Um Acordo ( Concluída)

70| Vazio

Dennis

Apaguei o cigarro, e levei o whisky até a boca, observando as pessoas rodando lá em baixo.
O cassino estava cheio, muitas mulheres e homens andavam para e para cá, gastando o seu dinheiro.

ㅡ Agora que você tá administrando as coisas do seu pai, podemos entrar em um consenso.ㅡ escutei a voz de Júlia.

ㅡ Me mande a sua proposta depois, Júlia.ㅡ a olhei de lado.ㅡ Não quero assunto de trabalho agora.

Ela bufou, revirando os olhos, e voltando à fumar. Júlia era um pouco mais velha que eu, e mais experiente. Mandava nos negócios da sua família, e tinha se tornado minha principal aliada aqui em Lisboa.

ㅡ Você não é muito novo para se afundar dessa forma? ㅡ perguntou, sem me olhar.

Fiquei calado, a ignorando. Júlia se referia à alguns vícios que eu havia adquirido, para esquecer algumas coisas que ainda me atormentavam.

ㅡ Dennis! ㅡ olhei para trás, vendo Lucas se aproximar.

Franzi o cenho, me ajeitando na cadeira.

ㅡ O que faz aqui?! Era pra você estar em Brytian! ㅡ cuidando de Penelope, Day e a minha mãe.

ㅡDescobri uma coisa que você não vai gostar.ㅡ olhou para Júlia.ㅡ Boa noite.

Júlia riu áspera, e se levantou.

ㅡ Boa noite, rapaz. Vou deixar vocês à sós.ㅡ passou por mim, puxando meu novo cigarro dos dedos.

Franzi o cenho, mas não falei nada.

Lucas ocupou o ligar que antes era de Júlia, e se inclinou, me mostrando algumas fotos.
Semicerrei os olhos para enxergar melhor, levando um choque quando identifiquei o que tinha na foto.

ㅡ Mas que porra é essa?! ㅡ peguei o celular, ainda sem acreditar.

ㅡ Sther está com ele, você acredita nisso?

ㅡ Isso não é o que me preocupa, Lucas. O que Sther faz em Brytian? E com Pedro?

Lucas uniu as duas sobrancelhas.

ㅡ Eu não sei, mas a gente tem que dar um fim nesse cara.

ㅡ Ele andou se metendo onde não devia?ㅡ perguntei.

ㅡ Além de tentar te matar? ㅡ cruzou os braços.

Dei de ombros, e voltei a beber.

ㅡ Eu matei o pai dele. É justo.

ㅡ Justo? Aquele filho da puta era um pedófilo e abusador! Mereceu o fim que teve. E ele deveria cobrar era o cara que mandou você fazer isso.

Fiquei quieto.

ㅡ Dennis, e se esse cara ainda estiver planejando alguma coisa? Ele deve vasculhar a sua vida de ponta cabeça.

Suspirei, passando uma mão no rosto.

ㅡ Exatamente por isso que você deveria estar lá.ㅡ murmurei.

ㅡ Oliver está lá. E Você não pode ficar aqui. Volte lá, e bote ordem naquela porra de cidade! ㅡ percebeu que eu não o ouvia, então puxou o copo da minha mão, recebendo um olhar mortal meu.ㅡ Estou falando sério, Den. Você é como um irmão pra mim, e me dói te ver tão acabado assim.

Franzi o cenho.

ㅡ Estou tão ruim? ㅡ debochei.

ㅡ Porra, é sério, Dennis?! Vai deixar aqueles caras tocarem o terror na cidade?

ㅡCaralho, Lucas, o que você quer?! Quer eu eu saia matando todo mundo, até não restar mais ninguém?!ㅡ me irritei.ㅡ Ah, vai tomar no cu! Tem polícia pra que lá? Eu não sou um justiceiro!

Ele colocou o copo na mesa, me encarando sério e com tédio.

ㅡ Quero que você seja homem e assuma os negócios do seu pai naquela cidade. Reivindique suas coisas, e imponha respeito naqueles filhos da puta. Eles andam sabotando nossas cargas, além de várias corrupções dentro da empresa.

Trinquei o maxilar, olhando para um ponto fixo e aleatório.

ㅡ Não posso voltar lá.

ㅡ Pode, sim. Você pode viver a sua vida normalmente, fingindo que Penelope não existe.

Levantei uma sobrancelha.

ㅡ Você acha que é fácil.ㅡ levantei.ㅡ Fala isso porque nunca amou ninguém ao ponto de morrer por essa pessoa. ㅡ andei até as escadas, enquanto Lucas vinha atrás.

ㅡ Bem... Eu morreria por você.ㅡ me fez parar de andar.

Algo nisso me despertou algo que eu não sentia faz um tempo. Eu não sentia muita coisa, a não ser um grande vazio, como um poço sem fim.

Pisquei alguma vezes, cogitando na ideia do que responder à ele.

Olhei para trás, vendo Lucas me olhar com os braços cruzados e com aquela cara de deboche.
Após alguns segundos, sorri fraco.

ㅡ Eu também, Lucas.ㅡ suspirei e o chamei com um gesto de cabeça.ㅡ Vem...ㅡ ele ficou em alerta.ㅡ Vamos descobrir esse rolo aí.

Lucas sorriu e veio me acompanhando.

ㅡ A coroa vai? ㅡ sussurrou, vendo Júlia nos encarar do outro lado da festa.

Júlia era só cinco anos mais velha do que eu, e três mais velha que ele. Na verdade, os dois tinham bastante química, mas nenhum via isso.

ㅡ Claro. ㅡ respondi, vendo ele fazer uma careta, o que me arrancou uma risada baixa.

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