capítulo 43

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Teco

Toda história tem dois lados, a real é essa. 23 anos atrás eu era apaixonado por uma morena da baixada e todos sabiam o quanto eu deixaria ela destruir minha vida. Tivemos um lance, uma transa fenomenal.  Naquela época eu tinha um melhor amigo, Diogo. Descobrir que ele pegou a minha mina, eu era apaixonado mas liguei um foda-se. Foi uma apunhalada nas costas, não vou mentir que pensei em matar o meu irmão do peito.

Tempo passou, ela ficava comigo e com ele, até que um dia ela escolheu ele, eles namoraram, ela engravidou, terminaram e ele morreu em um confronto.

Eu criei a Lorena, junto com a Fernanda como minha filha mermo. O bagulho é esse, uma conexão bem antes dela nascer.

Fernanda: Podemos conversar? -falou abatida na salinha e eu levantei a cabeça parando de contar o dinheiro sujo

Não tava conseguindo pensar em mais nada além de salvar a Lorena, precisava de algum foco.

Não tô entendendo o aperto no peito que eu tô sentindo.

-Podemos morena. -cocei o nariz e apontei pra cadeira ao meu lado

Ela me encarou chorando e eu olhei nervoso, odiava ver as pessoas triste. Papo reto.

Fernanda: Desculpa. -sussurrou

Imagino que ela tá arrependida por ter descontado o estresse em mim mais cedo, não estamos mais na mesma ligação que antes, aí o bagulho se perde.

-Eu tô ligado que tá complicado morena, vão encontrar ela pô, passaram algumas horas só.

Fernanda: Encontraram. -falou baixo -Mas ela provavelmente não vai querer voltar pra casa.

-Ela tá aonde?

Fernanda: Cidade de Deus. -respirou fundo -O Índio saiu pra ir buscar ela.

-Como assim ela não vai querer voltar pra casa?

Fernanda: Ela tá com a familia por parte do Diogo, na favela, contaram a verdade pra ela.

-Verdade?

Fernanda: Ela tá com raiva de mim, Thiago, e precisamos conversar.

-Manda o papo, tá confuso entender mermo. -cruzei os braços -É tua única filha, imagino que tu deveria ir atrás dela resolver.

Fernanda: É a nossa única filha. -falou baixo

Olhei confuso mas não falei nada, apenas sentir um aperto no peito.

-Nossa? -repeti baixo

Fernanda: Lorena não é filha do Diogo, é tua. Engravidei antes de assumir que queria ficar com ele. -abaixou o rosto -Eu escolhi dizer que ela era dele na época, por que sim, eu via mais futuro com ele.

-Fernanda. -levantei colocando a mão na cintura

Fernanda: Ela descobriu lá, tão cobrando uma herança por meio do sequestro, não tenho dinheiro e ela está muito chateada comigo.

-Ela não quer voltar por tua causa. -falei baixo ligando as peças

Cidade de Deus, a minha filha, eu sou o pai.

Fernanda: Tu não pode ir atrás dela, agora.

-Quê?  -encarei incrédulo e virei pegando a chave da moto

Desci as escadaria correndo passando pelos vapores. Coloquei o capacete e montei na moto acelerando.

Precisava chegar no CDD, talvez ela esteja confusa e odiando a ideia de ter um pai tão perto. Mas tá machucando saber que eu poderia ter sido um pai foda.

Eu queria estar presente e confirmar que era pai dela na primeira formatura, quando ela chorou por que não tinha ninguém pra beijar sua testa na entrega dos diplomas. Mas eu tava lá, escondido mas observando sua conquista.

Eu queria dizer que sou orgulhoso, mas que amava demais ela.

Porra Fernanda, tu não tinha esse direito.

Cheguei na quebrada e desci da moto analisando o morro.

Xxx: Suave patrão?

-Na paz. -olhei o celular -Eu preciso saber se essa menina chegou por aqui.

Eles encararam o celular e depois olharam pra mim.

Xxx: Positivo.

-Minha filha, Lorena. -falei baixo e eles passaram um rádio

Observei a Lorena no carro que se aproximou, o Índio tava dirigindo e eu encostei no vidro vendo ela com os olhos vermelhos.

Lorena: Tu sabia? -olhou pra mim e eu neguei -Ela não podia ter escondido.

-Eu, nem sei o que falar, papo reto. -abaixei a cabeça

Lorena: Teco?  -olhei pra ela e neguei

-Thiago. -falei suave

Lorena: Eu preciso muito, de um abraço. -saiu do carro me agarrando

Apertei forte contra o meu peito e beijei sua testa.

-Ninguém vai te machucar, eu tô aqui. -sussurrei e ela assentiu

Lorena: Eu sei, pai. -sussurrou

FAVELA VIVE (REVISANDO) + (CONCLUÍDA) REPOSTANDOUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum