⭕Capítulo 17⭕

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Maia

Acordo desnorteada. Minhas memorias estão confusas e embaralhadas e eu não tenho a mínima ideia de como eu vim parar dentro de um quarto de hospital.

Resmungo desconfortável, uso os braços para apoiar meu peso na cama e mudar de posição, mas eu desisto na mesma hora e arregalo os olhos soltando um gemido de dor. Há um acesso na minha veia e o esforço me causou uma dor aguda.

__Nina!- Sorrio aliviada quando Mauro entra no quarto e anda apressadamente até mim- Como você se sente? Ainda com dor de cabeça?- Sua voz é carinhosa e seus dedos mexem em meu cabelo com delicadeza- Você me preocupou. Fiquei apavorado quando você caiu desacordada no meu colo.

__Eu não me lembro exatamente em que momento eu perdi a consciência, nem quando encontrei com você- Falo confusa enquanto tento força as memorias.

__Boa noite- Somos interrompidos por um homem moreno de jaleco branco, provavelmente o médico- Eu sou o doutor Medina, eu vim trazer o resultado dos seus exames- Mauricio segura a minha mão e percebo que ele está mais nervoso que eu- Não há motivos para muita preocupação. Sua saúde está em perfeito estado. Vou assinar a sua alta assim que o seu soro terminar- Meu suspiro aliviado reflete no de Mauro.

__Mas essa enxaqueca repentina e perca de consciência, doutor?- Meu amigo pergunta, tão confuso quanto eu. Medina sorri pequeno antes de responder.

__Os seus exames não apontaram nada incomum. Na sua condição é normal o desmaio por causa da pressão e a dor de cabeça, algumas mulheres sentem mais que as outras- Suas palavras de nada adiantam o meu nervosismo e confusão.

__Na minha condição?

__Bom, vocês serão papais. Pelo que eu vejo, você está com um mês e meio de gravidez.

COMO É?

O aperto na minha mão se intensifica, eu não ligo. Aperto de volta tão forte quanto. Não sei o que pensar, não sei o que fazer, não sei como reagir a essa noticia.

Eu estou gravida! Gerando uma criança!

__Medina, você poderia nos dar alguns minutos por favor?- A voz do Mauricio é baixa e fria e isso me assusta. Eu estou ferrada. O médico sai do quarto e na hora Mauro vira para minha direção, não o olho. Encaro minhas unhas com falso interesse- Gravida?- Ele não grita, mas sua voz não é baixa- Maia, puta merda, Maia. Como você pode cometer uma burrice dessas, Maia?- Ele se afasta e começa a andar pelo quarto bagunçando o próprio cabelo- Uma criança! Puta merda. Maia, você só tem vinte e um anos e fez a burrada do caralho de transar sem camisinha. Engravidou do pior cara que você poderia pensar- Suas palavras me atingem em cheio, mas a decepção que eu vejo em seus olhos é o que me faz romper em lágrimas silenciosas.

A minha cabeça ansiosa já disparou em milhões de opções de futuro e isso é o que me desespera. Os meus pais vão se decepcionar, minha mãe vai querer me matar, eu estou tão ferrada! Vou precisar trancar a faculdade quando a gravidez estiver mais avançada, terei que procurar uma obstetra de confiança, comprar o enxoval, pré-natal, plano de saúde. Parto normal ou cesaria?

__Maia, para!- Retorno para a realidade com a voz tranquila de Mauro e suas mãos firmes mantendo meu rosto virado para o seu- Me desculpa pelo surto. Nina- Seus dedos secam as minhas lágrimas enquanto fala- Aconteceu, não há como voltar a trás, mas eu estou aqui e nunca vou soltar a sua mão. Eu sou o seu irmão e prometo ser o melhor tio para esse bebê- Fungo emocionada e o abraço apertado.

__Eu te amo, eu te amo, eu te amo- É a única coisa que eu consigo dizer agora sem gaguejar de emoção.

⭕⭕⭕

__Vai contar para os seus pais?- Mauro pergunta ao estacionar em frente a minha casa. Alguns minutos depois da nossa conversa o médico voltou e me deu alta.

__Vou, mas não hoje e talvez nem essa semana, preciso digerir a noticia antes.

__E para o Leonardo?- Prendo a respiração e viro o rosto para janela evitando o seu rosto- Maia- Me chama em tom de aviso.

__Ainda não sei- Minha voz é quase um sorriso.

__Maia, ele tem o direito de saber- Bufo irritada. Por que ele precisa saber da existência de um filho que ele nem lembra de ter feito?

__Não quero falar disso agora, preciso descansar a mente e vou fazer isso dormindo- Mauro me olha não muito convencido, mas assente. Sorrio pequeno e beijo sua bochecha antes de sair do carro.

A casa está silenciosa quando eu entro. Já se passa das dez da noite e os meus pais se deitam cedo. Devagar, subo as escadas e entro no meu quarto.

Debaixo do chuveiro, me permito pensar sobre o novo habitante do meu corpo. Encosto os dedos vacilante em minha barriga ainda lisa.

__Não me entenda mal, eu não odeio você- Falo baixinho como se estivesse contando um segredo- Mas você chegou em um momento tão incerto- Minha voz falha e sei que estou a beira das lagrimas- Saber que serei mãe é um tanto assustador- Me imagino segurando um pequeno ser humano dormindo embrulhado em uma manta quentinha e fofinha enquanto eu o nino com cuidado. Na mesma medida que isso me assusta, me conforta. Me pego sorrindo e desejando isso com ansiedade- Como é possível que eu te ame tão intensamente sabendo da sua existência a poucas horas?- Rio sozinha e balaço a cabeça em negativa.

Termino meu banho já sentindo o peso de todas as emoções de hoje. Meu corpo pesa e cansaço físico e emocional começa a cobrar o seu preço.

Ao me deitar na cama incertezas me cobrem. Será que eu devo contar sobre o bebê para o Leonardo? Não é da minha vontade, mas talvez ele mereça saber, ou não.

Deixando esses pensamentos de lado por um tempo, deixo que minha mente vague para coisas mais importante. Preciso ir em uma médica, marcar o pré-natal e acompanhar minha gravidez da maneira correta. Penso pedir ajuda da minha mãe nisso, porém isso me leva a outra coisa: Contar para os meus pais. Suspiro pesado, isso me deixa ansiosa, tenho medo da reação deles, não consigo imaginar o que pode acontecer, se podem me botar para fora de casa, ou apenas me acolher, eu não tenho ideia, mas seja o que for, eu cuidarei do meu filho.

O Nosso Estranho Amor ⭕COMPLETO⭕Where stories live. Discover now