Capítulo 21

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Apesar do movimento de pessoas e veículos ao nosso redor, tudo parecia imóvel, imediatamente eliminado, a partir do momento em que Harry surgiu. Menos meu coração, batendo desenfreado, e meus pensamentos, colidindo uns com os outros dentro de minha mente nublada pelo pavor. Nem mesmo o ar adentrava meus pulmões de bom grado, agarrando-se ao mundo exterior e deixando-me sem suprir minha necessidade de oxigênio, o que tornou minha respiração ofegante em menos de um minuto.
Os olhares dos dois homens à minha frente, um igualmente aterrorizado, outro uma mescla de raiva e incredulidade, estavam fixos em mim, um esperando e outro exigindo uma explicação. O peso da expectativa, combinado ao turbilhão de inseguranças que me paralisava dos pés à cabeça, atrapalhava ainda mais minha capacidade de reagir.
A lembrança da última vez que nós três nos encontramos, marcada pelo medo em minha memória, só agravava meu total emudecimento.

– E então? Alguém vai dizer alguma coisa, ou posso começar a tirar minhas próprias conclusões?

As palavras de Harry , ainda mais enfurecidas do que antes devido ao silêncio interminável que sucedeu sua pergunta, despertaram-me do choque de sua chegada. Mesmo sem saber direito como o responderia, gaguejei o que fui capaz de formular.

– Calma... Eu explico.

Ele ergueu as sobrancelhas, fingindo surpresa. Respirei fundo, buscando força para seguir em frente diante de toda a sua revolta.

– Venha comigo, por favor – pedi, com a voz fraca, levantando-me cautelosamente devido às pernas trêmulas – Não quero passar mais um segundo perto dele.  
                 
Notando a sinceridade em meu tom, a postura agressiva de Harry diminuiu consideravelmente; enquanto nos afastávamos de Niall, ainda surpreso demais para se manifestar, ou distraído demais com Ben para se importar, ele até chegou a colocar uma mão sobre meu ombro, preocupado com meu equilíbrio prejudicado.

– Você precisa me ouvir... Isso tudo... Não é o que parece – arfei, ao enfim pararmos a alguns metros da mesa.

Certa de que estava sofrendo um ataque de pânico, tentei estabilizar minha respiração para poder continuar falando, porém sem muito sucesso. Harry desceu sua mão para meu braço, dando um leve apertão na tentativa de me tranquilizar.

– Anne, fique calma – ele murmurou, buscando meus olhos evasivos com os agora aflitos dele – Seja o que for que você tem a dizer, eu tentarei compreender... Confio em você.

Minha garganta continuou apertada, embora sua declaração tenha acendido uma faísca de esperança em meu peito. Sem pensar duas vezes, sem sequer considerar a possibilidade real (e insuportavelmente dolorosa) de ser rejeitada, lancei meus braços ao redor de seu pescoço, deixando que meu coração desgovernado batesse contra o dele, e quem sabe transmitisse através de seus batimentos tudo o que eu precisava, mas não queria dizer. Felizmente, ele retribuiu o abraço, sussurrando palavras de incentivo enquanto eu buscava me recuperar do ataque de nervos para explicar tudo.

– Obrigada – suspirei ao soltá-lo, e levei as mãos ao rosto, preparando-me para oque viria.

– Tudo bem... Agora converse comigo.

Após mais alguns segundos de hesitação, dei início à revelação que deveria ter acontecido há muito tempo, se dependesse só de mim.

– Como você sabe, Niall me procurou há um tempo... O que você não sabe, é que ele tem um motivo por trás de seu retorno.

Harry franziu a testa.

– E você sabe disso como?

Engoli em seco. Nenhuma parte daquela conversa seria fácil.

Biology IIWhere stories live. Discover now