Um Lobo, Uma Traição

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Drácula

*

Corte Noturna

*

Ouvia os cavalos galopando do lado de fora da minha carruagem.

Mor estava de frente para mim no banco de couro, encarando-me com os braços cruzados no seu peito. Arqueio as sobrancelhas.

_ Pare de me encarar. Sabes que encarar és feio?

Ele continua me encarando.

_ Quando ia me contar que tem um humano dentro do seu castelo?

_ Nem comece.

_ Que engraçado, és que foi assim que vós se transformou em vampiro. E como a regra és clara, todo humano que se transforma em vampiro, o recém criado se torna o Drácula, caso o vampiro que transformou em um vampiro, fosse o Drácula. Isso aconteceu com você.

_ Se ele não tivesse me entregado pra ele, hoje estaria morto.

_ Pensei que gostasses de ser o ser todo poderoso.

_ Não tem a ver se eu gostei ou não, ele me traiu, me entregou para os vampiros como se eu fosse algum tipo de brinquedo que usa e jogas fora.

_ Mais você era um brinquedo.

Aperto os dedos em punho.

_ E agora você está fazendo o mesmo com o garoto.

_ Como se eu me importasse com isso, como se ele se importasse. Ele foi tratado mal desde pequeno. Eu não ligo.

_ Vós também não foi tratado na mesma forma? Sem contar que vós foi o parceiro de foda do alfa Kael. Não é mesmo?

Viro meu rosto para o outro lado e a minha maxilar se contrai.

_ Eu era um menino ingênuo, eu não sou mais um humano fraco que buscava atenção e afeto mesmo que se fosse por sexo. Agora cala a merda da sua boca, antes que eu mesmo faço isso.

Ele bufa e cruza os braços.

_ Vai fazer aquele humano de parceiro de foda?

_ Vós sabes que eu não curto isso. Não tenho interesse de prazeres carnais. Sexo é uma coisa insignificante para os humanos, e não sou um humano.

_ Mais já foi um humano, já até deu!

_ Eu não sou. Não tenho motivos para ter prazeres. O que eu quero dele é só o seu sangue.

_ Então não quer comer a bunda dele?

_ E o que eu vou ganhar com isso? Sexo não significa nada pra mim.
Vamos mudar de assunto, odeio falar disso.

Franzi a testa colocando os dedos no topo do nariz.

_ Está ansioso?

Bufo alto. Meu corpo estremeceu.

_ Porquê eu estaria?!

_ Por quê o mesmo homem que comprou você de sua mãe aos seus dezesseis anos, foi o mesmo que brincou com a sua bunda e te entregou para os vampiros e depois você se tornou o que és agora.

_ Passado é passado, tudo ficou para trás. Eu não tenho nenhum sentimento. Na verdade eu não sinto nada. Depois que eu virei vampiro a única coisa que eu sinto e desejo é beber sangue.

_ Nossa. Falando assim parece que és triste.

_ Triste?! Somos vampiros, nós já matamos muitos humanos ao longo dos anos. Os lobos não foram os únicos que mataram eles. E nenhum de nós se arrependeu de ter matado, vós se arrepende de ter matado os humanos depois que virou vampiro?

Ele ficou calado.

_ Foi o quê eu pensei, se nós tivéssemos sentimentos, teríamos nós arrependidos. Mais...

Paramos. O chofer abriu a porta. Desci os degraus.

Fazia anos que não vinha aqui.
O céu estrelado.

Lembranças desse lugar.
Lembranças que queria esquecer.

Vejo um homem alto diante de mim, cabelos negros grande que cobria todo o peito peludo, uma calça de pele que cobria suas pernas longas e grossas.

_ Olá Remo.

_ Não me chame assim. Sou o lorde Drácula para você. Melhor coisa deve fazer agora és fechar a sua boca. porque não terei piedade em estripar cada centímetro do seu corpo.

Passo por ele sem olhar nos seus olhos dourados.

_ Se quiser matar a saudade de uma rapidinha com Kael como era quando era humano...

Eu aperto o punho. Quero arrancar a sua cabeça.

_ Lorde Drácula vós chegou finalmente.

Ouvi uma voz de uma fêmea. Virei meu rosto para frente e vi ela sorrindo pra mim. Seu cabelo trançado e amarrado no topo do cabelo como uma tiara, um vestido branco brilhante, um corte lateral com as coxas longas exposta.

_ Alexis.

Ela sorri pra mim. Eu passo por ela e sussurro.

_ Vós sabes muito bem que a grande culpada por me transformar em um vampiro foi ti. Então tira esse sorriso de merda na tua cara. Traíra. Quando tu morreres eu quero para ti uma morte lenta e dolorosa.

Ela me matara e me obrigou a beber sangue humano quando eu não quis. Só assim para me transformar em um vampiro.

Depois que o antigo Drácula havia morrido, fiquei no lugar de seu posto quando me transformei em um vampiro.

Vejo por cima do meu ombro Alexis e seu corpo tremer.

_ Vós foi muito grosseiro.

_ Grosseiro? Mor. Ela que me matou e me obrigou a beber sangue humano. O que eu sinto por ela é ódio.

_ Vós estás arrependido de se tornar vampiro?

_ Arrepender? Eu nem se quer tive a chance de escolher.

Mor me encara pasmo. Depois que virei vampiro. Mor foi o único vampiro que ficou do meu lado, depois que muitos me deram as costas, o que eu sei é que qualquer pessoa te trai e vai embora.

Não espero nada de ninguém.
Não vou ganhar nada. Apenas nada.

Abri a porta do castelo e vi Kael sentando me encarando.

Não me lembrava que era tão grande. Grandes músculos por baixo do manto grosso de pele felpudo. O peitoral musculoso cheio de pêlos, as pernas grossas e os cabelos grandes e preto. Todos sentavam numa mesa longa farta de comida, ouvia dentes cravando na carne.

_ Cadê o meu irmão?

_ Nenhum oi como estás? Vós deverias ter um pouco de empatia. Tudo que te ensinei na minha cama não vales nada pra vós agora?

Todos os humanos peludos com a boca cheia começaram a gargalhar alto. Permanece ereto, sem reação. Como se suas palavras sem significativa vale algo para mim.

Senti um gosto amargo na minha garganta. Engoli o gosto amargo e encarei com os dedos fechados em punho.

_ Vamos logo com isso, eu quero o meu irmão de volta?

_ Se eu não quiser? Além do mais ele matou um dos meus homens!

Ele berrou furioso. Reviro os olhos.
Que chatice.

_ Só me entregue meu irmão logo que eu vou embora daqui.

_ Para quê tanta pressa? A Corte Noturna te dar tantas más lembranças assim? Ah é lembrei, foi aqui que eu fode a sua bunda e você choramingando implorando para parar.

Todos caíram da gargalhada. És estranho em dizer que o eu sinto és nada. São palavras vazias no meu coração negro. Palavras vazias para alguém sem alma.

Apertei os dedos e senti escorrer sangue em minhas mãos.

O Noivo Do Drácula Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora