Nossas Escolhas | Fred Weasley (Livro 2)

Quase adultos

Seu primeiro dia de estágio em Gringotes foi melhor do que ela poderia ter imaginado. O dia seguinte também, e aquele que o seguiu, e todos do rosto da semana. E, assim, antes que pudesse perceber, já havia completado quatro semanas do programa.

Julho havia acabado levando consigo a última brisa de primavera, e agosto chegara anunciando o início do verão com todas as suas forças: os dias eram mais longos, mais quentes e mais alegres. E as melhores notícias de todas havia chegado no último dia da última semana que havia sido o prazo para o resultado dos Níveis Ordinários em Magia; quando o envelope chegou, Olívia o reconheceu imediatamente e tremia tanto que teve que pedir para Effy que o abrisse. A elfa, inclusive, se assustou quando a garota leu o conteúdo, gritando e pulando pela casa, lágrimas caindo de seus olhos enquanto ela dançava.

Ela havia conseguido todos os onze N.O.M's. Todos com notas máximas (O de Ótimo), até mesmo História da Magia. Ela leu e releu o pergaminho, por pouco não manchando com a água que escorria de seus olhos, ainda sem acreditar no que via.

Ela tinha conseguido. Tinha conseguido. Passara nos N.O.M's. Conseguira todos que precisava. Agora poderia diminuir sua carga horária na escola, e não precisaria se preocupar com os N.I.E.M's por um ano inteirinho. Tinha conseguido.

O Torneio e o labirinto e a Festa de Despedida começaram a parecer mais e mais distantes, como uma lembrança confusa de um sonho do qual você acabou de acordar, até que se esvaiu como uma grande ideia que você teve antes de se adormecer e se arrependeu de não ter escrito pela manhã. Ela ainda lia o jornal todos os dias, mas nada havia sobre um possível retorno d'Aquele-que-não-deve-ser-nomeado. Todos os dias, ela caminhava pelo Beco Diagonal, sempre apinhado de todos os tipos de bruxos e criaturas mágicas, e a vida parecia seguir normalmente.

Então ela seguia a vida normalmente.

Todas as manhãs, ela chegava ao banco e se dirigia até os escritórios no segundo andar. Tinha uma mesa perto da janela, com vista para a rua movimentada do Beco, e sentava-se perto de Melissa Conway, que era a quem se reportava. Melissa tinha vinte e cinco anos e era chefe da seção de Relações e Câmbio Trouxa, que era parte do departamento de Operações Nacionais de Gringotes. Ela havia escolhido o setor após a primeira semana de integração, onde haviam sido apresentadas todas as áreas do banco que estavam aceitando estagiários. A maior parte dos outros estagiários tinha preferido os setores que envolviam maldições e criaturas mágicas, mas ela tinha se sentido muito confortável na primeira vez que conheceu Melissa, então optou por trabalhar com ela.

E, desde então, ela havia incorporado aquela nova rotina com muito bom grado. Melissa era paciente e didática, e logo ela pegou o jeito do trabalho. Olívia adorava a rotina, adorava trabalhar e se sentir produtiva, adorava se sentir no controle. Ela tinha conseguido os N.O.M's e tinha conseguido o estágio porque trabalhou duro e se esforçou. Estava no controle de sua vida novamente.

"A sua lista de materiais não chegou ainda, chegou?" cumprimentou Melissa na primeira segunda-feira de agosto, carregando seus pertences afobada. "Droga, essa rua está cheia de adolescentes. Sem ofensas."

Olívia riu. "Não, ainda não. Deve chegar só pelo final do mês, eles sempre atrasam com essas coisas."

"Engraçado que eles podem atrasar com o que quiserem, mas se nós atrasássemos algum trabalho um dia sequer, levávamos nota baixa."

"É isso aí."

"Ainda bem que aqui as coisas são mais organizadas. Falando nisso, você conseguiu aquelas projeções do mês que vem?"

O trabalho era, em maior parte, operacional e confinado ao escritório. De vez em quando, atendiam algum cliente nascido-trouxa, e Melissa dizia que precisavam se preparar para o fim do mês, quando dezenas de novas famílias trouxas chegariam ao Beco Diagonal carregando uma carta de Hogwarts de alguma criança de onze anos, sem saber como funcionava as moedas bruxas ou o banco. Mesmo assim, ela estava adorando aprender mais sobre como funcionava o banco e sobre a cultura trouxa em maneira geral – o que seria muito valioso se ela realmente fosse trabalhar no Departamento de Cooperação Internacional em Magia do Ministério.