57| Girassóis

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"O silêncio sempre foi o meu grito mais forte."
🌻

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Já era tarde quando eu parei de chorar.

Eu estava me odiando por ser tão fraca. Eu estava tão bem antes, porque isso voltou?

Abri a janela, fechando os olhos para sentir a brisa. Mas tudo que me veio, foi mais vontade de chorar até que meu corpo se diluísse. Eu nunca havia sido muito religiosa, mas cheguei a pedir à Deus que me tirasse a vida ali mesmo.

Lembro que meu pai nos levava aos cultos pelas manhã, e sempre dizia que nossa força estava na fé.

Então devia não ter nenhuma, pois era fraca...?
M

as também lembro que meu pai  dizia que continuar sorrindo, é ter fé.
Então, o quanto eu tinha?

Respirei fundo e pensei no que ele faria caso me visse assim. Meu pai sofreu as consequências por mim, ele odiaria me ver fracassar tão fácil.

Por um momento, me deixei vagar pelo quarto escuro, apenas com o vento batendo contra meu rosto e a sensação de vazio se preencher à cada instante que eu pensava em meu pai aqui comigo.

Mas então, eu fui longe demais.
Estava subindo alto demais...

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ㅡ A mãe de vocês vai ajudar a patroa que não teve leite pra o neném.ㅡ Heraldo, nosso pai, nos falou.

Nosso pequeno irmão, Joaquim, havia nascido à pouco tempo, mas Elsa já amamentava um bebê faminto da casa dos padrões do nosso pai.

Heraldo pegou Nana no colo, ainda manhosa por conta da febre. Ela tinha acabado de fazer sete anos, mas era muito pequena e fraquinha de saúde.

ㅡ Não posso deixar elas aqui. Diana pode ter uma recaída.ㅡ Elsa falou, embalando nosso irmão.

ㅡ Tudo bem, a gente leva elas.ㅡ Heraldo respondeu, um pouco hesitante.

Ele não gostava da gente na casa dos senhores, mas eu vi que eles tinham filhos da nossa idade, e uma mais velho que não ficava muito na casa, parecendo se envolver com coisa errada.

Heraldo nunca nos levou lá por muito tempo, apenas algumas vezes quando ia buscar o pagamento, e eu ficava brincando no pasto, sozinha.

Mas eles eram muito recatados, e eu era tímida, então preferia nem entrar. Diana não gostava de sair, e como vivia com a saúde debilitada, Elsa não a deixava ir. Mas eu adorava sair e ficar com o papai.

Eles pegaram as coisas, e nós fomos para o carro enorme que nosso pai havia comprado para garantir a segurança da nossa grande família.

Mamãe preferiu ir atrás com Nama e Joaquim, então eu fiquei feliz em ficar no banco da frente. Após fazer dez anos, eu já me sentia grande e bem mocinha.

Ficava feliz por meu seios estarem em desenvolvimento, indicando que eu iria menstruar. Sem contar em meu corpo em desenvolvimento, embora fosse cedo. Mamãe achava isso ruim, mas eu estava feliz.

Um Acordo ( Concluída)Where stories live. Discover now