𝟚𝟡 - 𝕄𝕖𝕣𝕔𝕦𝕣𝕪

1.6K 151 35
                                    

Escuto um rugido, muito mais forte do que qualquer outra coisa que eu já tenha escutado. Esse é o som da Morte? Talvez, para os Targaryen, um dragão nos levasse para o céu. Mas não, esse rugido, eu conheço. Mercury.

Abro meus olhos e tudo que vejo é uma luz, a luz de um sol diretamente em meu rosto. Ergo minha mão para tampar, e funciona, então consigo ver. O teto tinha desmoronado na metade do quarto. Parada, me olhando, estava minha dragão azul.

- Leve os bebês para fora daqui! - Rhaenys ordena às servas.

Olho para o lado e vejo minha irmã nos braços do Corlys, ela estava com o braço machucado. Na frente de todos, entre a cama que estou e Mercury, Daemon estava com a espada na mão. Ele iria tentar matá-la? Que homem idiota.

- Daemon, não. - Eu tento gritar, mas minha voz quase não sai.

- Fica deitada. - Ele ordena, nem olhando para trás.

Sua mão fica firme da espada, Mercury se aproxima dele, rosnando e com seu olho tão próximo. Não, por favor, eu preciso dela.

Tento ficar sentada, mas minhas costas doem, e eu acabo caindo. Lágrimas brotam nos meus olhos, sinto meu corpo ficar dormente. Não.

Me forço a ficar em pé, seguro no colchão e ando, ignorando Rhaenys me chamar, e toco Daemon no ombro. Ele parece ficar menos rígido, mas eu sei que sua vontade de matar Mercury é maior, porque se fosse ao contrário, eu sei que mataria Caraxes por causa da raiva.

Passo por ele, não querendo olhar em seu rosto, e Mercury para de rosnar. Ela olha para mim, relaxando, solta um grunhido e eu toco suas escamas. Como se fosse a primeira vez.

Seus chifres estão maiores ou é impressão minha? O azul está mais brilhante, por causa do sol ou porque nos meus sonhos, ela era sempre uma sombra distante?

- Shh.... - Faço o barulho com a boca e ando passando a mão em seu pescoço.

Eu abraço a dragão, e ela me envolve em suas asas, totalmente calma e quente. Ela solta um grunhido fino, sei o que significa. É uma despedida.

Caio em seu pé, escuto Daemon gritar meu nome mas Mercury abre a boca, não o deixará chegar perto de mim. Quero me despedir, mas tudo que sinto é calor.

Olho para baixo e vejo o sangue jorrar, se misturando com o azul de Mercury. Fogo e Sangue. Escoro minha cabeça nela, e começo a cantar uma música valiriana. Choro, mas tento manter minha voz calma. O formigamento piora, sinto dor, meus olhos já não se abrem.

- Eu te amo. - Escuto a voz de Daemon, as palavras valirianas me acertam com tudo.

Escuto a voz de Daemon cantando, as mesmas palavras que eu. Aprendemos essa canção quando éramos crianças, ainda tão inocentes... espero que ele as ensine para nossos três dragões.

ROGUE - Daemon TargaryenWhere stories live. Discover now