Times Square

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-Vai precisar disso. – e me entregou um par de botas de borracha. – Vai ser uma bagunça. – alertou.
-Vai ter que me mostrar para me convencer.
Novamente, aquele sorriso de tirar o fôlego direcionado a mim.
-O que te fez vir para cá? – perguntou, começando a ensaboá-lo. O imitei.
-Insônia.
-Não. – riu suavemente, e me peguei perdida em seu olhar. – Digo, aqui. Vieram de onde mesmo?
Pigarreei, nervosa.
-Viemos de Forks.
-Por quê?
-Já estávamos de mudança. – respondi vaga.
-Você namora? – perguntou tentando parecer casual, nem fez contato visual.
-Não. – sorri um pouco com sua tentativa de não demonstrar interesse.
-O que você gosta em um cara?
Parei um minuto para pensar.
-Talvez um cara que realmente goste de mim. Seja carinhoso no relacionamento, goste da minha família, educado e bonito. Acho que gosto de um cabelo escuro, de preferência. Alto... Protetor, mas não tanto. Inteligente, que se importe comigo. Ahh, sei lá. – dei de ombros sem o olhar.
-Eu pareço basicamente com o que você disse. – murmurou.
Eu fiquei calada, sem saber o que dizer. Não sabia que estava o descrevendo. Eu estava pensando mais em Seth, não William.
Ele veio ao meu lado.
-Olha, esse movimento é melhor, deixa o cavalo mais relaxado.
Pegou minha mão, me auxiliando. Tentei manter meu coração calmo ao que senti sua respiração em minha bochecha.
-Percebe como ele relaxou dessa forma?
-Sim. – falei sincera ao sentir o músculo dorsal dele mudar. – Isso foi impressionante.
-Obrigado. – murmurou em meu ouvido, e um arrepio percorreu naquela região. – Você também não foi nada mal.
-Para a primeira vez, até que não estraguei tudo, certo? – brinquei, me virando para ele.
Só não esperava estar tão perto.
-Não, você realmente se saiu bem. Poucas pessoas conseguem deixar o cavalo relaxado de primeira.
Sorri, orgulhosa.
Me surpreendi ao sentir uma mão em meu rosto.
-Você tem os olhos mais encantadores que já vi. – sussurrou, muito perto do meu rosto.
Não consegui evitar de direcionar meus olhos para seus lábios. Finos e rosados, com um pequeno sorriso torto de canto.
Sorriso torto... Seth tem um lindo sorriso...
Fechei os olhos com força, me obrigando a pensar em William, e mergulhei. Se surpreendeu com meu movimento súbito, porém respondeu quase de imediato. Uau, ele beija bem, pensei comigo mesma. Suas mãos foram para a minha cintura, trazendo meu corpo para perto, e eu segurei seu cabelo com delicadeza.
-Uau. – ele repetiu meu pensamento ao se afastar. – Só... uau.
Sorri, sem jeito.
-Carlie!
Nos separamos ao ouvir meu nome. Era tio Emmett. Estava longe do nosso alcance ocular, mas duvido que não tenha ouvido o que rolou.
-É meu primo. – gemi de propósito, sabendo que ele iria ouvir.
-Talvez se a gente ficar quietinho, ele desista... – me lançou um olhar esperançoso.
Ah, droga. Depois disso com certeza...
-Carlie, vamos jogar futebol! – sua voz ficando irritantemente mais perto.
-Ele não vai desistir. – grunhi, frustrada.
Qual é, tio Emmett? Resmunguei em sua mente.
Você é rápida, prima. Pensou de volta, malicioso.
-De qualquer forma, tenho trabalho a fazer. – tocou meu queixo, e me deu um selinho rápido. – Você está bem? Parece quente...
-É uma doença rara. – expliquei, tentando parecer natural. Bom, tecnicamente minha condição era mesmo rara. – É complicado de explicar...
Olhei sugestiva para onde a voz de tio Emmett ficava mais alta.
-Claro, vai lá. Depois a gente se vê.
Dei um beijo demorado em sua bochecha, o deixando paralisado.
-A gente se vê. – soprei em seu ouvido.
Saí correndo dali, estreitando os olhos para o grandalhão, que me sorria inocente.
-Vamos para o campo, minhoquinha. Prometi a Mendy que jogaria futebol com ela.
-Da última vez que chequei, não estamos colados por nenhuma parte do corpo. – resmunguei mal humorada, e isso só o fez rir mais.
-Ah, deixa disso. Nada é tão legal sem minhas sobrinhas favoritas.
Não consegui deixar de sorrir.
-Mas Mendy jogando com a gente?
O olhei, demonstrando preocupação.
-Claro que nós vamos nos conter. Tente ser paciente, ok? Não quer machucar sua prima.
-Claro que não. – concordei rapidamente, vendo a seriedade em seu olhar. E do nada piscou para mim, deixando claro que não falava sério. – Tio Emmett!
-Shhhh. – sibilou para mim, olhando em volta para ver se tinha sinal de William.
-Desculpe. – encolhi os ombros.
Me abraçou de lado e se inclinou para murmurar só para mim.
-Fico feliz em saber que seu tio está enraizado na sua cabecinha.
Sorri, retribuindo o abraço em seu corpo musculoso.
-Para sempre. – prometi, recebendo um beijo na cabeça.
Nos dividimos em dois times pequenos. Embry extremamente carinhoso ao ensinar Mendy, e eu tentei ignorar a pontada dolorosa de inveja. Beijei William há pouco tempo, mas meu coração não se esqueceu de seu verdadeiro dono.
-Muito bom, minha filha. – tio Emmett abraçou-a, a tirando do alcance do lobo. Quase ri da cena. Era claro que ele estava se metendo entre os dois pombinhos, e nem ligava.
-Ah, cansei. – falei exausta. Me sentei na grama, no meio do campo. As quatro se juntaram a mim.
-Agora que estava começando a ficar bom. – tio Emmett provocou. – Vocês são muito moles.
-Eu vou chutar seu traseiro. – Mendy ameaçou. – Assim que eu me recompor.
Ele riu, e começou a passar a bola para vovô, longe da gente.
-Está conseguindo estudar bem, Leah? – a chamei, preocupada.
-Está brincando? – me encarou, chocada. – Se tivesse me dito antes que os quartos aqui são a prova de som para os nossos ouvidos, eu teria aceitado na hora.
Ri, feliz de ela ter gostado.
-É uma paz. Até esqueço que estou em Nova York.
Sorri, também me lembrando desse detalhe.
Olhei em volta, para aquele terreno de mato. Havia uma pequena cerca, só para delimitar a área para os carros não esmagarem o gramado bem cuidado. Aquilo me fez perguntar no meu íntimo se William só cuidava dos cavalos ou era empregado geral daqui.
Era um terreno grande, provavelmente tinha mais gente, trabalhando ocasional. Não teria privacidade com humanos ali o tempo todo. O estábulo ficava a uma certa distância da casa, separados por um lindo quintal. O campo de futebol se encontrava um pouco afastado, na parte de trás da casa.
E a piscina... ficava numa área lindamente planejada atrás da casa. Era como uma continuação da varanda. E coberta. Eu mal via a hora de dar um mergulho. A jacuzzi também era outra opção. Mas não cabia todo mundo.
-Querida. – mamãe se sentou ao meu lado. – Você precisa se alimentar.
E então me lembrei que estava sem comer comida desde que deixei Forks. Isso fazia com que meu lado vampiresco resmungasse de fome.
Ouvi o coração da minha prima acelerar.
-Acho que vocês esqueceram dessa parte. – ela sussurrou.
-Só caçamos na floresta. – a acalmei. – Adoro pumas. Só não tenho certeza se iremos encontrar algum por aqui.
-Só saberemos se procurarmos. – papai disse, me pegando do chão num abraço. Dei-lhe um beijo em sua bochecha, e o deixei sabendo que iria me trocar.
No meio do caminho, vi William vestido diferente. Parecia pronto para sair.
-Vai sair? – indaguei, curiosa.
-Está me convidando para sair, Cullen? – arqueou uma sobrancelha em minha direção, colocando uma mochila em suas costas.
Abri a boca, surpresa. Não sabia o que dizer. Eu tinha combinado com minha família de ir caçar, mas agora queria sair com ele.
-Estou brincando. – falou, dando uma risada suave. Colocou um cacho meu atrás da orelha, encarando seu próprio movimento. – Fui dispensado mais cedo. Vou aproveitar para fazer alguns afazeres em casa.
-Você mora aonde?
-Certa de três quilômetros e meio daqui. Os Cullen me deram um carro para trabalho, para que eu possa me locomover com mais conforto.
-Entendi.
-E você, vai sair? Parece com pressa.
-Programa em família. – sorri, me sentindo ansiosa de repente para ir caçar com eles.
-Nos vemos amanhã então. – falou, acariciando minha bochecha. – Até mais, jogadora.
A medida que ele se distanciava, me senti corar. Ele me viu jogando. Uma pontada de vaidade me atingiu com o fato de ele ter me observado.
Corri para o meu quarto, vestindo um moletom e um tênis.
Fui me encontrar com eles na orla da floresta. Adentramos um pouco. Dessa vez somente mamãe, papai, tio Emmett e tio Jasper. Os outros ficaram em casa.
-Como vocês querem ir? Correndo ou carregadas? – Papai perguntou. Dei um sorriso e imediatamente ele já sabia a resposta. Ele se virou e pulei em suas costas.
Renesmee foi com tio Emmett. Era divertido ir com ele porque ele ficava fazendo gracinhas enquanto corria, mas eu também gostava de ir com meu pai. Quando eu não falava aonde eu queria ir, ia sempre na direção que os outros escolhiam.
Aqui está bom, pensei e ele parou. Desci de suas costas, em êxtase enquanto o cheiro de um leão da montanha enchia minhas narinas.
Comecei a andar silenciosamente na direção do cheiro, mas uma mão em meu braço me impediu de prosseguir. Virei-me para o meu pai. Ele balançou a cabeça. Implorei-lhe com o olhar.
-Por favor. – sussurrei quase inaudível, para que só ele escutasse.
-Sob uma condição. – sua voz não passava de um murmuro baixo.
O que? coloquei as palavras em sua cabeça. Eu não queria assustar a minha futura presa.
O maior é meu. Respondeu em minha mente.
Sorri.
Fechado. Ele piscou antes de andar um pouco mais perto e se abaixar em uma moita. Segui seus movimentos. Havia dois leões da montanha brincando. Não duraria por muito tempo. Como se tivéssemos combinado, eu e meu pai saltamos ao mesmo tempo, aterrissando na garganta de sua presa. Aquele estava tão bom!
-Ahhhh. – murmurei após chutar a minha presa para o lado e limpei a boca. – Que tal mais um?
-Estou ouvindo um grupo de veados logo ali. – ele apontou para a sua direita. – Apesar de não ser tão bom quanto o leão da montanha, dá para matar a sede. – ele deu de ombros.
-Ok. Vamos lá.
Eu cacei mais dois antes de todos nos encontrarmos.
-Quer trocar a passagem comigo? – Renesmee perguntou.
-Claro. – respondi, empolgada de estar nas costas do meu tio.

A Irmã de Renesmee (pós Saga Crepúsculo)Where stories live. Discover now