capítulo 25

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Capítulo 25.

...

Heloísa.

Me aproximo das grades da cela que guarda o meu pai, sentindo algo que vai além da repulsa.

-eu não queria que você me visse assim, filha. Ele realmente consegue transmitir Sinceridade em suas palavras, quase me fazendo sentir um monstro por criticá-lo.

-se não quisesse que eu vi se o senhor assim, era só não se tornar um criminoso. Declaro quase em um sopro de voz, devido às lágrimas que insistem em descer.

-eu sei que fizeram você acreditar que eu sou um monstro, e realmente eu posso ser considerado um por tudo que fiz, mas eu juro que o meu amor por você é mais do que verdadeiro. Fala de forma suplicante.

-o senhor não tem noção da dor que eu estou sentindo, uma pessoa capaz de tirar vidas, não pode ser chamada de ser humano, e muito menos amar alguém como o senhor diz que me ama, Isso é apenas uma obsessão doentia!. Digo, aos prantos.

-ó, filha, não me diz uma coisa dessas e acima de tudo não duvide do meu amor por você porque essa é a única verdade que eu vivo na minha vida!.

-essa sua obsessão vai me marcar pelo resto da minha vida, porque o dia que eu tiver meus filhos e eles me perguntarem quem é o avô, eu vou ter que mostrar uma notícia no jornal mostrando o avô deles como um assassino que matou uma mulher. Começo a bater na grade com força, chorando copiosamente. -por que eu precisava nascer de um verdadeiro monstro?. Minha mãe se aproxima, ao ouvir o barulho. -me tira daqui, mãe!. Me jogo em seus braços, sem olhar para o homem que tenta a todo custo se livrar das algemas que amarram suas mãos.

-jairo, a sua pior punição não vai ser aquela dada pela justiça, mas foi essa, perder a sua filha pois eu não vou deixar a Heloísa ter contato com um assassino, E além disso eu quero que você olhe bem para o rosto da sua filha para ver o que você fez não só comigo e com a Camila, mas com ela também. -eu quero que você olhe bem nos olhos dela, guarde muito bem essa imagem pois vai ser a última..

meu pai lança a ela um olhar fulminante, enquanto a mesma me abraça ainda mais forte permitindo que minhas lágrimas molhem seu vestido.

-você deve agradecer a mim o fato de estar tendo uma vida confortável hoje, eu tirei você do buraco onde morava e te trouxe para viver comigo, e olha como você me retribui seu lixo humano!. meu pai esbraveja, tentando humilhar a minha mãe, aquela a quem ele jurou amar por toda vida, ressaltando o imenso amor que sentia por ela, me fazendo acreditar em um conto de fadas que nunca foi real..

-pode me humilhar o quanto quiser jairo, você não pode negar que eu fui fiel a você e até aceitei seus erros em nome da gratidão e do amor que eu senti por você durante boa parte da minha vida,  não coloque em minhas costas a responsabilidade pelas atitudes erradas que você cometeu!. -você pode berrar o quanto quiser atrás dessas grades, você plantou e está colhendo cada fruto dos seus erros. -vamos meu amor vou tirar você daqui.

sou conduzida pela minha mãe para fora do ambiente, ouvindo os gritos desesperados do meu pai para que eu volte.

não existe dor pior para um filho, do que saber que seu pai é incapaz de sentir culpa, remorso, e até mesmo amor pois nasceu completamente isento de sentimentos.

acho que no fundo eu sempre soube, pois ao contar a história da minha família para alguns amigos de escola, todos descreviam meu pai como um verdadeiro monstro e eu no fundo não queria acreditar pois ele sempre foi carinhoso comigo.

todo o carinho que recebi, todo aquele suposto amor, foram fruto de uma obsessão doentia.

é triste saber que seu pai fez tanto mal a uma quantidade imensa de pessoas, um deles inclusive chegou a perder metade da vida em um presídio sendo inocente.

o caso rogério arantes.Where stories live. Discover now