Capítulo 3

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Capítulo 3. É possível ouvir os pingos de chuva batendo na janela do quarto silencioso, composto por um armário pequeno, uma mesa com uma cadeira e a cama.

Meu entrevistado está com as mãos e os pés algemados, a simples tentativa de se movimentar para analisar me de maneira minuciosa, provoca o Ranger das grades em frente à cama.

Um nervosismo descomunal e desnecessário toma conta de mim, com uma das mãos, acaricio a outra, tenho esse tique nervoso que não consigo controlar.

Gostaria muito de saber o motivo pelo qual a presença dele me deixa tão nervosa, sendo que este homem diante de mim é apenas um primeiro entrevistado de muitos que terei que fazer.

Não sinto medo dele, é apenas um nervosismo, desconforto e alguns sentimentos que não consigo mensurar com palavras.

Solto o ar que nem sabia ter prendido, decido olhar em seus olhos pois ficar aqui especulando não irá me levar a lugar algum.

O homem com os olhos brilhantes que cantou naquele cover que ouvi, foi substituído por alguém com olheiras, a barba por fazer, a aparência cansada e uma escuridão interrogativa refletida em seus olhos claros que pareciam lindos por conta do brilho no vídeo.

-- Boa tarde, Rogério. O som de minha voz o surpreende de maneira visível, para em seguida me olhar com uma reprovação quase palpável como se me perguntasse o que eu faço aqui. -- me chamo Camila, sou jornalista e fui mandada aqui para ouvir sua versão dos fatos em relação a morte da Letícia e da Emanuelle. -- deve saber porque está aqui há tantos anos, 20 anos para ser mais exata caso não saiba a quanto tempo está preso.

Preciso fazer com que ele Diga ao menos uma palavra, Esse silêncio é cortante pois não sei o que se passa em sua cabeça!.

-- sei que talvez você não goste de jornalistas caçando você, Então se quer acabar com isso dê sua versão dos fatos, diga porque Matou as duas e o que fez com o corpo de sua filha. Seus olhos ganham um semblante de dor, raiva e principalmente um ódio diz comunal por mim pois me lança um olhar cortante. -- não estou aqui visando ganho os materiais, Minha Curiosidade foi a razão pela qual aceitei o emprego portanto pretendo descobrir as respostas para as perguntas que todos têm, não vou te deixar em paz enquanto não me der. Tenta filtrar minhas palavras, mas estou curiosa e não posso fazer nada em relação a isso, então ignoro completamente o olhar fulminante que ele me lança.

Me ajuda senhor, coloque um filtro na minha língua pois não tem condição!.

-- é diferente deles. Suas palavras me assustam. -- não imaginava que já tinha passado tanto tempo, desde aquela noite. -- 20 anos?. -- tudo que eu quero é que a justiça seja feita, Mas primeiro preciso confiar em você para contar o que houve. Apesar da situação em que se encontra, sua voz carrega uma delicadeza, apesar da Amargura. Ou será um Estratagema de um psicopata para me enganar?.

-- não diga que quer criar vínculos afetivos comigo antes de contar o que sabe!. Exclamo com uma incredulidade quase palpável.

-- vínculos afetivos não, parei de fazer isso há muitos anos -- mas por algum tempo vamos ignorar sua profissão, vamos nos conhecer através do que aparentamos. -- investigue e conheça a pessoa que eu fui antes de tudo isso, e me deixe conhecer a Camila ser humano e não a jornalista.

Ele está jogando comigo?. Estou tentando entender alguma lógica mas não encontro nenhuma, o que me leva a concluir que realmente eu estou diante de um psicopata.

Meu lado investigadora grita para que eu aceite, e não costumo silenciar quando grita. Será bom conhecer a história dos dois, não que isso tenha alguma relevância para o crime pois Nada justifica o que ele fez Mas vai ser um tempo de aprendizado para mim.

o caso rogério arantes.Where stories live. Discover now