PARTE 3 - Capítulo 11

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25 de novembro de 2021

— Sabe que eu não fico procurando significados nessas coisas, mas tenho a sensação de que isso já aconteceu. Digo, num sonho...

— Gabriela! — Num sobressalto, sai da cadeira com o coração acelerado. Eu estava confuso. Olhei para os lados e me dei conta que eu estava em minha cozinha.

— O que foi? — Carlos respirou fundo. Pude notar o espanto em sua face.

— É que eu tive um sonho e... — suspirei.

— Relaxa. — Ele desviou o olhar. — Tenta se acalmar que eu te mantenho informado.

— Não! É sério, tem algo de errado. — Percebi a preocupação em sua expressão. — Eu não estava sonhando agora, mas... — Coloquei as mãos no rosto por um instante. — Tive a sensação de estar perdendo a consciência.

Carlos me olhou atentamente e se aproximou.

— Escuta — Ele baixou a cabeça antes de me encarar novamente. — Eu estou suspeitando que tivemos o mesmo sonho e isso está mexendo com a nossa cabeça.

— Você está se sentindo igual a mim? — Fiquei boquiaberto.

— Não exatamente — ele riu. — Eu ainda tenho o controle emocional.

— Certo. — Me sentei novamente a mesa. — Conte-me o que está acontecendo.

***

Eu estava realmente surpreso com o que havia acabado de ouvir. Carlos vinha tendo o mesmo sonho que eu, porém da sua perspectiva.

— Isso é assustadoramente incrível — falei.

— Sim. Sabemos que fora as partes em que estávamos em lugares diferentes, as cenas em que nos encontramos no meu sonho, são exatamente iguais ao do seu — ele fez uma pausa, pensativo. Sempre com aquela mania.

— Além do mesmo sonho, estamos vivendo o que acontece nele. — Carlos afastou a mão da barba e me fitou, quando falei.

— É melhor eu ir. — Ele se levantou da cadeira, atravessou a sala e abriu a porta.

— Não esquece de me manter informado. — Fiz questão de lembrá-lo, quando o alcancei.

— Se cuida — disse, antes de se retirar.

Eu fiquei ali, em pé no meio da sala, pensando em tudo que ouvi.

***

Eu tentei seguir a minha rotina, mas realmente estava cada vez mais complicado, pois meus pensamentos estavam divididos entre aquela ligação misteriosa e a Gabriela. Minha cabeça parecia estar pronta para explodir, então eu deitei no sofá e as horas passaram sem que eu percebesse; levantei num pulo quando me dei conta que não havia terminado os banners.

Porém, ainda na sala, olhei para os móveis que assim como os outros, estavam velhos: o sofá já não era tão confortável e o seu azul escuro, não era mais reluzente. Minha estante marrom estava igual o armário, repleta de pequenos furos causados pelos cupins; nem a televisão eu sabia se estava funcionando. Caminhei até a estante que ficava alguns passos à frente do sofá e peguei um livro, Laço entre Almas, uma obra que conta a história de um casal unido pelo destino. Eu não sei, mas uma vontade de ler aquele livro estava tomando conta de mim, no entanto, não me encontrava com o humor adequado.

E enquanto eu estava ali, de frente com a minha estante que acomodava alguns livros, eu virei para a esquerda e, por acaso, os meus olhos percorreram a minha cozinha, focando especificamente na mesa. Que sensação é essa? Só pode ser as minhas paranoias. Guardei o livro e resolvi limpar a casa antes de voltar aos banners. Comecei tirando a poeira dos móveis, depois organizei alguns objetos: como um elefante de porcelana, uma miniatura da torre do relógio e os porta-retratos com fotos da família.

Enquanto eu organizava as coisas, pensei em Gabriela novamente. Eu não sei o porquê, mas o meu subconsciente estava tentando me dizer algo, porém... Não pode ser! Como isso é possível? Meus olhos fixaram-se ao pé da mesa quando notei que o relógio do meu avô estava ali. Mas eu o dei para a Gabriela, e... Espera! Não! O que está acontecendo aqui? Eu senti uma forte dor na cabeça e as coisas ao redor giraram, a minha atenção foi para o teto e antes que a escuridão tomasse conta de tudo, vi a luz branca da lâmpada refletir no forro.

Laço Entre Almas: A chamada que nos uniuOnde histórias criam vida. Descubra agora