Capítulo 14

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Por Maury

Eu e o Thomas estávamos juntos há dois anos e resolvemos fazer uma viagem para apimentar nossa relação, pois depois do que sua madrasta havia feito, eu estava precisando passar um tempo a sós com meu esposo. O Fernando iria ficar bem por um final de semana, já que eu e Thomas iríamos para a casa de campo que ele havia comprado para nós no ano passado.

- Filho, não se esqueça de tomar seus remédios, tudo bem? - falei para o meu filho, enquanto colocava as malas no carro.

- Pai, eu vou ficar bem, eu prometo. Se quiser me ligar pra saber como eu estou, pode ligar - ele respondeu, rindo. Como ele estava fazendo o tratamento direitinho, não estava mais passando mal como antes. Os remédios também ajudavam, porque eles faziam o melhor para a saúde do Fernando.

- Amor, deixa o Fernando respirar um pouco. Você protege ele muito de tudo. Ele tem dezesseis anos e já sabe se cuidar. Qualquer coisa, nossos vizinhos entram em contato com a gente - Thomas me repreendeu por estar prezando pelo meu filho.

- Preocupação de pai nunca é demais, Thomas - respondi, puxando meu filho para um forte abraço. - Meu filho, eu e o Thomas vamos ficar só durante esse fim de semana fora, não faça nada perigoso ou que você possa se arrepender depois.

- Deixa de bobeira, Maury. Fernando, pode ficar tranquilo, eu vou me certificar se seu pai não vai ficar te ligando direto - o Thomas estava realmente querendo ter um fim de semana só comigo, pra falar dessa forma com meu filho.

- Amor, eu não preciso de babá - respondi, entrando no carro, depois de dar um último abraço no Fernando.

- Parece que sim. Seu filho vai ficar bem, querido - respondeu meu marido, olhando sério pra mim, me dando um beijo no rosto em seguida.

- Bom fim de semana para vocês - meu filho se despediu de nós enquanto eu colocava Boulevard of Broken Dreams do Green Day para tocar.

Caminho por uma estrada solitária
A única que já conheci
Não sei para onde vai
Mas é um lar para mim, e eu caminho sozinho

Caminho por essa rua vazia
Na avenida dos sonhos despedaçados
Onde a cidade dorme
E sou o único, e eu caminho sozinho

Eu caminho sozinho, eu caminho sozinho
Eu caminho sozinho, eu caminho so-

Minha sombra é a única que caminha ao meu lado
Meu coração superficial é a única coisa que está batendo
Às vezes eu queria que alguém lá fora me encontrasse
Até lá, eu caminho sozinho

Ah, ah, ah, ah
Ah, ah, ah

Estou caminhando na linha
Que me divide em algum lugar da minha mente
Na linha da fronteira
Da borda e onde eu caminho sozinho

Leio nas entrelinhas
O que está arruinado, e está tudo bem
Checo meus sinais vitais
Para saber que ainda estou vivo, e eu caminho sozinho

Eu caminho sozinho, eu caminho sozinho
Eu caminho sozinho, eu caminho so-

Minha sombra é a única que caminha ao meu lado
Meu coração superficial é a única coisa que está batendo
Às vezes eu queria que alguém lá fora me encontrasse
Até lá, eu caminho sozinho

Ah, ah, ah, ah
Ah, ah, eu caminho sozinho, eu caminho so-

Caminho por essa rua vazia
Na avenida dos sonhos despedaçados
Onde a cidade dorme
E sou o único, e eu caminho so-

Minha sombra é a única que caminha ao meu lado
Meu coração superficial é a única coisa que está batendo
Às vezes eu queria que alguém lá fora me encontrasse
Até lá, eu caminho sozinho

- Amor, essa música é linda, né? - falei, depois que acabou a música e estacionamos em frente a uma lanchonete.

- Sim. Amor, espera aqui no carro que eu vou comprar algo pra gente comer - ele disse, saindo do carro e entrando na lanchonete.

Enquanto ele foi comprar algo pra gente comer, fiquei pensando em tudo o que aconteceu comigo nesses últimos anos: a minha separação da Katherine, a partida do meu filho para a Europa, meu casamento com o Thomas e a volta do meu filho. Tudo está acontecendo tão rápido que não sei se terei tempo suficiente pra passar com meus entes queridos. Eu tenho que contar que estou doente para o Thomas e para o Fernando, pois eles são as pessoas mais importantes da minha vida.

- Vamos? - ouvi a voz do Thomas e voltei para a realidade. Ele já havia comprado hambúrgueres para comermos durante a viagem. Ele dirigiria por um tempo enquanto eu comia, depois seria minha vez de dirigir para ele comer.

- Vamos - respondi, um pouco triste.

- Você ainda tá triste por ter deixado o Fernando sozinho?

- Não é isso. É que eu tenho algo pra te contar, mas não quero estragar nosso fim de semana - respondi, com medo do que eu poderia dizer.

- Sabe que pode me contar tudo, Maury, somos casados - respondeu ele e eu assenti. Sempre dividimos tudo um com o outro. Mas isso eu não teria coragem de contar, principalmente porque o meu filho também está doente e eu tenho que seja por minha culpa.

- Fernando está doente por minha culpa, Thomas - falei e ele me olhou sem entender.

- Como assim é culpa sua?

- Me perdoa por não ter te contando antes, mas eu descobri que tenho leucemia - soltei e ele olhou pra mim chocado.

- Há quanto tempo você sabe?

- Eu não queria...

- Há quanto tempo você sabe, porra?

- Há um mês - respondi, assustado com a atitude dele.

- Um mês? Por que você nunca contou isso pra mim, Maury?

- Amor, me perdoe. Eu tive medo de te contar e você ficar com pena de mim, porque meu filho também tem a mesma doença que eu - respondi e ele me puxou pra um abraço.

- Maury, sabe que eu te amo, não sabe? Eu nunca iria sentir pena de você por você estar com leucemia. Eu sou diferente do meu pai, que veria nessa sua doença uma forma de ganhar dinheiro - ele me deu um selinho e eu sorri pela primeira vez depois de ter contado a ele que estava com leucemia.

- Vamos para casa, Thomas - eu pedi e ele deu meia volta, me levando de volta para casa.

Eu iria revelar esse segredo para o meu filho e juntos iríamos passar por isso juntos.

Em Família (Romance Gay)Where stories live. Discover now