Capítulo 18

2 1 0
                                    

Meus olhos estavam grudados há cerca de sete minutos no relógio quando enfim a
campainha de minha casa tocou. Levantei num pulo e corri até a porta, abrindo-a e deparando-me justamente com quem esperava ver.

– Você veio – suspirei, aliviada – Obrigada.

Elliot arregalou os olhos, ligeiramente assustado com meu desespero evidente.

– Do jeito que você falou, parece que eu tenho um ótimo motivo para estar aqui –ele deu de ombros, entrando em minha casa sem precisar de permissão – Se não for ótimo, ao menos deve ser importante.

Tranquei a porta e me virei em sua direção, a tempo de vê-lo observar minha sala de estar com uma expressão um tanto desgostosa. Após a breve inspeção, ele girou em seus calcanhares e voltou a me encarar, com um sorrisinho ameaçador.

– E se não for nem ótimo, nem importante, que seja ao menos útil.

Engoli em seco, prevendo o quão difícil seria convencê-lo a acreditar no que estava por vir. Se até mesmo eu tive problemas para aceitar que o relato de Niall podia ser verdadeiro, Elliot, cético do jeito que era, e estando bem mais envolvido no caso     desde o início… Mas eu precisava tentar. Era minha única chance. Mamãe estava trabalhando, e eu havia pedido a      Harry um tempo para mim mesma naquela tarde, que ele prontamente concedeu. Eu não queria ter que mentir para ele, mas também não queria que tamanha revelação acontecesse antes que eu tivesse alguma confirmação em mãos. Não tive escolha. Eu não teria outra oportunidade de conseguir um aliado essencial naquele emaranhado em que Niall me metera. Eu faria de tudo para que Elliot acreditasse em mim, pelo menos o suficiente para me ajudar a me livrar daquela situação.

– Eu espero que seja pelo menos uma dessas coisas – respondi num tom inseguro,e ele reforçou seu sorriso homicida – Por favor, sente-se. Quer um copo d’água?

– Não, obrigado, eu quero que você vá direto ao ponto – ele rebateu, sem papas nalíngua, acomodando-se numa poltrona – Desembucha, criatura. Todo esse seu nervosismo está me deixando nervoso.

Ele olhou para o teto e bufou, situação que seria cômica devido a seus trejeitos extremamente dramáticos, porém, como ele mesmo havia notado, eu estava ansiosa demais para rir. Respirei fundo e me sentei no sofá. Abri a boca para iniciar o discurso que havia ensaiado cuidadosamente, mas ele me interrompeu.

– Quero deixar bem claro que se isso tiver a ver com o Ben, não precisa nem começar. Sem chance.

Arregalei os olhos, sentindo meu coração acelerar, e notando o choque em meu rosto, Elliot se explicou:
– Não vou te ajudar a fazer o Harry mudar de ideia. Ele finalmente assumiu o filho, e embora seja grato por você ter contribuído para isso de certa forma, não vou deixar que o faça voltar aos antigos hábitos só porque suas vidinhas de pombinhos apaixonados ficarão mais fáceis sem uma criança pendurada em sua perna. Pisquei algumas vezes, esforçando-me para assimilar o que ele dizia. Levei um tempo para reagir.

– Você acha que eu te chamei aqui porque quero que o Harry abra mão do filho?

Elliot ergueu as sobrancelhas diante de minha perplexidade, e a seriedade em seu rosto quase me fez cair no riso.

– Você pareceu ser uma boa pessoa quando nos conhecemos, mas isso não significa que realmente o seja – ele disse, sem pestanejar – Sei bem o tipo de pessoa que Harry costuma atrair, e pode ter certeza de que tenho meus meios de tirar o coração dele de suas mãos num piscar de olhos.

A vontade de rir passou imediatamente ao ouvir suas palavras e a firmeza com as quais foram ditas. Balancei negativamente a cabeça, e tratei de me explicar:

– Não… Eu jamais faria isso. Concordo que Harry deva pelo menos tentar ser um pai para seu filho. Não foi por isso que te chamei aqui.

– Hm – ele me examinou por mais um instante antes de voltar a esvaziar suaexpressão, sinal de que minha sinceridade o havia convencido – Então, por favor, me diga, Anne… Por que você me chamou aqui?

Biology IIWhere stories live. Discover now