66| Confiança

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Foi como se o tempo tivesse parado.

Não consegui desgrudar os olhos dos seus, embora meu coração estivesse acelerado e gritasse para eu fugir.
Dennis se agachou, parecendo ainda atordoado, e tentando pensar em algo eficaz.

ㅡ Você está bem? ㅡ foi a primeira coisa que ele perguntou, me avaliando por completo com os olhos.

Embora seu rosto estivesse demonstrando o quão cansado estava e da preocupação que parecia palpável, ele continuava sendo o meu lindo Den.

Não consegui responder, então meus olhos voaram para o corpo do pai dele, isso só fez meu estômago revirar.

ㅡ Vou tirá-la daqui.

Eu estava em choque, essa era a palavra. Den me ajudou a levantar, e pegou a chave da porta, a abrindo e me deixando passar primeiro.

Minha mente se recusou a gravar muita coisa, apenas Den trancando a sala e falando com alguém ao telefone.
Ele deu ordens à alguns seguranças que apareceram na nossa frente, e irritado, me levou até o lado de fora.

Ele abriu a porta do seu carro e falou:

ㅡ Fique aqui e não saia. ㅡ levantou as duas sobrancelhas.ㅡ Vou resolver isso.

Eu ia falando algo, mas ele fechou a porta e saiu. A postura de Den estava tensa, ate seu jeito de andar estava me intimidando.

Fiquei horas ali, ainda com a sensação de irrealidade. Eu estava parada, olhando fixamente para a rua escura.

Vi o mesmo cara de cabelos brancos que estava no carro da faculdade, chegar com mais dois homens, e entrar.

Me encolhi no banco.

Quem eram aquelas pessoas?

Eu queria muito sair e correr daqui, mas isso seria ainda pior. Controlei minha respiração e tentei acalmar a tremedeira nas mãos.

Encostei minha cabeça no vidro, e fechei os olhos.

Após um bom tempo me acalmando, confesso que senti algo relacionado ao alívio.

A vingança não costumava ser meu forte, mas o gosto era bom.

Mesmo assim, era difícil não ficaria com a consciência mexida. Eu não sabia o que pensar ou que achar disso.

Eu sabia que tinha assumido o risco ao aceitar ir com Day, e ao pegar o canivete. A culpa era minha, não era? O que me incomodava era que mesmo assim eu não me arrependia, por mais que tivesse sido um ato impensado.

A porta do motorista foi aberta, me sobressaltando. Den não entrou de imediato, alguém o parou.

ㅡ Dennis, o que vai dizer à elas?

Den encostou a porta, abafando um pouco as vozes.

ㅡ Ele já tinha muitos inimigos, esse seria seu fim, certamente. Apenas faça como eu mandei.

ㅡ Eu sei mas...ㅡ uma pausa.ㅡ Porra, como você consegue?! Não pode resolver tudo dessa forma!

ㅡ As pessoas pagam por seus atos, Lucas. Vamos todos pagar um dia.ㅡ abriu a porta.

Isso fez meus olhos marejarem.

Era pra ele estaria com raiva, e não tentar tampar o que eu havia feito. Era o pai dele.

Balancei a cabeça. Tales havia matado o meu pai. Arquitetou a sua morte minuciosamente.
Se era certo que as pessoas pagavam pelo o que faziam, então a conta dele chegou, e que eu tivesse a minha.

Um Acordo ( Concluída)Where stories live. Discover now