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JUNGKOOK ELTHER

Cinco dias se passaram desde que a senti tocar minhas cicatrizes pela primeira vez, na real Sn foi a primeira que tocou porque todos que tentaram fazer isso tiveram seu sangue derramado com fervor. Essas cicatrizes talvez seja minha maior fraqueza, admitindo para mim mesmo é difícil vê-las e ainda por cima tocá-las. É raridade estar sem camisa e quando estou sei que o pessoal a minha volta evita ao máximo falar sobre isso porque sabem que sou capaz de matar alguém desta maneira. Quando meu pai ainda estava vivo, muitos falaram das minha cicatrizes e quem tem algo marcante em sua pele que pode ser alvo de certas piadas, sabe do que estou falando.

A maioria do tempo não lembro que as tenho e talvez essa seja a melhor parte do lugar que elas estão, afinal de contas ninguém fica tentando enxergar as costas o tempo inteiro. Não doem, mas sinto como se voltasse no tempo através de um choque de pele quando deslizam o dedo sobre elas. Como Sn fez. É claro que fiquei com raiva, ela não tinha direito de tocar, mesmo que estivesse curiosa e cheia de perguntas. Até porque ninguém consegue segurar aquela boca de cobra dela.

A causa disso foi pela morte da minha mãe, quando meu pai nos encontrou na Noruega, fez questão de ir até lá. Para me trazer de volta ao país cujo nunca deveria ter saído e para matar minha mãe por ser inteligente o suficiente para enganá-lo por mais de vinte anos. Naquele dia foi o que mais lutei com todas as minhas forças para quem eu mais amava no mundo não morresse. E de nada adiantou. Fui preso e algemado pelos capangas de Erik, ele me bateu por ser insolente e tentar protegê-la e depois a matou na minha frente. Lembrar disso faz cada grito dela ecoar em minha mente.

- Cara, você tá aéreo! - Namjoon estalou o dedo na frente do meu rosto e pisquei saído dos desvaneios e encarando a caixa preta a minha frente.

- Tá assim por causa do rolo da Sn? - Perguntou Jimin entrando no escritório segurando uma taça com, o que sugiro ser, whiskey. - Da mão dela? Pelo menos não deu em nada.

- Não. Não foi isso e se fosse a teimosa é ela. Não é culpa minha. - Suspirei abrindo a caixa e me deparando com muitos papéis, papéis que felizmente sabia bem o que era. - Ela tocou minhas cicatrizes de enxerida! - Bati a mão contra a mesa. Todos eles sabem das minhas cicatrizes até porque já fiquei sem camisa na frente de todos dali, e também sabiam os motivos, sabiam o que eu senti, sabiam que me deixava extremamente desconfortável e por algum propósito respeitavam bastante meu desconforto perante a isso. Até porque eu também nunca iria brincar, bajular ou tentar tocar inseguranças de outras pessoas as tornando ainda mais fracas e vulneráveis.

- E continua viva? Uau, isso é um grande avanço. - Comentou de novo se sentando na poltrona em minha frente.

- É. E eu descobri que ela levou uma facada do próprio irmão porque queria ler na biblioteca do pai e o irmão alegou que estava estudando e não queria que ela lêsse. -  Batuquei contra a mesa analisando as feições surpresas deles.

- Cara essa família é muito bizarra. Dar uma facada na própria irmã por querer ler? - Namjoon indignado juntou as pernas e as mãos depois de gesticular para cima. - Protejo a minha de todas as maneiras que me são capazes e o cara simplesmente tenta matar a própria irmã.

- O ódio deles por ela provém de sua cor. - Bufei. - Imagino que o Raul, mesmo se deitando com uma mulher preta e de origem africana, acreditou que sua filha seria branca e parecida com ele. Tenho certeza que ele tinha um plano para isso, um plano para de a Sn fosse diferente. Ele iria descartar a mãe dela e possivelmente a apresentar como filha do casamento atual. Só não sabemos porque ele iria querer isso. E pelo visto assim que ele viu que ela na verdade seria preta como a mãe, ele faria de tudo para abafar o caso. Assim como fez e as colocou como empregadas doméstica.

DÍVIDA PERFEITA | Livro I • JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora