Saí do carro, e andei até a porta da casa de Elsa. A casa que eu cresci e passei a maior parte da minha vida.
Toquei a campainha duas vezes, até que Joaquim abrisse a porta. Ele me abraçou pela cintura, e eu afaguei seus cabelos.
ㅡ Como você está, pequeno?
ㅡ Estou bem.ㅡ se afastou.ㅡ Entra.
Entrei, fechando a porta logo em seguida, e procurei Diana com os olhos, encontrando apenas Elsa ajeitando a mesa.
ㅡ Boa noite. Onde está Nana?ㅡ perguntei, tentando não transparecer nervosa.
ㅡ Olá, Penelope.ㅡ me olhou.ㅡ Sua irmã deve estar chegando com o paquera. ㅡ virou o rosto para que eu não visse a pequena expressão de desaprovação, falhando.ㅡ Joaquim, já lavou as mãos?
Joaquim fez que não, e saiu resmungando.
Andei até a escada, tentando decidir se eu subia ou não.
ㅡ Ah... Vou lá em cima.ㅡ subi sem escutar mais nenhuma piadinha sua, e fui até meu antigo quarto.
Não tinha ficado muita coisa, se não alguns adesivos na parede, colocados pela minha versão adolescente do passado, e o guarda roupa.
Suspirei baixando a cabeça.
Por que eu tinha vindo?
ㅡ Eu não mexi em nada.ㅡ Escutei a voz de Elsa atrás de mim.
Me virei.
ㅡ É, eu sei.ㅡ engoli em seco.ㅡ Diana me pediu oara vir, mas eu teria vindo de qualquer forma para vê-los.
ㅡ E eu estava esperando.ㅡ soltou, me fazendo franzir o cenho.ㅡ Você já é uma adulta, Penelope. Eu realmente não deveria me meter mais na sua vida, mas lembre que eu sou sua mãe... É difícil não se preocupar com os filhos.
Fiquei quieta e ela continuou.
ㅡ Pelo menos está bem acomodada?
ㅡ Estou em um apartamento no centro. É espaçoso para uma mulher que mora sozinha.
ㅡ Sozinha? Dennis não está fazendo morada lá? ㅡ arqueou uma sobrancelha e eu exalei.
ㅡ Ele não mora lá, mãe.
Ela não respondeu de imediato, mas não demorou para perguntar o que a incomodava.
ㅡ Por acaso, a relação de vocês evoluíram? Soube que ela ainda anda por lá, mesmo não morando.
Claro, Diana deve ter comentado.
ㅡ Sim. Estamos namorando.ㅡ respondi sem hesitar.
Elsa ficou quieta, e suspirou baixando os ombros. Ela balançou a cabeça e fechou os olhos antes de abri-los de novo, e me encarar.
ㅡ Imaginei. Espero que sejam felizes.ㅡ falou.ㅡ Prezo pela sua felicidade, filha. Não pense que a minha reação seja por sua causa... Só é precaução. Mas se foi o que você escolheu, só me basta lidar.
ㅡ Obrigada.ㅡ sorri fraco.ㅡ Eu estou feliz, sim, mãe. E estou ainda mais feliz por saber que a senhora vai tentar lidar com isso da melhor forma.
Fui sincera. Elsa assentou lentamente e se aproximou, me puxando para um abraço desajeitado, mas pelo menos era um abraço.
Ela nunca foi muito boa em demonstrar afeto, mas estava tentando dar o seu melhor. A abracei de volta, melhorando o toque, até alguém tocar a campainha.
ㅡ Sua irmã chegou. Vamos dar uma olhada no rapaz.ㅡ me fez rir baixo.
Descemos, e eu vi Diana com um vestido branco, e colado no corpo. Ela sorriu abertamente, mesmo quando viu a presença de nossa mãe.
ㅡ Mãe, Pen! Esse é Liam.ㅡnos apresentou o homem.
De perto, por mais jovial que ele apresentasse ser, dava para notar que não era mais novo que vinte e seis anos.
Elsa cumprimentou Liam, que sorriu e falou alguma coisa que eu não ouvi, pois meus olhos estavam quase que semicerrados e focado em seus traços familiares.
Os olhos eram muito, muito familiares. A barba por fazer, não escondia nem um pouco seu rosto um pouco conhecido.
Senti meu coração acelerar, e uma sensação de quase desespero me preencher assim que as paranóias me invadiram.
Não! Não! Não!
Minhas suspeitas só aumentaram, assim que seus olhos grudaram em mim, e um discreto sorriso de canto lhe apareceu.
Eu conheço esses olhos.
A bile me subiu de forma tão violenta, que eu pensei que fosse vomitar ali mesmo... No entanto, senti a mão cuidado de Diana me tocar, chamando a minha atenção para ela.
ㅡ Liam falou com você, irmã... ㅡ falou baixo.
ㅡ Penelope? ㅡ ouvi a sua voz asquerosa retumbar por todo o meu corpo.
Não podia ser a mesma pessoa! Os nomes eram diferentes, tudo era diferente!
ㅡ Olá, Liam.ㅡ acredito que minha voz tenha saído áspera, por conta da garganta seca.
ㅡ Ah, esse é Joaquim! ㅡ Diana desviou a atenção para o nosso irmão mais novo, que olhava Liam com os olhos de falcão superprotetor.
Eu não ouvi o que eles conversaram, nem quando Elsa o convidou para sentar na mesa. Parecia que meu corpo havia estagnado no lugar, e a minha única solução era fugir porta à fora.
Fechei os olhos, repetindo para mim mesma que estava tudo bem, e que toda essa sensação familiar era só uma peça bem feia que meu cérebro havia me pregado... E só assim, eu oude me mexer e me sentar como se estivesse tudo bem.
Mas não estava.
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Um Acordo ( Concluída)
RomancePenelope é uma garota normal, em seu próprio mundinho fechado, até se ver presa à um assassino misterioso, cuja identidade ela ainda não conhece, mas que anda a observando há muito tempo e que pretende protegê-la. -Quem é ele? E por que ele? - Nada...