3| Susto

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Enquanto eu caminhava de volta para casa, me arrependia de não ter pego minha bicicleta. Os livros estavas pesados, e a chuva ameaçava cair.

O ponto mais próximo era longe, e eu estava odiando cada passo dado, imagina ter que voltar tudo de novo?

Olhei para trás, realmente cogitando essa ideia, mas desisti ao ver um carro escuro na esquina da rua.

Continuei minhas passadas, ansiando cada vez mais para chegar em casa, até sentir alguém segurar minha boca e me fazer parar abruptamente.

Meu corpo inteiro se arrepiou, assim como meu coração quase parou.
O pânico que eu tive, foi o mesmo de quando eu era pequena em uma situação como essa, mas ainda pior, pois aquela não teve final feliz.

Gritei, mesmo que o som tivesse sido abafado pela mão, e deixei minhas coisas caírem. Me debati pisando com força no pé da pessoa, que me soltou logo em seguida.

ㅡ Calma, calma, Penelope! ㅡ escutei a voz de Alan e me virei ㅡ Era só uma brincadeira!

Senti meu olhos marejarem,e coloquei a mão no meu coração acelerado. A adrenalina estava tanta, que eu pensei que iria desmaiar.

ㅡ Caramba, você vai desmaiar? ㅡ se aproximou.

Respirei fundo tentando me acalmar.

ㅡ Você está maluco?! Que tipo de brincadeira é essa Alan?!

Alan era um dos amigos mais velhos da minha irmã. Eu não gostava que ela andasse com tanta gente mais avançada, pois isso a levava à sair e beber, mesmo sendo de menor, escondido de nossa mãe.

Ele me olhou culpado.

ㅡ Me desculpe, Pen..

ㅡ Tudo bem, só não faça isso de novo.ㅡ me abaixei para pegar minhas coisas e ele me ajudou.

Eu ainda estava assustada. Eu era mulher, estava sozinha.

ㅡ Vi você de longe. Quer ajuda pra carregar isso? ㅡ Alan tinha dessas de fazer "brincadeiras" de mal gosto, mas era gente boa. Tirando o fato dele ainda ter esperanças de me pegar.

ㅡ Pode ser.ㅡ respondi, ainda me recuperando.

Ele sorriu e pegou a maior parte do meu peso. Não queria agradecer por causa do susto, mas minha mãe me deu educação, então acabei agradecendo.

Observei um carro preto na ponta da esquina, e até agradeci por Alan estar aqui comigo. Quem vai saber o que pode acontecer?

Continuamos a nossa caminhada até em casa.

ㅡ Diana falou sobre a festa de amanhã?ㅡ perguntou enquanto caminhávamos.

Fiz careta.

ㅡ Não.

ㅡ Mas ela vai falar. ㅡ continuou ㅡ Você vai?

Não, Diana odiava que eu ficasse em seu pé e eu odiava sair com os amigos dela. Da última vez que fui, fiquei de cara feia a maior parte do rolê, por causa das coisas que ela fazia quando não estava na frente da nossa mãe. Ela nunca me escutava.

ㅡ Não sei, tenho que estudar.ㅡ menti.

Se eu estudasse mais do que tinha estudado hoje, meu cérebro viraria água.
Ele suspirou lamentando, mas para a minha sorte, não comentou mais nada.

Continuamos agora pela estrada mais silenciosa.
Mamãe havia escolhido uma casa afastada do centro e da turbulência do dia a dia.

Ficávamos em uma casa no campo, onde havia mais casas ao redor, mas eram poucas.
Era uma vizinhança de pessoas quietas. O muro baixo e de pedra, era comum por aqui.

Haviam alguns postes de luz, embora fossem fracos.

Abri o pequeno portão de casa e olhei para Alan.

ㅡ Obrigada.ㅡ sorri pegando minhas coisas de suas mãos ㅡ Quer entrar?

ㅡ Não, obrigado. Preciso voltar pra ajudar, porque amanhã é aniversário de Vivi.

Levantei as sobrancelhas.
Esse seria o motivo da festa, óbvio.

ㅡ Sério? Envie meus parabéns à ela. E mais uma vez, obrigada, Alan.

ㅡ Claro! ㅡ respondeu colocando as mãos no bolso ㅡ Até mais, Pen.

Alan era surfista, motivo pelo qual sua pele, na maior parte do tempo, estava bronzeada. Seu cabelo loiro estava amarrado em um coque, e seus olhos baixos, indicavam cansaço.

Evitei ocupar mais do seu tempo e fechei a portinha de ferro.

ㅡ Tchau, Alan.ㅡ acenei pela grade e me virei, indo para casa. Abri a porta e entrei.

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Um Acordo ( Concluída)Where stories live. Discover now