Por Maury
Depois de revelar a verdade para o Fernando, desmaiei e fiquei desacordado durante dois dias. Os médicos me disseram que eu estava reagindo mal ao tratamento contra a leucemia e que iria precisar de um transplante de medula. Fiquei bastante assustado com aquilo, afinal, era raro alguém conseguir um doador de medula, já que muitos não são informados a respeito da doação de órgãos. O doutor Jonathas Ferreira me disse que eu iria ser transferido da UTI para um quarto normal.
— O senhor não está reagindo bem ao tratamento, Maury — ele me contou, ainda na UTI.
— Doutor, o que aconteceu? Por que eu estou na UTI?
— Então, você desmaiou depois de se esforçar muito e descobrimos que não está dando certo o seu tratamento. Vamos transferir o senhor para um quarto normal, mas ainda terá que ficar em observação por mais alguns dias pra ver se seu corpo reage a mais um tratamento — ele me explicou e eu fiquei assustado. Minha hora de partir estava se aproximando cada dia mais e eu precisava dar um jeito de me despedir do meus dois amores: meu filho, Fernando e meu esposo, Thomás.
— Eu posso ver meu filho doutor?
— Ele já foi avisado que o senhor saiu da UTI e já está a caminho — ele respondeu e eu fiquei aliviado por saber que meu filho não estava chateado comigo por conta de eu não ser pai biológico dele.
— Obrigado, doutor. E me chama de Maury, OK? O Senhor está no céu — agradeci e pedi para ele parar de me chamar de senhor.
— Tudo bem, Maury — ele disse e foi ver outros pacientes.
Alguns minutos depois, Fernando entra no quarto e fecha a porta, indicando que queria conversar em particular comigo.
— Fernando, eu... — comecei, mas ele me interrompeu.
— Pai, eu te entendo por que escondeu esse segredo de mim. Eu te amo mesmo depois de saber que você não é meu pai biológico — ele se aproximou e se sentou ao lado da minha cama. — O Thomás me pediu para lhe mandar um beijo, pois essa conversa deveria ser somente entre eu e você.
— Como ele está?
— Ele tá bem, tá mais calmo agora que sabe que você não está mais na UTI — ele respondeu, me tranquilizando.
— Fernando, muito obrigado por me compreender, filho. Mas agora eu quero falar sério com você — fiquei sério, vendo ele entristecer. — Filho, meus dias estão contados. Não estou reagindo bem ao tratamento e acho que de um mês não passo. Eu nunca imaginei que essa doença poderia me pegar, mas ela veio e eu estou aqui, nesse hospital, precisando ficar mais alguns dias em observação pra ser cobaia em outro tratamento contra essa doença.
— Pai, o senhor não vai morrer. Eu vou conseguir a medula para o senhor e vou salvar sua vida — ele começou a lacrimejar.
— Não chora, filho. Eu não posso te ver chorando, não no estado em que estou — falei, olhando nos olhos dele.
— Pai, você não vai morrer, eu não vou deixar — ele disse, me dando um abraço.
— Filho, me escuta, por favor?
— Pai, eu... — eu o interrompi antes que ele continuasse.
— Fernando, se eu morrer, quero que cuide do Thomás pra mim. Pode fazer isso, meu filho? — perguntei.
— Sim, pai — ele respondeu, mesmo a contragosto.
— Obrigado, filho — agradeci e ele me deu um beijo no rosto.
— Pai, agora eu vou deixar o senhor descansar e mais tarde eu volto, tudo bem?
— Tudo sim, filho — respondi, enquanto olhava para ele.
Depois que Fernando saiu, fiquei sozinho, pensando em tudo o que estava acontecendo e no que estava por vir.
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Em Família (Romance Gay)
RomanceMaury Martins é um homem de trinta e seis anos de idade que se casa novamente depois de se divorciar da esposa, Katherine Pierce. Ele tem um filho de dezesseis anos, que mora na Europa com a mãe, Fernando Martins. Fernando decide morar com o pai ap...