DÍVIDA PERFEITA | Livro I • JJK

[ 16X - 6 ]

SN SILVA

Nós não demoramos nem uma hora para sair de casa, já iam dar nove da noite mas ainda sim Jungkook insistiu para irmos. No carro, por algum milagre, uma música da Taylor Swift tocava baixo o que me fez cantarolar talvez alto demais. Cerrei os olhos olhando de maneira descarada enquanto ele girava o volante com uma mão só, de mangas dobradas até o cotovelo e as muitas tatuagens sem significado algum espalhadas pelo seu antebraço. Céus aquela visão é realmente um pecado, não sei se são seus braços que mais me chamam atenção ou se são suas grossas nessa calça preta social.

- Sua voz é muito bonita. - Fechei minha boca parando de cantarolar depois de virar a cabeça rapidamente para a frente para que ele não percebesse meu olhar queimando sobre seu corpo, engasguei com minha saliva e tossi forte feito uma louca. - Tá tudo bem?

- Está. - Bati contra meu peito. - Obrigada.

- Fica envergonhada de falar sobre isso? - Pelo visto ele percebeu. Minha voz foi meu amuleto de fuga muitas vezes, eu costumava cantar as músicas que minha mãe cantava para mim quando criança, geralmente depois de algo ruim acontecer, o que acontecia todos os dias. Nunca fui alguém que canta alto demais, a não ser no chuveiro meu tom de canto sai como um sussurro. Também tinha medo de que eles reclamassem da minha voz, ao menos isso temi quando menor.

- Não é todo mundo que me vê cantar e... não me sinto tão confiante, eu só me sinto mais leve quando canto. É como uma válvula de escape. - Olhei para ele enquanto paramos no semáforo, ele passou o olho por meus cabelos e desceu para meu nariz, mas ainda assim suas sobrancelhas se juntaram fazendo a testa franzir em pequenas rugas, num semblante de preocupação.

- Por acaso eles já implicaram com a sua voz? - Neguei rindo sem graça, entendi muito bem que eles eram. Os maiores monstros da minha vida.

- Não. Não porque nunca cantei para que eles vissem, tinha medo de que me tirassem isso também. - Minha voz foi ficando cada vez mais baixa conforme fui terminando a frase e ainda sim acabei por gaguejar. Ele nada disse, só escutei um longo suspiro.

- Devia cantar alto, gostaria de te ouvir. - Ri encarando minhas mãos e unhas grandes e mal feitas, receber os elogios de Camila não era a mesma coisa disso. E isso me faz lembrar de que não devia gostar tanto.

- Há muitas coisas cujo sinto vergonha, Jungkook. Isso é uma delas. - O mafioso não insistiu, me surpreendendo mais uma vez com sua capacidade de não insistir quando algo incomoda alguém. - E você?

- O que? Eu não canto, sou péssimo com isso! - Ele negou gesticulando e eu ri, já que nem tinha formulado a pergunta e ele respondeu.

- Não, ia perguntar quantas tatuagens tem. - Encarei seu braço, e mesmo sendo traços bonitos de desenhos esquisitos ficava charmoso naquele braço veiudo.

- Pare de contar na cinquenta. - Deu os ombros encarando os próprios braços. - Já devo ter muito mais que cem, mas também já parei. Não que me arrependa, são loucuras que a máfia me fez cometer, já convivo com muitas coisas piores do que esses desenhos malucos.

- Uau, muita coragem. - E de fato eu acho isso, tenho vontade de fazer algumas mas sou meio rancorosa e penso demais nas coisas. E se eu não gostar? E se passar dois anos e eu quiser tirar? É caríssimo pagar para tirar uma tatuagem, nem vendendo meu rim sou capaz disso.

- Não tem vontade de fazer?

- Tenho. Já pensei em fazer algumas... tem a lotus geométrica, queria fazer ela entre meus seios, mas eles são grandes e caídos, não ficaria tão bonito quanto o dessas mulheres que tem o peito bonito e durinho. - Gesticulei apertando os meus e os levantando, o peso dos seios é a pior coisa que uma mulher pode ter, juro. Peito grande é o desejo de muita gente e o pesadelo de outras. Eu o acho sim bonito, principalmente quando estou nua, mas odeio perder roupas por ele e me achar vulgar quando coloco um decote. Já basta o peito mexer como uma gelatina, ainda corre o risco dele pular da roupa completamente. - Quem sabe quando eu fizer uma redução ou por um silicone pra levantar eles!