Capítulo 18

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Anastácia Stelle

Um som oco e muito alto cortou a noite. Depois outro
estampido e mais outro.
— Estão atirando. — Lobo levou uma mão ao comunicador
enquanto a outra se colocou à minha frente de forma protetora.
Meu coração subiu para a garganta quando os barulhos
começaram a aumentar.
— Reúnam toda a equipe, precisamos remover o Cristal
AGORA — ele gritou e sacou a arma logo em seguida, virando-se
para mim. — Cortaram as luzes, estamos com acesso apenas nos
comunicadores, já acionei toda a equipe, vamos levá-la para a casa
de apoio, conhece o endereço, certo? — referiu-se a uma casa
segura, onde eu deveria ser levada em casos de emergência.
— S-sim — gaguejei. — Meu pai me fez decorá-lo, já que só
eu e ele sabemos onde fica.
— Certo. — Ele colocou a mão em meus ombros e me
encarou sério. — Fique atrás de mim até chegarmos à porta, depois
disso, quero que fique ao meu lado, abaixada. Vamos em direção
aos veículos, entendeu?
— Porta, abaixa, veículo. Entendi — repeti. Ele me observou
por mais um segundo, segurou meu rosto entre as mãos e
depositou um beijo rápido em minha testa.
— Vou tirá-la daqui em segurança. — E a correria começou
sem que eu nem sequer tivesse tempo de assimilar tudo que estava
acontecendo entre nós.
Lobo agarrou o casaco do seu terno e o jogou sobre meus
ombros. Sacou a arma e começou a andar até a porta. Segui seus
passos e enquanto ele observava cada canto, mais e mais tiros
podiam ser ouvidos do lado de fora dos portões.

— Espera — pedi de súbito e me abaixei rapidamente,
agarrando a garrafa de uísque. — Pronto, podemos ir.
— Para quê infernos está levando essa garrafa? — Ele
arregalou os olhos como se eu estivesse com uma melancia
pendurada no pescoço.
— Me defender, ora. E também pretendo terminar de bebê-la
caso eu sobreviva. — Ele rosnou e me empurrou para suas costas.
— Equipe Beta, preciso de cobertura. Estamos na academia
de dança, na escuta — Lobo disse no comunicador e imediatamente
duas luzes vermelhas surgiram no chão do lado de fora da
academia. — Vamos. — Ele me colocou ao seu lado e me abaixou,
envolvendo meu corpo com uma mão e segurando a arma com a
outra.
Abracei a garrafa e segui correndo ao seu lado.
— Que luzes são essas? — gritei. Os tiros ficavam mais altos
a cada segundo. — Eram os mocinhos?
— São os atiradores de elite. Fazem parte da minha equipe
Beta, não se preocupe com eles. Foque em andar o mais rápido
possível.
Continuei correndo. As pedrinhas pelo caminho machucavam
meus pés descalços. Chegamos ao carro e Shaw já nos esperava.
— Entre rápido, senhorita. — Ele abriu a porta e praticamente
me jogou dentro do carro. Nunca o vi agir de forma tão ágil.
Shaw e Lobo entraram no veículo e trancaram a porta.
— Coloque os cintos, senhorita Stelle — Lobo orientou e me
apressei em colocá-lo. — Estamos com o Cristal. Vamos sair, deem
o fora desse lugar, AGORA! — ele gritou no comunicador e um atrás
do outro, os carros começaram a se mover.
— Equipe Beta, o caminho pela estrada está liberado? —
Lobo continuou a conversa e logo em seguida pareceu mudar o
comunicador, agora falando com outros seguranças. — Lyon, na
escuta? Siga o caminho da estrada padrão, nossos atiradores
garantiram a passagem.
— Pode ficar tranquila, senhorita Stelle , os carros são à prova
de bala, como deve imaginar. — Shaw disse e também sacou a
arma. — MISERICÓRDIA!

— Aaaaaa! — gritamos juntos quando algo atingiu a janela do
nosso carro.
— Acelerem e abram espaço. Vamos, vamos, vamos! —
Lobo apertou o volante com as mãos. — Prepare-se, Shaw. Não
tenho visão do atirador pelos retrovisores. — Shaw murmurou algo
que não entendi e segurou a arma com ambas as mãos. — É um
bom momento para fornecer o novo endereço, senhorita. — Virou-
se para mim e depois de piscar umas duas vezes, ditei o endereço.
Mal conseguia acreditar que minutos antes eu estava vivendo
uma das sensações mais gostosas e surpreendentes da minha vida
com aquele mesmo homem que agora dirigia de forma ensandecida,
tentando nos livrar de quem quer que fosse.
Assassinos malditos!
Estávamos correndo numa velocidade tão rápida pela estrada
que eu nem sequer conseguia me mover, mas assim que
alcançamos a rodovia principal fomos abraçados por uma calmaria
suspeita.
— Despistamos eles? — Shaw olhava para trás, esperançoso
e seus olhos escuros recaíram sobre mim, que estava congelada no
banco de trás.
— Duvido muito — Lobo o respondeu. — Estamos em três
carros, não acho que eles nos perderam de vista. — Ele acionou o
comunicador mais uma vez. — Atenção equipe, fiquem atentos.
Podemos ser surpreendidos a qualquer momento.
O telefone de Lobo começou a tocar e ele jogou o aparelho
no banco de trás sem desviar o olhar da estrada.
— É seu pai — avisou e eu agarrei o telefone com as mãos
trêmulas.
— Pai! — Minha voz surgiu alta e estridente.
— Anastácia , você está bem? Se machucou? Já estão em
segurança? — Ele disparou um milhão de perguntas e meu coração
se partiu em dois ao notar o tom de desespero profundo em sua
voz.
— Vou ficar bem e não me machuquei. Estamos indo para a
Casa Sul — referi-me ao local secreto que vínhamos guardando
desde a morte de Magnólia. Uma casa altamente preparada,

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