𝟘𝟞 ⇝ 𝕊𝕨𝕠𝕣𝕟 𝕊𝕨𝕠𝕣𝕕

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O corpo dela dança enquanto o vento balança as cortinas pretas que estão em suas costas, dando um contraste único para sua pele pálida. Estou deitada na cama vendo Allysa, comendo algumas uvas que ela trouxe quando se esgueirou para dentro do meu quarto, sem querer, claro.

- Princesa? - Uma voz atrás da porta, a de uma de minhas aias.

- Eu mandei não me incomodar!

Allysa se assusta e pula na cama, se escondendo debaixo das cobertas.

- O rei ordenou que você fosse com a comitiva real para o torneio! - Ela diz mais alto.

- Eu vou socar aquela coroa na bunda real dele. - Murmuro para Allysa, que ri envergonhada. - Já estou indo!

Me levanto e busco algum vestido para vestir, Allysa acaba por escolher por mim. As cores do escolhido são azul e roxo, trabalhados com tecidos leves, e pedras pratas por toda sua extensão. Penteio meu cabelo, e coloco uma mecha do mesmo para frente.

A Stark sai do meu quarto como se estivesse apenas me visitando, e eu espero alguns minutos para sair, já pronta para ir ao torneio. Mas uma pessoa aparece na porta do quarto e me surpreende. Seus cabelos são castanhos claros, os olhos azuis esverdeados e ele veste uma armadura clássica dos nortenhos, preta com detalhes prateados, mas em seu peito não há um lobo Stark, ali há um sol branco.

- Sir Karstark. - Meu escudo juramentado.

- Princesa Visenya, venho para te acompanhar até o torneio. - Ele faz uma reverência.

- Ah, sim. Então vamos logo.

Começo a andar em sua frente, pensando em como foi constrangedor todo esse encontro, afinal, nós não somos próximos. Às vezes eu esqueço que ele existe, admito. Nunca tive ninguém que me protegesse, pelo menos não com uma espada e um escudo.

- Minha princesa, - Ele diz e eu me viro, junto as minhas mãos e sorrio meio torto. - Eu trouxe algo da minha casa para a senhora.

Ele tira algo de traz da capa, algo com pelagens cinzas que parecem ser de algum lobo. Karstark me entrega e eu estico a pele, descobrindo um lindo xaile.

- É lindo, sir. - Coloco em volta de meu pescoço, e ajeito meus cabelos. - Usarei com honra.

- Se me permite, princesa, eu queria saber o motivo de...

- De o quê? - Penso que ele vai me perguntar sobre Allysa, ou até mesmo de qualquer outra coisa relacionada à dragões, pois os outros não entendem como é montar um e ficam perguntando.

- Queria saber o porquê de a senhora nunca ter perguntado meu primeiro nome.

Meu queixo cai antes mesmo de eu conseguir raciocinar. Tenho ele há muito tempo mas nunca me preocupei com isso, porque não me importava realmente com ele. Mas por que então eu fiquei mal com essa pergunta?

Penso nas aulas de história das casas de Westeros de quando eu tinha 10 anos, a septã me dizia tudo sobre o Norte mas eu não me lembro de quase nada dos Karstark. Sei que eles são uma ramificação dos Stark... Allysa. Allysa já o chamou pelo primeiro nome, já que eles são primos. Me lembro de seus lábios murmurando...

- Porque, Karlon, não me preocupo com os nomes das pessoas, e sim o que elas fazem, qual legado deixam. - Eu respiro fundo pensando em que esse é o nome dele. - Você é leal à mim, me juramentou sua espada, e isso que importa. Certo?

Ele acena positivo e volto a andar, ainda esperando que ele diga alguma coisa, ou negue que seu nome é Karlon. Penso também no que disse, e como foi falso. Não ligo para legados, não ligo para o que as pessoas fazem, apenas ligo para o fato de que as ações das pessoas têm alguma influência sobre mim.

Finalmente, chegamos à entrada da Fortaleza Vermelha, onde toda a corte espera. O céu está claro, e o sol me faz fechar os olhos por um segundo. Quando os abro, fico feliz em ver Rhaenys e seus filhos indo para uma carruagem, seguidos por Corlys. Sigo para lá, mas no meio do caminho, escuto a irritante voz de Viserys.

- Prima! Fico feliz que tenha vindo para o torneio.

Forço um sorriso, paro em sua frente e olho para Rhaenyra, quem está entrando na carruagem com as bandeiras Targaryen. Atrás dela, como sempre, Alicent Hightower se esgueira graciosamente para dentro.

- Onde está Aemma? - Pergunto olhando para os lados, a procurando.

- A Rainha Aemma está com dores, indisposta. Entrando em trabalho de parto. - Ele bate palmas e olha para a carruagem, dizendo: - Você poderia ir conosco, para o Torneio. Se sente ao lado de Rhaenyra e Ali...

Ele mal termina de falar e eu me viro, ignorando o resto da frase e seu pedido educado. Passo por Rhaenys, e entro na carruagem dos Velaryon. Espero ali alguns segundos, até que Laena e Laenor entram, seguidos pela sua mãe.

- Corlys? - Pergunto desinteressada.

- Vai na carruagem de Lorde Baratheon, nosso querido e burro primo. - Ela murmura, mexendo no vestido azul claro. - Sir Karstark chegou com você, são próximos?

- Ele é meu escudo juramentado, Rhaenys, você sabe disso. - Ela estava tentando puxar algum assunto comigo, e devolvo na mesma moeda. - Deveríamos levar Laena para o Fosso, ver se ela consegue algum laço com algum dragão. Dreamfyre, Silverwing, ou até mesmo Vermithor.

- Vermithor não está aqui, está em Pedra do Dragão com os outros dragões selvagens. Mas ela não aceitou o meu pedido, não é, querida?

- Não quero eles. - Minha sobrinha murmura. - Tenho outros planos.

- Tomara que não tenha nada haver com Mercury, pois eu não vou largar a minha dragão tão facilmente. - Brinco com ela.

- Quero algo mais verde.

...

Bato palmas quando os primeiros competidores entram, um representando a casa Lannister, e a outra bandeira era dos Belmore, do Vale. Vermelho e dourado contra o roxo e prateado, leão contra os sinos. É uma grande competição, levando em conta que é uma grande casa e a outra é a principal vassala dos Arryn.

O vinho que estou bebendo desce rasgando minha garganta, queimando cada centímetro da mesma, e agradeço Corlys com um aceno de cabeça. Isso aqui é o melhor vinho que meu cunhado já trouxe para mim em anos. Me sento atrás de Laena, ao lado de minha irmã, e escuto o casal Velaryon comentar sobre como o filho mais novo dos Belmore, o cavaleiro na nossa frente, tem 7 bastardos.

- Legitimados? - Rhaenys pergunta.

- Ele os leva para cima e para baixo, mas com certeza não carregam o seu sobrenome. São filhos de 4 mães diferentes, e duas delas são irmãs... - Corlys complementa.

Viserys chama a atenção de todos para si, dizendo as honrarias que um lorde que organizou o torneio tem que falar, e que Aemma estava em trabalho de parto. Olho para as pessoas gritando, muitas delas são lordes, mas há uma maioria que vem da cidade que não entende nada de política e está aqui para ver sangue.

Eu, ao contrário, sei que está em jogo mais do que o título de ganhador. Honra, conflitos pessoais, desconfianças, e o pior de todos: poder. Pequenos lordes podem conseguir um pouco mais de poder se seu filho ganhar a competição ao nome do filho do rei, o qual ainda nem nasceu e já decide muita coisa.

- Sir Rowan Belmore, do Vale! - O Cavaleiro acena com a lança para o homem que grita seu nome. - E Sir Brett Lannister, de Casterly Rock!

Ele é o irmão caçula dos gemêos Lannister, reconheço. Seu cavalo branco começa a andar para próximo de onde estou, com toda a alta corte. Brett deve pedir alguma prenda, talvez de sua prima que é uma Lannister, mas de Lannisporto.

- Meu rei, peço a prenda da Princesa Visenya Targaryen, A Montadora da Rainha Azul.

Por que ele pediria a minha? Nunca ninguém pediu a minha prenda antes! Todos olham para mim, eu pego o pequeno círculo de flores vermelhas. Ando até a cerca de madeira, vejo sua lança erguida para cima, coloco ali minha prenda, e finalmente vejo seu rosto.

Brett Lannister é o garoto loiro que eu beijei ontem à noite para causar ciúmes em Daemon.

ROGUE - Daemon TargaryenWhere stories live. Discover now