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A minha mãe teve uma recuperação bastante positiva e uns dias mais tarde voltou para casa com o meu pai.

Sem dúvida tinha apanhado o maior susto da minha vida, mas estava eternamente grata por ter quem me pudesse ajudar numa altura destas e a minha gratidão era o único motivo pelo qual neste momento estava enfiada num avião a caminho do Alaska.

"Estás bem?" Perguntou ele, pegando na minha mão.

"Não sou muito fã de aviões." Admiti.

"Podíamos ter ido de carro se me tivesses dito."

"E fazer quase três dias de viagem em vez de três horas?"

"Não me importava."

"Não hei de perder o medo se continuar a fugir dele."

Pouco tempo depois adormeci e só voltei a acordar quando o avião aterrou.

A viagem de carro até à pousada foi mais rápida do que esperava e eu só pensava em como gostaria de ter tido mais tempo para me preparar para conhecer a família dele.

"Nervosa?" Perguntou ele tirando as nossas malas da bagageira.

"Nervosa é um eufemismo para o que estou a sentir."

"Eles vão te adorar." Infelizmente nem aquela afirmação foi capaz de me tranquilizar.

"Não temos que fazer o check-in?" Perguntei assim que passámos pela receção em direção ao elevador.

"Esqueci-me de referir que esta pousada pertence à minha família." Arregalei os olhos em surpresa, mas honestamente nem devia estar admirada.

"Tu não te esqueceste, não me quiseste dizer simplesmente."

"Não é relevante." Respondeu ele carregando no botão que indicava o piso quatro.

"Vamos ficar no mesmo quarto?" Perguntei assim que entrámos para dentro de uma suite bem equipada.

"Como é que é suposto mantermos a fachada de seres minha namorada se ficássemos em quartos separados?" Nem sequer tinha pensado em toda a razão de eu na verdade estar aqui.

"Onde é que eles estão?"

"No salão principal do piso um, já lá vamos ter." Assenti e puxei a minha mala até ao quarto principal que retirou todo o ar dos meus pulmões. Este quarto era capaz de ser maior que a minha casa toda junta.

Depois de trocar de roupa e ir à casa de banho passar a cara por água finalmente descemos.

"Eu precisava de ver com os meus próprios olhos para acreditar que ias trazer alguém." Disse uma mulher uns dez centímetros mais baixa que eu e com um cabelo loiro curto.

Rapidamente percebi que o Logan puxava os traços da mãe e a irmã dele era claramente parecida ao pai. Era inegável a beleza que ambos possuíam, apesar das diferenças e era quase intimidante estar na mesma sala que os dois.

"És tão linda, o que viste no meu irmão?" Perguntou ela, aproximando-se de mim com uma energia do outro mundo.

"Ashley já chega de atacar a nossa convidada. Bem vinda Sophia, sou a Martha." Interrompeu uma mulher que deduzo que seja a mãe dele e não sei quantos anos ela tinha mas estava tão bem preservada que era capaz de lhe dar quarenta e cinco anos.

"É um prazer finalmente conhecer-vos, a vossa pousada é linda!" Disse controlando os nervos que estava a sentir.

"Eu já tinha perdido a esperança que o meu filho nos fosse apresentar alguém, não imaginas a minha felicidade." Disse o pai dele.

"Vocês falam de mim como se fosse uma pessoa desprezável incapaz de estar num relacionamento." Não consegui evitar soltar uma gargalhada.

"Não és desprezável, mas és uma espécie complicada de se lidar maninho." Respondeu a Ashley e eu só consegui concordar.

Foi só naquela altura que reparei numa outra presença. Não sabia que eram três irmãos e nunca diria, porque não podiam ser mais diferentes uns dos outros.

"Este é o Christian." Disse finamente a Ashley.

"Não sabia que eram três irmãos." Admiti e o Logan soltou uma gargalhada abafada.

"Deus me livre de ser irmão dele, já me basta como cunhado." De facto fazia mais sentido.

"Como se fosse mais complicado aturar-me a mim que a ti." Respondeu o Christian num tom sem emoção.

"Por favor não arruinem este fim de semana com a vossa energia masculina tóxica." Disse a Ashley revirando os olhos.

"O jantar será servido daqui a duas horas, Logan porque não levas a Sophia a conhecer o espaço?" Perguntou a mãe dele com um sorriso enorme.

"Acho que depois de uma longa viagem de três horas a Sophia precisa de um intervalo do Logan, eu levo-a."

"Ashley." Interveio o Logan quase numa ameaça.

"Eu não a vou raptar, acalma-te."

"Ela tem razão, preciso de distância de ti." Estava claramente a tentar pica-lo e acho que resultou porque no segundo a seguir ele puxou-ne para perto dele e sussurrou tão baixo que só eu pude ouvir.

"Quero te ver mais logo a implorar por distância quando estivermos sozinhos no quarto." Sinceramente não sei o que me chocou mais, se aquela promessa implícita ou o facto de o ter dito com a família à nossa volta.

Olhei para ele sem saber o que responder e sabia perfeitamente que estava cinco tonalidades acima do meu tom. Ele apenas me deu um beijo demorado na bochecha após lançar um sorriso presunçoso.

Cirurgião CollinsWhere stories live. Discover now