Capítulo 21- O outro lado da história.

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Capítulo 21- O outro lado da história.

Jae andava cabisbaixo pela escola, ele não se importava com as pessoa o encarando e fofocando sobre ele, estava acostumado com isso desde seus dias de popularidade "positiva", ele não queria mesmo era correr o risco de ver Olivia e Taehyung juntos, tentava esconder sua insatisfação, e raiva, mas era doloroso demais ver que ela estava seguindi a vida dela.

Poderia não parecer, mas mesmo que de forma breve, ele a amou de verdade, do jeito errado, porém de sincero.

Jae nunca tinha sido o melhor dos namorados, Olivia foi seu primeiro relacionamento mais sério, e ele não tinha dado valor a menina que estava ao seu lado. Sempre saia com os amigos, bebia e se divertia sem ligar para o que a namorada pudesse achar, não pensava necessariamente em ambos como um casal.

Agora, se sentia vazio, as intermináveis conversas sobre coisas fúteis e inúteis com sua ex haviam acabado, as risadas com filmes de comédias ruins não existiam mais, ele sabia que tinha sido substituído e não a culpava.

Olivia nunca teve um momento fácil ao lado dele, quando não eram os amigos que só queriam festas e bebidas, eram os pais que a olhavam torto e a julgavam de longe sempre fazendo questão de deixar claro para Jae o quanto eles desaprovavam o namoro.

Jae odiava seus pais por serem preconceituosos e soberbos, se achando melhor que todos na cidade, porém eles estavam longe disso. Ele sabia que ela merecia estar com Taehyung, ele não poderia competir.

O menino era o mais inteligente da escola, teria um futuro bom, por mais que não fosse rico quanto Jae, teria condições plenas para dar o que Olivia precisasse.

Na hora de sair da escola o garoto tentou se adiantar para pegar a rua vazia, mas não conseguiu, ao longe na rua a frente viu os dois juntos, Taehyung e Olivia não estavam de mãos dadas, nem algo parecido, mas Jae podia ver como ambos faziam esforço para esbarrar um no outro, para que suas mãos se tocassem mesmo que por poucos segundos, as risadas que soltavam olhando um para o outro, aquilo causava ódio em Jae.

A verdade é que ele estava cansado de viver, não tinha apoio, não tinha mais a sua namorada ou amigos que se importavam com ele, não tinha um pai vivo, e não tinha uma mãe presente. A única coisa que ele tinha era um objetivo, e só iria decidir o que fazer com sua vida depois de cumprir tal meta, até lá, ele engoliria a visão terrível que era ver sua ex descobrindo o amor por outro.

***

Jae sempre se sentiu mal ao entrar na própria casa, mas após a morte de seu pai, tudo ficou pior. Sua mãe não parava em casa, tinha assumido os negócios na empresa de cosmético e mal olhava para a cara do filho, algo que Jae não achava tão ruim assim,  não queria contato com ela.

Sua mãe era uma mulher cruel, isso ele só percebeu quando ela reagiu de maneira fria a morte de seu pai, enquanto ele se afundava em lágrimas, sua mãe não demonstrou um sentimento sequer, nem ao menos indignação pela morte do esposo.

O que levou Jae a se questionar o porquê. O menino começou a prestar mais atenção ao que a mãe fazia durante seus dias, longas reuniões, encontros com policiais fora de serviço, pagamentos em dinheiro vivo a pessoas que ele nunca tinha visto frequentar sua casa.

Tudo aquilo despertou uma enorme curiosidade no menino que se pegou investigando sua própria mãe, em sua própria casa. Infelizmente Jae acabou dando um passo em falso e se descuidou enquanti mexia no computador do escritório. Percebeu que a família de Olivia estava correndo risco.

Distraído pelo vídeo da empresa que seu pai tinha de dois homens assediando a mãe de Olivia, sua própria mãe flagrou o menino. Com um único tapa na cara e um olhar gélido, sem se dirigir uma palavra ao filho, a mãe dele interrompeu o vídeo, o arrastou para fora do escritório, e o trancou no quarto sem comida.

Jae só foi sair no dia seguinte quando arrastado por dois homens gigantes, sua mãe o jogou numa instituição psiquiátrica no meio do nada, com apenas o básico para sobreviver, foi apenas por alguns dias, mas sabia que era um castigo que ela estava dando ao filho por interferir nos negócios dela.

Aquilo foi um trauma para o resto da vida, ele ainda podia sentir o peso de correntes em seu tornozelo, o chão quente da cela em que foi trancada, o gosto da água suja que davam para ele beber, e o pão duro que davam para ele comer, colocavam remédios à força em sua garganta, sempre dopado, Jae não sabia se os gritos que ouvira eram reais ou alucinações.

Com ansiedade e estresse pós-traumático, o consumo de remédio pelo menino aumentou muito, de bebidas e festas, ele agora era um garoto que dependia de remédios e pistas sobre um crime para continuar vivendo.

Ele não sabia se interferir poderia ser pior do que se ausentar de ajudar a resolver esses crimes, mas ele tinha uma certeza, queria Olivia e seus amigos fora disso.

Jae sabia que eles estavam procurando coisas sobre os assassinatos ocorridos na cidade, ele não sabia quem havia matado seu pai, queria descobrir, mas ele sabia algo que ninguém sabia, informação que havia conseguido de papéis sigilosos dos negócios de família e era por esse real motivo que a mãe de Jae havia o castigado, algo que estava atormentando sua mente mais do que tudo, algo muito sombrio, ele poderia não saber quem, mas sabia o porquê, conhecia o motivo do assassinato.

E o pior, não julgava quem pudesse ser o assassino, se ele mesmo soubesse de tudo isso enquanto seu pai ainda estava vivo, talvez ele mesmo teria matado o próprio pai a sangue frio.

Era o justo a se fazer.

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