Estilhaçamento

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O escritório de Umbridge estava carregado de um perfume nauseantemente doce.

Olívia tinha batido à porta pontualmente, sem se atrever a deixar a professora esperando um minuto sequer. No caminho, viu que já estavam pendurados novos avisos pelos corredores, que ameaçavam qualquer um que fosse encontrado em posse da revista O Pasquim de expulsão da escola.

Ela se sentou, segurando o coração na mão, e entregou umas folhas avulsas à professora.

"Não temos muita coisa ainda", ela disse, a voz trêmula, enquanto Umbridge corria os olhos pelo primeiro pergaminho. "Só alguns avisos e um artigo sobre o jogo de ontem..."

"Isso servirá." Umbridge batia a sola de um pé rapidamente no chão, em algum tipo de tique nervoso. "Sim, servirá", ela murmurou, parecendo falar sozinha. "Podem diagramar e publicar o quanto antes. Quero essa edição do jornal rondando a escola hoje."

"Hoje?" ela exclamou, sem conseguir se segurar. "Mas..."

"Hoje", Umbridge repetiu, como um ponto final.

Olívia tentou raciocinar. "Hum..."

"Olívia", a professora chamou, impaciente. "Veja bem. Eu acredito que você tem competência suficiente para me ajudar nessa pequena tarefa. Ou estou errada?"

Parecia haver um nó bloqueando sua garganta, mas ela se forçou a falar. "Não. Eu... eu consigo."

Os cantos da boca de Umbridge se contraíram de um jeito que provavelmente era para ser um sorriso, mas mais parecia um beiço. "Muito bem", ela disse, exalando lentamente. "Está vendo, não é tão difícil tomar boas decisões. Seu amigo, aquele garoto Weasley, bem que poderia aprender com o seu exemplo. O próprio pai dele não estaria na situação que está se soubesse agir conforme."

Olívia não disse nada, pois temia não conseguir se controlar. Ela fechou os punhos, o corpo todo rígido naquela cadeira estofada cheia de ornamentos. Ela queria sair de seu próprio corpo para poder bater em si mesma descontroladamente, por ter um dia acreditado que Umbridge era inofensiva, por não ter visto aquela mulher desprezível por exatamente o que ela era.

"Bem, pode ir, então", a professora a dispensou.

Olívia levantou, em modo automático, e saiu. Não tinha como parar para refletir agora, tinha que correr contra o tempo para cumprir o que prometera a Umbridge. Ela não tinha opção – a professora tinha suas garras tão fundo nela que ela não tinha como se desvencilhar sem ela mesma sangrar. Não tinha como sair dessa sem comprometer os próprios pais. E não iria comprometê-los.

Assim que encontrou Dino, puxou-o para uma sala vazia e pediu a ele, por favor, que a ajudasse a diagramar aquele pouco conteúdo. Dino parecia confuso, mas ela insistiu e insistiu, e ele finalmente cedeu. Eles passaram todo o resto da manhã ali, finalizando o trabalho, até conseguirem um produto minimamente satisfatório. O jornal ficara bem mais curto do que o comum, e metade do verso estava em branco, mas poderia passar por uma edição – ou talvez um folhetim – e era o melhor que eles conseguiriam.

Quando ela mostrou o resultado a Umbridge, a professora aprovou energicamente e já sacou a varinha e passou a duplicar em cópias, em seguida enfiando uma pilha nos braços de Olívia e mandando-a distribuir pelos corredores. Ela foi enxotada da sala, como um veado assustado, segurando aquele monte de cópias.

Seu coração martelava no peito.

"Correio de Hogwarts", ela anunciou, com a voz fraca, para o primeiro grupo de calouros que ela encontrou. Eles apenas pegaram suas cópias, parecendo confusos, e seguiram o caminho.

"Nova edição do Correio de Hogwarts", ela disse novamente, quando uma dupla de quartanistas apareceu.

A menina da Corvinal o pegou e escaneou a folha. "Ué", ela disse, depois de virar o verso para conferir. "Não vão falar nada sobre o que saiu n'O Pasquim?"

Nossas Escolhas | Fred Weasley (Livro 2)जहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें