.

Olho meu pai se distanciando com o galão de gasolina, que estava guardado na viatura, em mãos. De longe o vejo caminhando entre os carros e observando dentro deles. De vez em quando olhava em minha direção para checar como eu estava. Depois de um tempo veio para a beirada do estacionamento e colocou o polegar para baixo dizendo que não havia mais gasolina. Teríamos que ir até onde desse e continuar andando.

Antes de retornar percebo o papai inquieto com alguma coisa, ele com a mão fala para ficar onde estou e sai do meu campo de visão. Fico preocupada, mas obedeço.

Após uns dois minutos escuto um tiro e sem pensar duas vezes corro em direção de onde meu pai estava. O encontro encarando o chão e ao me perceber chegando me puxa para um abraço.

Quando me solta, vejo uma criança no chão. Ela vestia um pijama rosa e pantufas de coelhinho. Ao seu lado repousava um ursinho de pelúcia. Seu rosto havia sido em parte devorado... Ela não era mais humana.

-Eu não aguentaria te ver desse jeito... - papai diz com voz chorosa.

-Não vai, papai. Eu vou ser forte. Eu sei que as coisas não eram mais como antes, então a gente precisa mudar antes que eles nos mudem.

Papai me puxa para trás me encarando surpreso. Sem dizer nada, me puxa para longe dali.

A gasolina nos fez andar por mais vinte minutos até o carro parar de vez. Papai carrega uma bolsa com algumas roupas e o galão de gasolina, enquanto eu fiquei responsável pela bolsa de armas. Após dar alguns passos volto correndo para o carro e o xerife para me olhando curioso. Abaixo o quebra sol e retiro uma fotografia que papai sempre deixava lá em cima. Olho com ternura para mamãe e Carl. Espero que estejam bem. Papai sorri ao me ver lembrar de algo como resgatar uma simples foto.

Avisto uma casa um pouco afastada da estrada e chamo a atenção de papai que acena com a cabeça e tomamos a pequena estradinha de terra até lá.

-Oi! Aqui fora é um policial e sua filha. Vocês têm alguma gasolina aí? - diz papai, colocando as coisas no chão e eu faço o mesmo.

Caminho em direção à casa e enquanto papai bate na porta rodeio a mesma olhando pelas janelas e me assusto colocando a mão na boca com a cena que vejo. Havia um homem largado em uma poltrona com uma arma em seu colo, sua cabeça estava estourada e o sangue respingava na parede. No chão à sua frente havia uma mulher. Meus olhos correm para a parede ao lado que estava com uma escrita em sangue que dizia: "Que Deus nos perdoe".

Sinto meu pai me retirar dali se desculpando por eu ter visto aquilo. Ele me coloca sentada na varanda enquanto vai até um velho carro que estava estacionado ao lado da casa. Me levanto e vou para a grama tentar tomar um ar e me recuperar, não conseguiria fazer isso tão perto daquelas pessoas. Apoio minhas mãos nos joelhos e respiro profundamente contando até dez olhando fixamente para o chão quando escuto um barulho, algo bufando. Eu já havia escutado aquilo antes.

Love Keep Us SafeWhere stories live. Discover now