Rumores e meias-verdades

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Ela voltou para casa mais tarde naquela noite, quando já estava escuro e nevando novamente. Aparataram bem em frente à casa dos pais, e o tio Lionel já se despediu ali. Por mais que ela odiasse admitir, os pais estavam certos: forçá-la a acompanhá-los nas aparatações tinha conseguido fazê-la se acostumar mais com a sensação, ainda que não fosse prazerosa. Ela entrou em casa, torcendo para que conseguisse ir até o quarto despercebida, mas os pais estavam na mesa de jantar, com taças de vinho na frente deles.

"Ah, Viv, finalmente", disse a mãe quando a viu. "Já estávamos ficando preocupados."

"Sente-se, Olívia. Como está Arthur?" perguntou o pai.

"Bem, está se recuperando", ela disse, puxando uma cadeira.

"Que ótimo. Não precisamos de mais acidentes no Ministério. Effy!" ele chamou, e a elfa apareceu. "Busque uma taça para Olívia. Agora ela já tem dezessete – céus, como chegamos aqui tão rápido?"

A mãe riu. "Não fique emocionado agora, Robert."

Ele massageou as têmporas. "Estamos ficando velhos, Frannie."

"Seu pai estava ficando todo nostálgico agora há pouco", ela explicou. "Ficou conversando com Ícaro sobre o tempo em Hogwarts até tarde. E algumas histórias não foram nada bonitas, ainda bem que você não estava aqui, Viv."

"Tipo o quê?" ela perguntou curiosa.

"Bom, você sabia que eu e o velho Bridgers fomos expulsos do Cabeça de Javali? Aberforth nunca mais nos deixou pisar lá", contou o pai.

Ela soltou uma risada nervosa. "O quê?"

"Pois é. Foi em nosso sexto ano, tínhamos acabado de completar dezessete. Bridgers queria..."

"Olívia não precisa ouvir isso", a mãe o cortou.

"Mas eu quero!" ela protestou.

O pai olhou para a esposa e gesticulou exageradamente para Olívia, como quem estivesse sendo obrigado. "Você sabe que o velho Aberforth é fascinado por bodes, não sabe? Tem um monte deles nos fundos, ou pelo menos tinha, na época. Então eu o fiquei distraindo enquanto Bridgers escapulia para trás..."

"Robert!" A mãe protestou.

Ele suspirou demoradamente. "Sua mãe está certa. Está ficando tarde, outra vez termino a história. Vou para a cama", ele anunciou, se levantando, e beijou primeiro a cabeça de Olívia, depois a bochecha da esposa. "Boa noite, meus amores."

Ele desapareceu no topo da escada, e logo depois a mãe virou a própria taça e se levantou. "Vou indo também. Boa noite e feliz Natal, meu bem."

* * *

O resto das férias passaram voando. Ela receara o regresso à casa dos pais por meses, tão ruim havia sido o último verão, mas acabou surpreendida com a tranquilidade que se passou. Agora que as novidades já pareciam ter se assentado no mundo bruxo, os pais não voltavam mais do trabalho estressados ou ansiosos, e eles tinham jantares divertidos e bebiam vinho quase todas as noites. Dessa vez, ela quase não queria que chegasse o dia de retornar a Hogwarts, pois significava que teria que encontrar Laura, e não sabia como a relação delas ainda estava.

Fred lhe escreveu no último dia de férias dizendo que o pai havia recebido alta do hospital e que já estava em casa novamente. Também contou que ele e Jorge tinham finalizado um produto novo que iria fazê-la perder a cabeça – nessas palavras –, e que estava ansioso para lhe mostrar no dia seguinte.

No entanto, nem ele nem nenhum dos irmãos apareceu em King's Cross. Olívia adentrou o trem, decepcionada, e sentou-se em uma cabine com Claire, Marcus, Eddie e Patrícia. Elas viram Laura passar e sair em direção ao carro dos monitores, e a garota fingiu que nem os viu. Mais tarde, no dormitório, elas também não trocaram mais palavra alguma, ignorando a presença uma da outra como se nem estivessem ali.

Nossas Escolhas | Fred Weasley (Livro 2)Where stories live. Discover now