Em Família (Romance Gay)

Capítulo 15

Por Fernando

Eu estava animado pra passar o fim de semana sozinho, já que o Alex iria chegar no sábado. Fechei a casa e fui para o meu quarto na casa do meu pai. Estava lendo o livro Harry Potter e as Relíquias da Morte quando escuto vozes e vou ver quem está invadindo a casa.

— Eu acho que não tem ninguém em casa — ouvi uma voz.

— Tá tudo muito quieto, vamos levar essa TV e — eu os interrompo e eles se assustam ao me ver.

— Quem são vocês? O que estão fazendo na casa do meu pai? — indaguei, olhando para os homens mascarados.

— Sujou, rapaz — um deles falou, pegando um revólver e atirando em mim. A bala pegou de raspão no meu braço, mas doeu muito, a ponto de eu cair e desmaiar.

Só me lembro de ter acordado horas depois no hospital, com meu pai e Thomas ao lado da minha cama. O que havia acontecido?

— Filho, que bom que você acordou. Eu já estava ficando preocupado — disse meu pai, passando a mão nos meus cabelos.

— Pai, o que aconteceu?

— Filho, nossa casa estava sendo assaltada e você foi ver o que estava acontecendo e levou um tiro — ele respondeu e eu arregalei os olhos. — Mas tá tudo bem agora. Os médicos disseram que não foi muito grave, mas que você poderia ficar desacordado por algum tempo devido ao remédio que deram para aliviar a dor.

— Eu já entrei em contato com o Delegado Joaquim e ele me disse que os bandidos foram presos em flagrante. Assim que eles entraram na casa, as câmeras de segurança mandaram as imagens para a polícia, que foi averiguar e conseguiu prender os meliantes — explicou Thomás, olhando para mim. O olhar dele era de pura tristeza. Havia acontecido alguma coisa durante a viagem deles para a casa de campo e eles teriam que me contar o que era.

— Pai, aconteceu alguma coisa pra vocês voltarem pra casa?

— Filho, eu quero que você seja forte, tá bem? — disse meu pai, olhando fundo nos meus olhos.

— Tá bem, pai — respondi, vendo os olhos dele se encherem de lágrimas. — Pai, porque você está chorando?

— Filho, eu quero que me perdoe. Você tem leucemia porque eu tenho leucemia. Essa doença é hereditária, passa de pai pra filho. Eu descobri isso já faz um mês. Não me olhe assim — ele resmungou, quando eu olhei emburrado para ele. Ele tinha razão. Eu não poderia ficar chateado com aquilo. — Já foi difícil o bastante eu ter que contar para o Thomas, não faça ser mais difícil te contar, Fernando. Eu fiquei chocado quando eu descobri. Meu médico me aconselhou a não guardar esse segredo de vocês por muito tempo e eu resolvi esconder por pelo menos uns dois meses. Mas eu não consegui guardar isso sozinho. Estava me corroendo por dentro, entendem? Eu quero que me prometa uma coisa, filho. Que mesmo que eu morra, vai seguir sua vida normalmente?

— Pai... — comecei mas ele me interrompeu.

— Me escuta, Fernando. Se eu morrer, irei te deixar bem, não quero te deixar desamparado. Me promete isso?

Relutantemente eu concordei com aquilo. Meu pai não iria morrer. Não agora que a gente estava junto de novo.

— Eu te amo, meu filho — respondeu ele, me dando um beijo no rosto. — Agora eu quero que descanse porque eu e o Thomas vamos comer alguma coisa, tá bem?

— Eu vou ser liberado ainda hoje?

— Filho, os médicos acharam melhor deixar você em observação por pelo menos essa noite  — respondeu meu pai, indicando que já era noite de sexta-feira.

— Pai, mas amanhã é sábado! O Alex vai chegar amanhã — falei, chateado.

— Eu conversei com o Alex pelo telefone e ele disse que o voo dele atrasou e que ele só vai chegar na terça-feira pela manhã — explicou Thomás, olhando pra mim. Realmente ele era o cara certo para meu pai. Um cara que se preocupava com o filho do esposo era o ideal para meu pai.

— Filho, não se preocupe com isso agora. Se preocupe com sua saúde. O Alex vai voltar e você já vai estar em casa — meu pai me pediu e eu sorri para ele. Pelo menos uma coisa boa tinha acontecido depois dele ter me contado que estava com leucemia: eu passei a ter uma admiração muito maior pelo meu pai e pelo Thomás.