Capítulo 17

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Gabriela

31 de dezembro de 2021

— Depois que você reencontrou aquele Vinícius, as coisas nunca mais foram as mesmas! — Bruno gritava.

— Não tem nada a ver! — falei mais alto. — Para de ser louco. Eu preciso de um tempo e por isso quero terminar, já não somos os mesmos muito antes disso. — Tentei impedir que as lágrimas caíssem.

Depois que conversei com Vinícius, tomei coragem para dar um basta nesta relação. Independentemente se ficarei sozinha, a verdade é que eu me senti mais feliz num dia com um antigo amigo, do que nesses anos casada com o Bruno. Não tem a ver com o Vinícius, se me sentisse assim com outra pessoa, a minha ficha iria cair a qualquer momento da mesma forma.

— Você continua muito agressivo nas palavras e já ameaçou me bater — suspirei. — Não posso e não irei aceitar isso!

Ele ficou em silencio, apenas desviou o olhar.

— Espero que entenda, do contrário, pelo menos respeite a minha decisão, Bruno.

— Certo, Gabriela. — Ele focou em mim. — Você tem toda a razão e por isso irei respeitar a sua decisão, mesmo sem entender — disse, secando a lágrima que escorreu em seu rosto.

— Obrigado.

— Irei embora agora mesmo, pode ficar com a cas...

— Não! — falei firme. — Eu irei para a casa da minha irmã, já conversei com ela sobre a situação.

Ele esfregou as mãos no rosto e estalou o pescoço.

— Muito bem então, fico contente que tenha quem a apoie.

Depois disso, peguei as minhas coisas e segui para a casa da Sarah, minha irmã.

***

Após chorar nos braços de Sarah e ser aconselhada como em outras ocasiões, ela me convenceu a irmos para a festa de fim de ano, no centro de Parelheiros. Seria melhor do que ficar sofrendo, por isso fomos juntas.

— Eu sei, Sarah. — Revirei os olhos.

— Você sabe, mas estou te lembrando — disse, ajeitando a alça do vestido.

— Fica tranquila, eu vou me divertir sim e se... — De repente, quando chegamos na praça, vi quem eu menos queria encontrar. — Falando no diabo... Vamos para outro lugar antes que ele nos veja! — falei irritada.

— Não deixe que a presença dele estrague a nossa noite — Sarah encostou em meu braço.

O tempo passou e logo nos misturamos com a multidão. Eu não estava tão leve, mas consegui dançar bastante, porém a minha irmã era muito mais enérgica do que eu, ao som de uma eletrônica, ela sacudia o corpo. E neste instante, o avistei...

— Vinícius. — Parei repentinamente.

— Quem? — Sarah olhou para os lados.

— Oi. Que ótimo te encontrar aqui. — Ele se aproximou e nos cumprimentou em seguida. — Mais um pouco eu diria que eram gêmeas.

— Ah, ele. Entendi — Sarah sussurrou e eu a cutuquei para que ficasse quieta.

— Sarah e eu gostamos de usar roupas parecidas. — Minhas palavras saíram tensas, após conferir ao redor.

— Sim, gostamos. Porém, apesar de serem brancos, nossos vestidos tem detalhes diferentes. — Sarah fez pose como se fosse sair em fotos.

Devido à altura da música, falávamos quase que gritando.

— Por isso eu não disse que eram gêmeas — Vinícius retribuiu com aquele sorriso brilhante. — Mas se o seu cabelo fosse até a cintura, as diferenças seriam mínimas.

Minha irmã e eu nos olhamos por um instante e demos risada.

— É. Nós...

— Ora, ora. Vejam só quem está aqui, rodeando a propriedade alheia.

— Ah, não! Bruno, por favor! — Meu coração acelerou.

— O que você quer aqui, seu sem noção? — Sarah se colocou na frente dele. — Ninguém aqui é propriedade sua!

— Seu canalha desgraçado!

Eu não esperava por aquilo. Vinícius partiu para cima dele e o golpeou no rosto, mas na sequência, ele quem foi atingido.

— O que pensa estar fazendo? — Bruno ameaçou golpeá-lo outra vez, mas Sarah fechou o punho e socou a boca dele. As pessoas ao redor pararam de dançar e ficaram nos encarando. — Você é boa de briga, garota — ele riu, após passar o polegar no canto dos lábios. — Isso não vai ficar assim. — Bruno fixou os olhos em mim, esfregando o sangue entre os dedos.

— Não se aproxime dela outra vez! — Vinícius gritou, enquanto Bruno se afastava. — Obrigado — disse à Sarah.

— Se está protegendo a minha irmã, eu o protejo.

— Obrigado gente — falei. — Mas é melhor eu ir embora.

— Espera. Olha, eu... — Vinícius deu um passo em minha direção.

— Vou caminhar por aí, qualquer coisa estou nas redondezas — Sarah sorriu de canto e piscou para mim.

Depois que ela se afastou, ficamos em silencio por um instante, até que Vinícius falou:

— Eu sei que não é o melhor momento, porém...

— Não se preocupe. — Me aproximei. — O Bruno é um...! — suspirei.

— Gabriela, se preferir eu volto em outro momento. — Percebi que Vinícius estava inquieto, pois não parava de mexer nas mãos.

— Fica tranquilo, eu estou bem. E obrigada por me defender. — Segurei em uma das mãos dele. — Me diz, porque parece muito mais nervoso do que eu?

— Bem, é que... — ele respirou fundo. Parecia aflito.

— O que acha de dançarmos um pouco? Eu iria embora, mas se me contar o que está acontecendo, fico um pouco mais.

Vinícius olhou preocupado para os lados, antes de responder:

— Combinado. Mas não se sinta forçada a ficar.

— Se eu precisar de espaço, eu falo. — Soltei lentamente a mão dele.

Caminhamos entre a multidão e fomos para mais próximo de onde tocava a música. Eu estava torcendo para que o Bruno não aparecesse novamente.

Laço Entre Almas: A chamada que nos uniuWhere stories live. Discover now