capítulo 30

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Luan

Nasci e cresci no complexo do Vidigal, cria raiz do Rio de Janeiro, mandando o papo sincero pra geral, eu cativo aonde passo e sim, sou um real cria, pega a visão na minha trajetória.

Na maioria das famílias que criamos na rua, sustenta aquela que não temos em casa. Perdi minha família cedo, morô, quem me acolhe é a madrinha da Lorena, minha comadre também.

Passo maior parte do tempo na biqueira ou no asfalto, mas tiro uns cochilo e mato a larica na base da Júlia.

Essa semana teve treta pra caralho na pista, quem tá de fora não vê que nós é fechado com o amigão lá do céu. Se não fosse ele nos livrando das marola da vida, nem estava contado história hoje.

Já vi a morte surgindo na minha frente, mas como eu sou abençoado, graças a ele, hoje dou risada das mil fitas.

Lorena pra mim é minha vida, papo reto irmão. Uma mulher foda, que eu pude crescer e vê evoluir na quebrada, tem uma postura da porra, e geral fala que ela é parecida com o Diogo, mas pra mim ela é a copia da dona Fernanda.

Daria minha vida sem pensar por essa malucona, as vezes ela marola nas ideia mas falei que minha missão na terra, é cuidar dela, esse é o papo.

Com meus 23 anos, me vejo mais envolvido no tráfico, nunca foi uma escolha, e sim destino. Não me vejo em outra área, não sendo segurando uma parafal na bandoleira.

Vidigal minha paz, favela vive.

Mayara: Então, entre falar a verdade tu jogou a pica pro meu irmão? Sério Luan, se tu fala que gosta de mim, por que mentir falando que não pode escolher entre eu e a Lorena?

-Papo reto, Lorena é minha prioridade em todas as vidas, gata. É imaturo tu mandar eu escolher entre tu e ela.

A mina surtou com a Lorena, tô ficando com a Mayara, ela é firmeza, fode bem pra caralho e me deixa amarradão. Mas pegou no pé da única mulher que manda em mim.

Também não ia curtir, se eu ficasse com ela e ela transasse com um amigo dela. Mas eu e a Lorena, é um bagulho sincero, nem sempre é sexo, mas não vou mentir que não nego nada pra ela.

Mayara: Não tô pedindo pra tu escolher. -se aproximou do portão -Tô só pedindo pra tu, se controlar naquele sentido.

-Tu não quer que eu transe com a Lorena, é isso?

Mayara: Sim. -alisou meu rosto e eu desviei o olhar -Não é uma competição, eu gosto da Lorena , entendo que ela é a sua prioridade. Só tô te pedindo algo simples.

Bem, não é simples quando se trata do clima tenso que eu tenho com a Lorena.

-Vou vê essa fita aí. -montei na moto e ela assentiu entrando em casa

Depois de hoje no bar, a briga feia que deu, trouxe ela pra casa. O Índio tá praticamente me empurrando pra ficar grudado na irmã dele o tempo todo.

Nunca vi malandro empurrar a irmã nesse nível.

Mas tem um real motivo, que se chama , Lorena. O Índio tá vidrado nela faz uma cota e eu já tô ligado nisso. E quando eu disse que morreria por ela, eu também digo que, mataria por ela. Se ela se machucasse, eu mataria por ela.

A atitude dele depois que a Lorena foi embora do bar com o Jr foi previsível.

Mandou a Nicole pra salinha e fez as própria colega dela bater nela. Depois ficou bolado, por que o Teco falou algo, e ele disse que a Lorena sabia se defender. Ouve algumas ameaças, e eu tô ciente que tem caroço nesse angu.

Voltei pra biqueira e fui pra base da Júlia, não ia dormir com a Lorena, muito menos com a Mayara. Queria refletir na minha.

Julia: Chegou, meu neném. -falou assim que eu abrir a porta colocando o fuzil no chão

-Aí tu mancha minha cena coroa, tenho 23 anos, bandido mal. -resmunguei indo até ela -Posso marolar aqui hoje?

Julia: Minha casa, tua casa. -levantou alisando minha testa -Já comeu?

-Não, tô na larica.

Julia: Então, vá tomar banho e depois venha comer. -ordenou passando por mim

Sempre foi assim, eu sendo mimado pela mulher que se dispôs a fazer um perfeito papel de mãe pra mim.

A dona Fernanda também me mima bastante, mesmo depois de descobrir meu lance com a Lorena. Daria uma boa sogra.

FAVELA VIVE (REVISANDO) + (CONCLUÍDA) REPOSTANDOWhere stories live. Discover now