Capítulo 1

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Que delícia.
Suspirei profundamente ao caminhar pelo corredor da faculdade, cerrando os olhos ao receber uma intensa dose de raios solares enquanto passava pelas vastas janelas do terceiro andar. Assim como várias pessoas andando ao meu redor, tirei meus óculos escuros da bolsa e já os coloquei, voltando ao meu estado de tranquilidade gratuita, típico de sextas-feiras após a última aula.

– Quer ir à festa dos calouros no sábado à noite? – Dianna, uma das poucas garotascom quem havia feito contato mais do que duas vezes desde que iniciara o curso, perguntou ao me alcançar quando já descia as escadas para o primeiro andar – Eu e Ashley vamos comprar roupas mais tarde. Se quiser vir com a gente...

– Desculpe, não posso – falei, porcamente demonstrando um desapontamento quenão existia porque eu odiava aquele tipo de festa; se eu quisesse ver cerveja, drogas e pessoas aleatórias transando, Skins satisfazia muito bem meu desejo – Meu fim de semana já está preenchido.

– Vai sair com o seu namorado, é? – Ashley piscou, entrando na conversa com umsorrisinho sacana – Acha que ele consegue preencher o meu fim de semana também?

– Não seja egoísta, tem bastante pra nós três – Dianna complementou com a vozesganiçada, rindo de sua própria ousadia.

Não pense que meu excelente humor fora afetado por aquela conversa podre que entrava por um de meus ouvidos e saía pelo outro sem deixar vestígios em seu caminho. Ou talvez apenas alguns, porque meus olhos reviravam sozinhos a cada idiotice que elas diziam.

– Ele não é meu namorado. Não precisamos de rótulos desse tipo. Estamos juntos,ponto final. – Sorri com cinismo, sem nem sequer olhar para alguma das duas – Ah, acabei de me lembrar de uma coisa. Não preciso dar satisfações a vocês! Então podem continuar molhando suas calcinhas enquanto eu vou procurá-lo no estacionamento. Divirtam-se na festa, comprem lingeries devassas e pelo amor de Deus, não fiquem grávidas.

Ouvi as duas rirem de minha resposta ácida, já sabendo que eu não fazia a simpática quando o assunto era aquele. Uma mulher precisa deixar bem claro que seu território não seria invadido, e eu não media esforços para realizar essa tarefa com excelência.
Deixei o prédio, imediatamente grata pelo tempo agradável daquele meio-dia, e nem precisei procurar muito. Com os braços cruzados firmemente sobre o peito, cobertos por sua jaqueta preta, ele me esperava sobre sua moto amarela, examinando todos os alunos que conversavam descontraidamente ao seu redor com o cenho franzido pela luz do sol por detrás de seus óculos escuros. Assim que comecei a caminhar em sua direção, um dos lados de sua boca se ergueu num sorriso milimétrico, e mesmo estando a metros de distância, me arrepiei. Que indignação adorável aquele charme me trazia.

– Você precisa parar de seduzir minhas amigas – falei tediosamente quando cheguei até ele, que agora estava de pé me esperando – Qualquer dia elas me prendem no banheiro e te atacam. É sério.

Harry soltou uma risada rouca ao lançar um olhar breve para o portão por onde eu havia saído, recebendo dois acenos promíscuos de Ashley e Dianna. Revirei os olhos pela décima nona vez.

– Que amigas? – ele perguntou, dissimulado, me puxando pelo pulso até me aprisionar num abraço apertado e aproximar seu rosto do meu de forma que seus lábios roçassem nos meus a cada palavra que ele dizia – Não vi ninguém... Estava distraído imaginando o conteúdo dessas suas calças justas pra notar as outras pessoas.

Dei um sorriso desconfiado, um tanto embriagada com sua respiração tão próxima da minha e o perfume que vinha dele. Ele era, facilmente, o amontoado de células mais odiosamente atraente que existia.  
                 
– Não estou convencida – resmunguei, vendo-o dar um sorriso sujo e erguer uma sobrancelha. Postando suas mãos em minha cintura, Harry me puxou para ainda mais perto e venceu a distância restante entre nossos lábios, beijando-me calmamente. Agarrei sua jaqueta, sorrindo ao perceber que ele me torturava com os movimentos vagarosos de sua língua, e admiti minha derrota.

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