Capítulo 9

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POV - Maury Martins

Depois que ele saiu, liguei para o Fernando e quem atendeu foi o Alex. Ele estava com um semblante sério  e eu me preocupei.

— Alex? Aconteceu alguma coisa? — perguntei.

O Fernando passou por uma cirurgia pra ressecar um tumor resultante da leucemia e ele está descansando agora — ele respondeu e eu fiquei mais preocupado ainda.

— Cirurgia? Quem autorizou a cirurgia?

Foi o Fernando quem autorizou,  Maury. Ele disse que precisava da cirurgia ou iria morrer em meses — respondeu e eu sentia as lágrimas caindo pelo meu rosto.

Meu filho estava doente e, quando ele mais precisou de mim, eu estava viajando com meu esposo. Não aguentei e encerrei a chamada. Antes que o Thomás voltasse, entrei no banheiro e lavei meu rosto, para que não o deixasse mais preocupado.

Quando Thomás voltou, ele me disse que as nossas passagens estavam marcadas para o dia seguinte, às 9 horas da manhã. Fiquei um pouco chateado, mas entendi que os horários dos vôos são diferentes dos horários de ônibus, pois vôos de avião podem sofrer atrasos.

— Está tudo bem, Maury?

— Sim, está tudo bem, amor — respondi, me levantando da cama e arrumando minha mala para a viagem.

— Você está tenso. Aconteceu alguma coisa enquanto eu estive fora, não foi?

— Aconteceu, Thomás. O Fernando autorizou uma cirurgia para retirar um pouco dos glóbulos brancos que estão com a doença e eu não estou ao lado dele no momento em que ele mais precisa de mim — respondi, triste.

— Meu amor, ele tem o Alex do lado dele nesse momento. Assim que chegarmos ao Brasil, iremos direto ao hospital para você poder ver o Fernando, está bem?

— Sim, está bem — respondi e terminei de arrumar minha mala de viagem.

********

Na manhã seguinte, eu e Thomás pegávamos o vôo 2040 para o Brasil. O vôo tinha escala no Rio de Janeiro e de lá nós pegaríamos um ônibus para nossa cidadezinha no interior, onde o Fernando estava internado.

Relaxa, Maury. O seu filho está bem, eu lhe garanto — foi a resposta do Alex quando eu liguei para ele durante a viagem.

— É o que eu espero, meu jovem — agradeci e desliguei o telefone, pois o ônibus iria partir em alguns minutos. — Thomás, eu estou muito preocupado com o meu filho. Mesmo o Alex tendo me dito que ele está bem, eu não consigo deixar de me preocupar com meu filho.

— Eu sei o que você está sentindo, meu amor. Meu pai sentiu a mesma coisa quando eu adoeci uma vez — disse ele, tentando me acalmar.

— Ok — respirei fundo e contei até três.

A viagem até nossa cidade foi demorada, pois morávamos no interior, onde não havia muitas empresas aéreas e a que pegamos em Paris só tinha vôo para o Rio de Janeiro. Por conta disso, eu cheguei a brigar com o Thomás, por que eu queria receber o meu filho na nossa cidade. Mas tudo isso estava mudando aos poucos, pois a cidade estava se modernizando, graças ao meu sogro, pai do Thomás. Ele era um poderoso fazendeiro e desejava ver o filho feliz ao meu lado. Por falar nele, ele viajou a poucos dias com a esposa, Laís, que eu não consigo suportar, pois ela sempre foi contra ao meu relacionamento com o enteado dela.

Na nossa cidade tinha sim, um lugar para pouso de aviões, mas de pequeno porte. Foi assim que o Fernando chegou lá depois de voltar da Europa. Mas esse lugar era pequeno e não tinha espaço para aviões de grande porte. Foi por conta disso que meu sogro entrou em contato com o prefeito da cidade, ordenando que fosse construído um aeroporto no local do aeródromo municipal.

— Eu agradeço muito ao seu pai, viu, Thomás? Ele é um homem de fibra e moral que eu sempre irei respeitar por estar fazendo isso por mim — disse, enquanto fazíamos um lanche em uma das paradas do ônibus.

— Meu pai te adora, você sabe disso. Ele faria qualquer coisa para nós dois — respondeu Thomás, me puxando para um beijo.

Algumas pessoas nos observavam com repugnância, inveja. Mas eu não dei importância a isso, pois o amor que eu sentia pelo Thomás era mais forte que tudo e ninguém seria capaz de destruir isso.

Mais tarde, naquela noite, sonhei que o Thomás estava me abandonando para ficar com outro homem e aquilo me deixou desesperado, pois eu havia planejado toda a minha vida ao lado dele. Acordei assustado e Thomás me abraçou, me dizendo que tudo não passou de um pesadelo.

Em Família (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora