17| Um babaca

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Nada estava dando certo.

Alan havia bebido demais. Estava muito soltinho, e até mesmo havia se esquecido de mim. Eu estava sentada ao lado da mesa de doces, comendo para diminuir um pouco o desconforto.

De longe, vi ele soltar a menina ruiva a qual ele havia beijado agora à pouco, e agarrar outra cacheada ao seu lado.

Trinquei meu maxilar e me levantei, andando apressada até o lado de fora, sem me importar se estava me batendo com as pessoas.

Era cedo para voltar, mas era melhor do que ficar ali, fazendo papel de besta.

Enquanto eu caminhava para fora, escutei Alan me gritar.
Ignorei e continuei caminhando, sem olhar para trás, até sentir seu puxão em meu pulso.

ㅡ Pra onde você vai?!ㅡ falou embolado, com o bafo de bebida batendo em meu rosto.

ㅡ Volta para lá e me deixa em paz, Alan.ㅡ puxei meu braço de volta e continuei à caminhar.

Não deu nem cinco segundos para ele estar na minha frente.

ㅡ Qual foi, Penelope?! Para de ser chata! Caralho, eu só estava me divertindo!

Arqueei uma sobrancelha.

ㅡ Tá bom, mas eu não. Então você volta para dentro, e eu vou embora.

Ele bufou revirando os olhos.

ㅡ Vai ficar com raiva mesmo?ㅡ cruzou os braços ㅡ Tá com ciúmes?

Franzi o cenho e não pude evitar a risada que me saiu.

ㅡ Me poupe, Alan! ㅡ balancei a cabeça ainda rindo e o afastei do meu caminho, para voltar à andar, mas Alan tinha o defeito de ser insistente. Ele segurou meu braço novamente.ㅡ Cara, você é chato, viu?!

ㅡ Volta para dentro, Penelope.ㅡ mandou, sério.

Franzi meu cenho, e puxei meu braço, já irritada.

ㅡAh, é? E você vai me obrigar?! ㅡ ele trincou o maxilar ㅡ Você está bêbado, Alan. Vê se não volta dirigindo.

Me virei para ir embora.

ㅡ Você é uma babaca, Penelope! ㅡ ele berrou me fazendo olhar para ele por cima do ombro, mas sem parar de caminhar ㅡ Você deve ter uma buceta de mel pra se achar tanto assim!

Revirei os olhos, e quando retornei minha atenção para frente, me bati contra alguém que estava parado em meu caminho.

Olhei para cima vendo Dennis encarar Alan.

Me afastei rápido.

ㅡAh, me desculpe! Não o vi na frente.ㅡ Den, com esforço, baixou o olhar para mim.

Eu não sabia que ele frequentava essas festas, mesmo assim, engoli em seco e tentei passar por ele, mas seu braço segurou minha cintura, me fazendo parar surpresa.

O encarei, vendo ele ainda lançar um olhar mortal para Alan, que se calou e deu meia volta para dentro da festa.

Ignorei o quanto ele ficava lindo sério, e tentei recobrar minha consciência:

ㅡ Ah...ㅡ olhei para seu braço ㅡ Com licença?

ㅡ Posso acompanhá-la? ㅡ me olhou com seus lindos olhos azuis.

Eu devo tee corado violentamente, pois meu rosto chegou à arder sob seu olhar afiado.

ㅡ E-eu pego um uber.

ㅡ Está com medo? ㅡ um leve sorriso apareceu em seu lábios.

ㅡ Só não quero ocupá-lo.ㅡ respondi, percebendo que sua mão ainda estava segurando minha cintura.

ㅡ Te deixou em casa, em segurança. Não se preocupe, eu não mordo.

Minha garganta se fechou e, mais uma vez, o rubor me subiu.

Sem esperar minha resposta, ele me conduziu consigo até uma moto. Parei ao observar a máquina e ele soltou um risinho abafado.

Eu não conseguia nem imaginá-lo sobre aquilo, quanto mais eu!

ㅡ Vamos, Pen... Você é corajosa.ㅡ estendeu o capacete para mim.

ㅡ Nem pensar! Estou de saia, Dennis.ㅡ apontei para o meu tecido e ele baixou o olhar até ela, fazendo meu corpo se arrepiar.ㅡ N-não dá.

Ele se aproximou, colocando o capacete com cuidado em minha cabeça. E por um momento, eu odiei o meu corpo por não afastá-lo. Eu apenas o encarei nervosa, com seu corpo perto do meu, e suas mãos trabalhando em meu pescoço para encaixar o capacete.

Não pude deixar de notar o quanto seus lábios pareciam macios e convidativos, ao ponto de me deixarem perdida.

ㅡ Ninguém vai olhar. É só você ficar perto de mim.ㅡ fechou a tranca e me olhou logo em seguida, flagrando meu olhar em sua boca. Pisquei várias vezes, me xingando mentalmente por esse erro constrangedor.

Ele não falou nada, apenas se virou, indo até a moto.

ㅡ Dennis...

ㅡ Venha.ㅡ subiu na moto, me deixando sem jeito até para passar a perna pelo assento, sem encostar muito nele.

Respirei fundo e me apoiei em seu ombro antes de pegar impulso e subir atrás.

ㅡ Segure.ㅡ avisou ligando a moto, que fez um som de arrepiar a espinha.

ㅡ Segurar? Por...ㅡantes de eu terminar de falar, ele deu um impulso pra frente, me fazendo colar em seu corpoㅡ Cacete!

Ele riu e eu passei meus braços por sua cintura, com medo de cair, e não ligando mais para a saia.

Assim que a moto pegou velocidade, eu vi o quanto era bom estar ali em cima. Dennis tinha um cheiro maravilhoso, e sabia pilotar muito bem.

Me permiti fechar os olhos e desfrutar do momento,  apenas com o barulho da moto e do vento contra nós.

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Um Acordo ( Concluída)Where stories live. Discover now