Laço Entre Almas: A chamada que nos uniu

Capítulo 12

31 de dezembro de 2008

— Ficou bom ou não?

— Ahm? Desculpa, fiquei distraído.

O que aconteceu aqui? Eu estava sentado no sofá da casa dos meus pais, mas isso vai além... Eu estou morando com os meus pais!

— E então, Vinícius?

Atentei-me para Gabriela novamente. Ela estava há alguns passos de distância em minha frente, vestida com um biquíni. Estava magnifica.

— Esse preto com detalhes branco ficou lindo em você — falei, sentido meu coração acelerar.

— Obrigada! — Percebi que o seu rosto estava corado, assim que ela passou em direção ao banheiro.
Aos poucos eu me lembrei. Havíamos saído para comprar algumas coisas para ela, incluído o biquíni que pediu para eu opinar.

— E você vai de shorts mesmo? — gritou do banheiro.

— Sim. O que acha?

— Bom. Ele é bonito e serve para entrar na piscina também.

Gabriela e eu estávamos mais próximos, a amizade estava se desenvolvendo para além da escola. O que me alegrava, já que eu era apaixonado por ela. Temos 16 anos e passamos boa parte do tempo juntos, e hoje não seria diferente, pois iriamos passar o último dia do ano, um ao lado do outro.

— Então, vamos? — Ela saiu do banheiro vestida com um short branco e uma camisa preta que ia até as coxas. Ela gostava dessa combinação.

— Vamos.

Saí e me despedi dos meus pais que estavam sentados num banco em frente de casa, no gramado. Por um momento, senti vontade de abraçá-los, mas parti com isso em mente.

***

Chegamos à chácara da dona Márcia. Ela cobrava um valor para alugar a piscina, que geralmente estava cheia, no entanto, hoje haviam poucas pessoas no local. Então nos preparamos e entramos na água. O clima não estava muito quente, mas foi bom vir aqui do mesmo jeito.

— Vinícius! Meu Deus!

— O que foi? — Olhei preocupado para Gabriela, que estava com os braços em frente dos seios.

— Amarra o meu biquíni pra mim! O nó soltou! — Estava vermelha de vergonha.

Me aproximei segurando o riso.

— Está bom? — perguntei após fazer o laço.

— Não. Aperta mais, por favor. — Ela olhava para os lados preocupada que alguém tivesse notado. — Não quero ficar exposta assim. — Ai! Não exagera também.

— Melhor garantir que não caia novamente — ri ao me afastar.

— Engraçadinho. — Ela fez uma careta ao virar o rosto pra mim.

— Eu vou sentar aqui um pouco. Vamos? — Caminhei pela piscina até a borda, apoiei as mãos na beira e tomei impulso para pular.

— Todo mundo nadando e a gente andando no raso. — Gabriela seguiu-me. — Eu não vou conseguir subir que nem você. Vou pela escada.

— Eu te ajudo, boba. — Entrei na água novamente.

— Melhor não. — Desviou o olhar.

— Vai. Fica de costas para a beira, aí eu seguro em sua cintura para ajudar quando você pular. — Estendi as mãos, me aproximando dela. — Confia em mim.

— Está bem. Se eu cair você vai apanhar em.

Eu pude sentir ela respirar fundo quando toquei em seu corpo. Era a segunda vez que nos aproximávamos estando com pouca roupa, isso era estranho, mas não havia malícia da minha parte e acredito que nem da dela. Então a segurei pela cintura; ela curvou um pouco os joelhos e tomou impulso, quando pulou eu a ergui para que conseguisse sentar na beira da piscina.

Nossos olhos se encontraram e outra vez ela corou, neste instante, senti que ocorria o mesmo comigo. Pulei e sentei ao seu lado.

— Viu só — sorri, enquanto a encarava. Ela não me respondeu. Foi então que notei que seus olhos estavam focados em mim. — Ei! Eu já sou magro, se ficar me olhando assim vou me sentir mal.

— Besta. Eu estava... — ela engoliu em seco. — Eu estava refletindo sobre a vida.

— No que exatamente?

Gabriela ficou em silêncio por um instante, depois tomou fôlego e disse:

— Vou ser bem sincera. Eu estava pensando em nós dois.

— Como assim? — Meu coração acelerou. Não consegui evitar que minhas mãos ficassem trêmulas.

— A gente tem estado bem próximos. Você tem sido uma excelente companhia, me motivando e aconselhando — ela matinha a atenção em mim. Seus olhos estavam brilhando, transmitia tranquilidade e confiança.

— Você também tem sido bastante especial para mim, Gabriela — inspirei ao falar.

— Sabe, Vinícius... — Ela olhou para o lado. — Eu...

— Eii! — Senti duas mãozinhas em minhas costas, antes de cair na água.

— Você está bem? — Gabriela ria sem parar.

— Mas que...! — exclamei ao ver a criança que havia me empurrado, correndo para longe.

— Adorei aquela garotinha. — Gabriela levou a mão a boca, tentando conter o riso. — Desculpa. Sério, foi engraçado — disse, pulando na água. — Vamos ficar por aqui mesmo. — Ela se aproximou, toda reluzente. Era assim que eu a via.

As horas passaram e ainda estávamos na água, em alguns momentos fomos beber e comer algo. Também conhecemos algumas pessoas e brincamos com as crianças ao redor, até mesmo com a garotinha que havia me empurrado. E num desses momentos dentro da piscina, Gabriela e eu nadávamos atrás das crianças e quando a última se afastou, nossos olhos se encontraram outra vez, porém foi diferente. Não sei dizer o que era exatamente, mas a sua expressão, seus gestos, correspondiam aos meus desejos.

Seus olhos passearam rapidamente por mim, antes de voltarem ao encontro dos meus. Em seguida sua mão direita estendeu-se e tocou o meu braço, descendo suavemente até que os nossos dedos se entrelaçassem; eu permaneci imóvel, tentando conter o tremor que aumentava. O frio correu pelo meu corpo e provavelmente a água facilitou essa sensação tão boa, a qual fazia estremecer o meu eu interior. O mundo dentro de mim estava fervendo, pronto para entrar em erupção assim que os nossos lábios se encontrassem.

— Eu não terminei de falar o que estava contando, mas... — Ela aproximou-se lentamente, enquanto segurava a minha mão.

— Então abra o seu coração e permita que eu compreenda o seu mundo — falei. Observando o instante em que ela sorriu de canto.

Então tomei coragem e aproximei o meu rosto ao dela, no mesmo instante em que levantei a mão esquerda e toquei em sua cintura. O tempo parecia ter parado. O silêncio reinou e aquele momento tão esperado, finalmente se tornaria realidade.

...