Capítulo 16

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Por Maury

A revelação de que eu também tinha leucemia me aproximou ainda mais do Fernando. A gente estava ficando cada dia mais próximo devido a ele estar passando uns tempos comigo e com o Thomas, mas nossa relação ficou mais forte ainda depois da revelação.

— Pai, obrigado por ser esse pai amor e carinhoso que você é. Sem o seu apoio eu não sei se conseguiria passar por tudo isso — agradeceu Fernando, dois dias depois da revelação de que eu também estava com leucemia.

— Obrigado, meu filho. Sei que sua mãe não saberia como lidar com essa situação — respondi, dando um abraço nele. A Katherine era uma péssima mãe. Além de ser uma mulher egoísta, ainda era fútil, só pensava em se dar bem nas custas dos outros. Acabou que ela mesma foi vítima de um homem que abusou dela e tentou estuprar o meu filho.

— Maury, eu vou até o aeroporto buscar o Alex, tudo bem? — pergunta Thomas, que tinha acabado de tomar café para ir trabalhar.

— Eu também quero ir — começou Fernando, se levantando da cama.

— Não, filho. Não precisa ir. O Alex trouxe uma surpresa pra você — respondi, olhando nos olhos dele.

— Mas, pai, hoje é nosso segundo mês juntos e eu quero comemorar com ele — meu filho ficou chateado.

— Filho, olha pra mim — puxei o rosto dele para cima e olhei bem no fundo dos olhos dele. — O Alex praparou uma surpresa para vocês dois, por isso que eu não quero que você vá, pois ele faz questão de vir aqui em casa primeiro, entendeu?

— Um pouco, pai. Mas que essa história está estranha, isso está — ele respondeu, se levantando da cama e indo ao banheiro do quarto dele.

Por Fernando

— Filho, eu vou deixar você á vontade e depois eu volto, tá bem? — meu pai saiu e eu fiquei sozinho, pensando no Alex.

I'm beatiful in my way
Cause God makes no mistakes
I'm on The right Tracks, baby
I was born this way

Meu celular toca com a música Born This Way, da Lady Gaga e eu atendo ao ver o nome do Alex.

— Oi, amor — ele disse, com a voz animada.

— Oi, Alex — respondi, um pouco chateado com ele.

Tá chateado comigo? — perguntou ele.

— Um pouco. Você sabe que eu não gosto de surpresas, Alex. Espero que essa seja a última vez que você faça uma surpresa pra mim, entendeu?  — respondi, deixando bem claro sobre eu não gostar de surpresas.

Tá bem, Fernando. Eu só vou dizer que você vai gostar dessa surpresa que preparei pra você, meu amor — ele respondeu, me deixando curioso sobre que tipo de surpresa era a que ele estava preparando pra mim.

Me despeço dele e fico esperando meu pai voltar para ficar comigo enquanto aguardo receber a alta do médico para poder ir pra casa. Como o tiro foi de raspão no meu braço, vou usar uma tipóia por alguns dias até meu braço melhorar. Meu pai volta e ficamos conversando sobre nosso relacionamento e ele fica feliz quando eu digo que ele está sendo um pai maravilhoso.

— Filho, isso é muito importante pra mim, você sabe disso. Desde que sua mãe tirou você de mim que eu não conseguia ter uma noite de sono bem dormida. Eu sempre pensava em você , todos os dias. Essa doença não vai nos vencer, nós que vamos derrubar ela e seguir em frente — meu pai ficou emocionado, me dando um abraço de leve, pois eu ainda sentia dor no local do tiro.

— Maury, sua ex está te ligando — Thomás entrou no quarto com o celular do meu pai nas mãos. Pelo jeito a situação da minha mãe não era das melhores, já que ela ainda estava na Europa.

— Fala, Katherine — meu pai falou ao telefone, assim que pegou das mãos de Thomás.

Maury, eu estou querendo voltar para o Brasil, você pode me arrumar uma grana pra eu poder comprar minha passagem? — meu pai colocou no viva voz pra todos nós podermos ouvir o que minha mãe queria.

— De quanto você precisa, Katherine? — pergunta meu pai, preocupado.

De uns quinhentos dólares — ela respondeu e meu pai ficou sério.

— Eu não tenho esse dinheiro, Katherine. Vou ver se o Thomás me arruma e eu te faço um pix, tudo bem?

Obrigada, Maury. Eu fui uma vadia com você. Me perdoe. Fala para o Fernando que eu amo muito ele — ela estava realmente disposta a mudar. Numa das últimas vezes que estive junto dela, ela falava que estava arrependida de ter traído o meu pai.

— Eu te perdôo, Katherine. Mas não por mim e sim pelo nosso filho — meu pai ainda estava magoado com a atitude dela quando ela tirou minha guarda dele.

Eu entendo, Maury. Fala pro Fernando que estou morrendo de saudades dele — disse ela, mandando um beijo pra mim. Como ela não sabia que estava no viva voz, não respondi, apenas dei um sorriso

— Pode deixar que eu falo sim, Katherine — respondeu meu pai, se despedindo dela e desligando em seguida.

— Pai, obrigado por ajudar minha mãe. Por mais que ela tenha te traído, me separado de você, ela ainda é minha mãe e eu a amo mesmo assim. Te admiro ainda mais por essa sua atitude — agradeço ao meu pai e dou um beijo no rosto dele.

— Filho, por você eu faço o possível pra te ver feliz  — disse ele, me olhando nos olhos.

— Bom dia. Meu nome é Carlos Antônio Ferreto e sou o médico responsável pelo caso do paciente Fernando Martins — um homem entrou no quarto e se apresentou como o médico que estava responsável pelo meu caso.

— Meu filho vai ter alta ainda hoje, doutor? — pergunta meu pai, preocupado.

— Bom, ele vai ter alta se me prometer que vai pensar na saúde dele antes de qualquer coisa — o médico respondeu e eu fiquei chateado.

— Eu estou me cuidando, doutor. O que aconteceu foi o seguinte: eu estava sozinho na casa do meu pai e do esposo dele quando ouvi vozes dentro de casa e desci as escadas para ver se eram eles, que haviam ido viajar no fim de semana. Mas eram ladrões e eu chamei a polícia, só que eu esbarrei em um vaso e assustei eles, que atiraram ao me ver. Sorte a minha que foi de raspão, mas a dor foi muito forte. Eu cheguei a pensar que iria morrer sem me despedir da minha família — expliquei o ocorrido para ele e ele sorriu.

— Bom, como já fizeram todos os procedimentos em você, já estou te dando alta. Mas quero que volte se sentir alguma dor, beleza?

— Sim, doutor — respondi e ele me deu alta.

Na saída do hospital, percebo que esqueci meu celular no quarto e volto para buscar. Ao chegar no quarto, sou surpreendido com um beijo do doutor Carlos Antônio.

— Por que você fez isso?

— Eu estou apaixonado por você, Fernando — ele respondeu e eu dei um tapa no rosto dele, pegando meu celular e indo embora dali.

Em Família (Romance Gay)Where stories live. Discover now