DÍVIDA PERFEITA | Livro I • JJK

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SN SILVA

Aquele era o maior ato de amor que eu vivenciava em toda minha vida. Na verdade eu não vi o que estava acontecendo, mas o que parece era que Taehyung tinha encontrado sua namorada morta e seus gritos com o Jungkook só me confirmaram isso. Tudo bem que tudo aquilo ali parecia um filme de terror da vida real cujo nunca imaginei presenciar, eu devia estar no carro agora mas me parece muita informação. Uma pilha de corpos de mulheres amontoados e acabo me perguntando se não fizeram mais nada além dos tiros. Mesmo sabendo que a resposta é óbvia.

Há muitas pessoas ruins no mundo, mas o que fazem parte de uma máfia tem uma maldade no coração que nem sou capaz de descrever. Tá, eu estou me envolvendo com um mafioso e talvez não o ache um bicho de sete cabeças assim, e isso é porque imagino o quanto ele sofreu. Sei que nesse mundo da máfia, o sofrimento pode ser um dos motivos, mas também sei que o mais comum deles é a vingança e o poder. A ideia de ter pessoas em sua mão e ter a capacidade de mexer em coisas que afetem muito mais do que seu território é incontrolável.

A vingança deixa muitas pessoas cegas, e às vezes nem é um motivo grande. Homens a todo momento matam mulheres por traí-los, ou homens por ter pegado sua mulher e um motivo assim basta para querer muito mais. Daqui a pouco a ideia de aterrorizar mais pessoas como outras famílias, toma sua cabeça e logo essas famílias, por medo, cede a todo aquele poder. Certa vez um psicólogo falou sobre um assassino, a maioria deles sente prazer em matar, e porque? Sua mente maligna fora condicionada a isso por uma série de fatores.

Muitos desses fatores são relacionados a família ou a criação. Não conheço o Taehyung o suficiente, mas do Jungkook talvez tenha propriedade para falar. Imagino o quão a mente dele fora abalada, porque viveu normalmente por muito tempo, até se tornar um adulto e ter suas metas e objetivos. E de repente foi obrigado a herdar tudo que o pai fazia. Obrigado a ter contato com arma, com droga. Teve a mãe morta em sua frente da maneira mais brutal que se possa imaginar para um momento inimaginável como esse. Sinceramente? Ele foi sim um monstro, por que é uma certeza que o psicológico a abalado o fez fazer muita merda.

O tipo de merda que um assassino psicopata faz.

Meu olho continuava a passar pelos corpos caídos, aquele sangue escorria pelo piso branco como óleo, sempre senti uma angústia enorme assistindo cenas de massacres e mortes. Mas isso? Isso aqui é muito para mim. Imagino o quão todas essas mulheres sofreram, muitas entraram na prostituição por conta da própria família e infelizmente sei que isso é muito mais normal do que pensam porque no meu país isso também acontece. Às vezes a mulher quer uma nova vida em relação ao financeiro e às vezes a família a entrega porque deve dinheiro para um traficante.

E é sim admirável o fato delas poderem escolher em cada coisa nessa boate. Mesmo que não seja nada do que a maioria desejava. E mais é mais admirável ainda que Jungkook seja capaz de pagar elas com um dinheiro que elas merecem e não recebendo células em seus corpos que não dão nem para fazer a feira do mês. Mesmo que seja o mínimo, esse mínimo nenhum faz. Esse mínimo nenhum dos caras que tem dinheiro e poder nas mãos é capaz de corgitar em fazer.

Jungkook é definitivamente o mafioso mais humano que já vi. A começar por ter a coragem de admitir seus sentimentos da maneira que ele fez esta noite. Quando disse que queria que eu tocasse suas cicatrizes aquilo foi como perder o chão. Meu estômago revirou e por pouco não senti dor de barriga. Porque eu sei o quão essas cicatrizes o abala, o quão elas carregam coisas passadas e pesadas cujo ele ainda não está pronto para enfrentar. E ainda sim disse com todas as palavras "quero que toque minhas cicatrizes e saiba da minha história". E eu desejo sim conhecer cada história de sua vida.

De repente um segurança ficou em minha frente tampando minha visão já turva por conta das lágrimas dos milhares de pensamentos. Passei a mão de forma rápida por minhas bochechas vendo o careca na minha frente com a mesma roupa preta que todos aqueles caras usam, acompanhados de colete à prova de balas e pistolas por todo canto do corpo. Isso nem chegava a me assustar mais, parecia que conhecia cada um ali, seus olhares não me davam medo e sinto que já tinha aprendido a ler todos eles.