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Assim que voltámos para o quarto, a primeira coisa que ele fez foi pegar num lençol e numa almofada e saiu porta fora.

Sem nada dizer, segui-o até à sala onde ele se encontrava a esticar o lençol no sofá.

"Não tens que dormir no sofá, a cama tem espaço suficiente para os dois."

"A cama podia ter cem metros de largura e mesmo assim não seria o suficiente."

"Suficiente para quê?"

"Para manter as minhas mãos longe de ti." Engoli em seco com a admissão e sinceramente não sabia como responder.

"Somos dois adultos e sabemos-nos controlar."

"Fala por ti, Sophia." Podia sentir um toque de acidez no seu tom.

"Então agora qual é o plano? Evitares-me?"

"Qual é o propósito de estarmos a ter esta conversa se há umas horas atrás dizias-me que não devíamos arriscar mais?"

"Nada impede de criarmos uma amizade." Senti-me automaticamente estúpida após aquelas palavras me terem saído da boca.

"Amizade?" Atirou ele, aproximando-se de mim em duas longas passadas.

"Tu achas que é possível sermos amigos?" Podia sentir o seu hálito quente contra o meu rosto e estremeci em resposta.

"Porque não?"

"Isto aqui que tu sentes, é o motivo pelo qual não podemos ser só amigos." Sussurrou ele passando a mão direita por baixo da minha sweat e entrando em contacto com o meu abdómen.

Bastou aquele toque para me desfazer por completo. Eu não conseguia resistir, era inegável.

"Vai para o quarto e tranca a porta." Comandou ele, afastando-se em seguida.

Eu não sabia no que estava a pensar, mas no minuto a seguir fui de encontro a ele, envolvi os meus braços em redor do seu pescoço e beijei-o ferozmente.

Um calor imensurável subiu através de mim e meus olhos fecharam no momento em que as nossas línguas colidiram num beijo obsessivo, mas lento.

Senti um gemido no fundo da sua garganta e era como se estivesse a fazer sexo comigo através do beijo.

A sua mão segurou a parte de trás da minha cabeça para que eu não me pudesse mover, não que eu quisesse.

Em seguida as suas mãos desceram pelas minhas costas, indo por fim de encontro ás minhas nádegas onde me deu um bom e forte aperto.

Naquele momento, ele quebrou abruptamente o beijo e encarou-me com alguma confusão nos seus olhos, ou talvez fosse dúvida, não conseguia distinguir a emoção.

"Vai dormir, amanhã temos que acordar cedo." Disse ele uns segundos depois e fui automaticamente atingida com frustração.

Sem nada dizer virei-me e entrei no quarto, fechando a porta em seguida.

Sinceramente não sabia como descrever a nossa relação neste momento. A atração é sem dúvida inegável, mas não quero dar continuidade a isto e pôr em risco a minha carreira.

Adormeci com a cabeça ás voltas e na manhã seguinte acordei mais tarde do que era suposto.

Quando saí da suite, ele não se encontrava na sala e suspirei em alívio. Não estava com muita vontade de o enfrentar, portanto se pudesse evitar qualquer tipo de diálogo com ele, assim o faria.

Aproveitei para arrumar as minhas roupas na pequena mala de viagem e não podia negar a tristeza que sentia em ter que voltar à realidade. Pensar que esta foi a primeira e última vez que iria passar um fim de semana nesta pousada, deixa-me de coração partido.

Após tudo arrumado, encaminhei-me para o piso inferior em busca de tomar um bom pequeno almoço.

"Estava-me a perguntar onde estavas." Disse a Rachel assim que me avistou no refeitório.

"Deixei-me adormecer."

"Viste o meu irmão?" Perguntou ela pondo uma variedade de frutas no seu prato.

"Não sei dele desde ontem."

"Está tudo bem entre vocês?" Não sabia como é que era possível ela ser tão intuitiva e perceber que algo estava errado através de uma simples resposta minha.

"Se queres que te seja sincera, não sei." Não havia outra forma de lhe responder, porque como é que é suposto dizer a alguém que a minha relação falsa com o meu supervisor tinha chegado a um fim.

"O Logan tem um feitio complicado, mas não desistas dele. Neste curto espaço de tempo consegui ver o quão bem lhe fazes." Engoli em seco e nem tinha resposta possível para lhe dar, recusava-me a ter que continuar esta mentira.

Uma hora depois já estávamos no aeroporto e foi mais difícil do que pensei despedir-me da família dele. Foram tão acolhedores comigo que eu só tinha vontade de passar mais tempo com eles.

A viagem inteira foi feita sem ele ou eu iniciarmos uma conversa e honestamente era melhor assim, a situação já era complicada o suficiente.

"Precisas de boleia para casa?" Perguntou ele assim que chegámos a Seattle.

"Posso chamar um uber, não te preocupes."

"Não vais gastar dinheiro com uber quando eu estou aqui disponível para te levar a casa."

"Acho melhor mantermos a distância e voltarmos exatamente àquilo que éramos nos primeiros dias."

"Até amanhã então." Respondeu ele num tom quase inaudível.

"Estás me a dizer que foste passar um fim de semana no Alaska com o teu chefe de departamento, partilharam o mesmo quarto e não tiveram sexo?" Perguntava a Avery por facetime, após eu chegar a casa e atirar-me para a cama.

"Nós nem dormimos juntos."

"Mas partilharam o mesmo espaço!!"

"Mas é só nisso que pensas? Sexo?"

"Estou a pensar no teu bem estar..."

"Estás a pensar como uma adolescente com as hormonas aos saltos."

"Tu és tão complicada."

"O meu objetivo é terminar este estágio e passar a efetiva, não quero que nada arruine os meus planos."

"Isto não tem que arruinar nada se souberes ser discreta."

"Avery, chega. Esta conversa acabou aqui."

"És tão chata, nem sei como somos amigas."

"Somos amigas porque precisas de alguém que te meta juízo na cabeça."

"Para isso tenho a minha mãe."

"E mesmo assim não é suficiente."

Na manhã seguinte acordei com uma dor de cabeça que só me dava vontade de ficar na cama o resto do dia, mas obriguei-me a levantar e preparar-me para o trabalho.

"Estás com um ar de merda." Disse o Mike quando entrei no refeitório não deixando escapar o estado deplorável em que me encontrava.

"Bom dia para ti também." Respondi servindo uma boa caneca de café.

"Pensei que este fim de semana de folga tivesse sido revitalizador para todos nós."

"Foi um fim de semana estranho para mim."

"Porquê?"

"Mesmo que te quisesse contar, não me apetece."

"Magoas-me os sentimentos, Sophia."

"Não sejas um bebé chorão."

Assim que me sentei, o meu olhar fixou-se no Logan que se encontrava umas mesas à frente da minha.

Ficámos um longo tempo a encarar-nos e era como se não tivéssemos mais ninguém à nossa volta. Naquele momento percebi que tinha subestimado a minha capacidade de ignorar a sua presença.

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⏰ Last updated: Sep 17, 2023 ⏰

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Cirurgião CollinsWhere stories live. Discover now