Um Acordo ( Concluída)

18| Coincidência

Dennis não me levou para casa, ele me levou para comer algo. Assim que paramos na rua da orla, eu o olhei.

ㅡ Você disse que me levaria para casa.

ㅡ Você deve estar com fome.ㅡ tirou meu capacete ㅡ Aquele otário te seu alguma coisa pra comer, pelo menos?

Pisquei algumas vezes, ficando calada. Den balançou a cabeça e segurou em minha mão, antes de começar à andar para dentro da pizzaria, para a minha surpresa.

Eu ia reclamar, mas o cheiro me atingiu em cheio, me deixando atordoada e fazendo meu estômago roncar.

Ele me deixou na mesa do lado de fora, e entrou para fazer o pedido. Olhei para o lado, vendo as pessoas caminhando pela orla, algumas com seus animais na coleira, outras correndo com roupas de academia.

Calma, Pen... Ele está sendo gentil.

E eu não podia negar a minha fome.

Peguei meu celular, enviando uma mensagem para a minha mãe.

"Pen: Vou demorar um pouco, não se preocupe."

Desliguei o aparelho assim que Dennis voltou, se sentando do meu lado e não na minha frente.

Automaticamente fiquei nervosa, mas ele nem pareceu perceber, pois apoiou o antebraço na mesa e me olhou calmamente, analisando meu rosto.

Porra... Vou desmaiar...

ㅡ Me fale um pouco sobre você, Pen.

O jeito como ele falava meu apelido, de forma tão casual e como se já estivesse acostumado, me deixou mole igual gelatina.

ㅡ O que quer saber? ㅡ respondi.

ㅡ Hum...ㅡ ele fez uma cara de "tudo", mas só disse:ㅡ Por que sai para lugares assim, se você não gosta?

Como ele sabia?

ㅡ Eu gosto.ㅡ menti e ele sorriu levemente, me deixando corada.

ㅡ Gosta, é? ㅡ seus olhos baixaram um pouco e sua voz ficou calma, o deixando ainda mais atraente.

Ignorei a pontada abaixo do meu umbigo e continuei:

ㅡ Depende de quem está comigo.

ㅡ Como aquele cara? ㅡ inclinou um pouco a cabeça, parecendo enxergar  até a minha alma através do seu olhar afiado.

ㅡ Ele só estava bêbado.

Den ficou quieto, mas desviou o olhar para a minha mão sobre a mesa.

ㅡ E você? ㅡ tive coragem de perguntar.

Den não pareceu surpreso, apenas levou seus dedos até a minha mão, e começou à brincar. Como um gato brincando com o rato antes de devorá-lo.

Ele tinha essa postura intimidadora, mas tentava transparecer calmaria, na tentativa de não me assustar, provavelmente.

ㅡ O que você quer saber de mim, Pen? ㅡ perguntou sem me olhar, focado em minhas unhas cor marsala.

Seu toque me fez estremecer um pouco.

ㅡ É uma grande coincidência você estar nos mesmo lugares que eu.ㅡ falei, por fim, fazendo ele me fitar.

Me arrependi de ter dito isso, pois seu olhar se tornou gélido. Por alguns segundos, ele ficou calado, até retomar sua brincadeira com meu dedos, e desviar o olhar.

ㅡ Acha que estou a observando?

Engoli em seco.

ㅡ Acho uma coincidência.

ㅡ Você acredita no acaso ou no destino? ㅡ perguntou.

ㅡ Nenhum deles anda me agradando, pra ser sincera.ㅡ respondi baixo, como se estivesse hipnotizada ㅡ Mas, sim.

Ele levou seus dedos até meu pulso, virando minha mão para cima, onde seu polegar deslizou por minha tatuagem ali, na data em que meu pai havia falecido.

Dennis não respondeu nada, ainda mais quando as pizzas chegaram, tomando minha atenção.

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