Capítulo 18

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Capítulo 18.

...

Emanuelle.

Se existe um momento em que realmente senti que devia tomar as rédeas não só de minha vida como da situação, esse momento foi agora.

Existem momentos na vida que nossas inseguranças, medos e maturidades se tornam irrelevantes em meio a situação.

Poderia entrar em desespero agora, pois meu pai está à beira da morte, o pai que não tive privilégio de conviver mas que existe e que nunca me abandonou, muito pelo contrário, convive com a culpa de achar que deu fim a minha vida.

Ainda assim, prefiro entregar minha dor e meu desespero nas mãos de Deus, existem pessoas que dependem da minha ajuda agora e eu não posso simplesmente ter o egoísmo de me deixar abater.

-- vó, aonde fica esse hospital?. Digo de forma autoritária,  fazendo com que ela volte a sua atenção a mim com os olhos cobertos pelas lágrimas.

-- Eu não estou com cabeça para dar uma localização a ninguém, só consigo te dizer que é o mesmo hospital em que a Safira trabalha.

Liguei para Safira, pedindo o endereço do Hospital onde trabalha, sem dar maiores explicações a respeito do motivo.

Coloquei minha avó no carro, ela está abalada Em um nível que talvez precise de um calmante Quando chegarmos lá.

Dirijo até o hospital, observando a expressão triste e cansada da senhora ao meu lado.

Não a julgo. Como Mãe, deve ser uma prévia do fim do mundo imaginar seu filho morto.

Me coloco em seu lugar, imaginando as dores aos Quais foi exposta.

Primeiramente com a depressão pós-parto, sentindo amor e repulsa pelo filho ao mesmo tempo.

A confusão mental foi seguida pelo abandono, do marido que fugiu com a irmã levando consigo não só o filho que Lisandra por um tempo rejeitou, mas como o outro também.

Imagino o misto de dor e culpa que ela sente.

Mesmo sabendo que os sintomas da depressão não foram diretamente sua culpa, como Mãe, deve se sentir mal apenas em pensar no desprezo que sentiu
Tente imaginar a dor de uma mãe que tem o primeiro contato com o filho aos seus 27 anos, aprisionado em um Manicômio judiciário pelo duplo homicídio da esposa e da filha.

Eu imagino a necessidade que ela tem de se sentir acolhida e confortada, mesmo não admitindo isso em voz alta.

Estaciono o carro em frente ao Hospital, sentindo meu coração acelerar.

-- me promete que não vai sair do meu lado?. Ela segura firme em uma das minhas mãos, enquanto abro a porta do carro.

-- Eu prometo, fique tranquila.

Vou pedindo forças a Deus internamente, enquanto adentramos o hospital.

-- Dona Lisandra. Daniel se aproxima, enquanto minha avó faz um esforço imenso para disfarçar as lágrimas.

-- Fale logo de uma vez incompetente, como ele está. Seu nervosismo é perfeitamente compreensível, mas é necessário manter a calma nesse momento.

-- está vivo por milagre, teve sete paradas cardíacas logo que chegou ao hospital. -- O médico disse que consegue mantê-lo vivo, por tempo suficiente até encontrarem um coração para ser transplantado. -- o coração dele já está perdendo a viabilidade, quase não bobeia mais sangue por isso ele está fraco. -- eu disse ao médico para aguardar a senhora mas provavelmente o transplante não será necessário, ele é um criminoso e não vai fazer falta para ninguém.

o caso rogério arantes.Donde viven las historias. Descúbrelo ahora