Capítulo 22 (Últimos Capítulos)

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Por Maury

O telefone chama sem parar
Existe um fio de esperança em mim
Ah, se eu pudesse enfim saber quanto de mim
Ainda resta em você

Esse vazio vira fantasia
Deixando a noite, me roubando o dia
Pra quem não sabe o que fazer num sonho
Mais que interessa, viver

Não ter, não ter
Um perfume que não se esquece
Não ter
O ruído do seu sorriso
Não ter
Essa hora tão mágica
Não ter
O carinho que eu preciso

Não ter
O seu ritmo sempre doce
Não ter
Seu amor pra onde quer que eu fosse
Não ter
Minha vida é viver de você
Não ter
Qualquer razão que eu pudesse te reconquistar

E se alegrar com a minha companhia
Pra essa ilusão enfim poder dizer
Só uma vida não basta, porque
Pra cada nuvem que o céu cobrir
Uma estrela nova vai surgir
Pra quem não sabe o que fazer num sonho
Mais que interessa, viver

Não ter, não ter
O seu ritmo sempre doce
Não ter
Seu amor pra onde quer que eu fosse
Não ter
Minha vida é viver de você
Não ter
Qualquer razão que eu pudesse

Se por acaso um dia assim, sem querer
Resolver voltar pra mim
Eu nunca ia te por de castigo
Todo esse tempo
Sempre e sempre
Nunca em mim se apagou
O sonho verdadeiro de ter aqui comigo

Pois essa minha vida assim sem você
Vale o quê?
Se a cada passo digo e faço
O que eu nunca escondo

Só há um motivo pra esse amor
Dizer que nunca mudou
É a ideia que ele vive
E cresce cada vez mais livre

Meu amor
Lembra de quando tudo começou?
Em cada gesto a força da magia
Como um feitiço do tempo
Porque

Não ter, não ter
Um perfume que não se esquece
Não ter
O ruído do seu sorriso
Não ter
Essa hora tão mágica
Não ter
O carinho que eu preciso

Não ter
O seu ritmo sempre doce
Não ter
Seu amor pra onde quer que eu fosse
Não ter
Minha vida é viver de você
Não ter
Qualquer razão que eu pudesse

A música Não Ter, da dupla Sandy & Junior tocava no rádio do carro do Thomás. Durante toda o trajeto de volta pra casa, Fernando não disse uma só palavra, me deixando chateado com aquela angústia.

— Filho, o que você conversou com o doutor Jonathas? — perguntei, chateado.

— Pai, ele está me ajudando a conseguir um doador pra você entendeu? Por isso que eu precisava falar com ele em particular. Não queria te dar falsas esperanças — ele respondeu, me surpreendendo.

— Você está falando sério, Fernando?

— Sim, pai. Era pra ser segredo, mas eu não consigo esconder nada de você — respondeu ele, olhando nos meus olhos. — Mas não quero que tenha expectativas porque o doador pode não ter o mesmo tipo sanguíneo que o seu, pai.

— Eu entendo, filho. Obrigado por não guardar segredo de mim. Eu já escondi algumas coisas de você, mas não quero mais fazer isso porque eu te amo e não quero te decepcionar — respondi, recebendo um forte abraço do meu filho. Mesmo não sendo meu filho biológico, eu ainda o chamo de meu filho.

Entramos em casa e sou recebido por Thomás e alguns amigos, como Hugo Eduardo, Marcos, Wemerson, José Augusto, Pedro e André. Todos me cumprimentaram quando me viram e sorriram ao ver que eu estava bem, que fora apenas um susto, pelo menos para eles. Eu pedi para o Fernando e o Thomas não contarem para nenhum dos nossos amigos que eu também tinha leucemia. No carro, a caminho de casa, eu liguei para o Thomas e disse isso pra ele. Não queria que mais ninguém sofresse por conta dessa maldita doença. No início Fernando foi contra, mas logo aceitou, já que ele sabia que não podia me deixar triste devido ao tratamento de quimioterapia que eu havia feito nos últimos dias no hospital.

Eu estava na cozinha pegando um copo de água quando o Pedro entrou e me fez uma pergunta da qual eu sabia que não poderia escapar.

— Maury, você está com leucemia, não é?

— Quem te contou isso? Foi o Fernando, né? Eu conversei com ele sobre não guardar segredos de mim, mas ele não deve ter conseguido esconder de vocês — respondi, chateado.

— A culpa não é do Fernando e sim minha. Eu descobri que você estava com leucemia por conta dos sintomas. Você não está bebendo, comendo churrasco ou certos alimentos e isso já me indicou que você está com uma doença grave. E sem falar que eu consigo ver nos seus olhos que você não está bem, Maury. Sou médico e sei do que estou falando — ele explicou e eu fiquei mais aliviado por não ter sido o Fernando a contar que eu estava com leucemia.

— Pedro, por favor, não conta pra mais ninguém que eu estou com leucemia — implorei e ele concordou.

— Eu não irei contar. Isso não diz respeito a mim, mas você mesmo deve contar. Cara, são seus amigos e você vai precisar do apoio de todos se quiser enfrentar essa doença — respondeu ele, saindo da cozinha e me deixando sozinho com meus pensamentos.

Em Família (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora