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📌 05 de maio de 2023. São Paulo.

D É B O R A

— Pra onde você tá me levando? — pergunto enquanto estamos dentro do carro de Gustavo.

— Calma-te. — abusa do sotaque.

— Se for pra um motel, vou pular do carro. — faço o zagueiro sorrir baixo.

— Você é maluquinha, Débora. Não é nada disso. Até porque, quando foi que precisamos de motel? — me olha de canto de olho e eu faço uma careta.

Infelizmente ele tem razão. Nunca precisamos. A casa do Veiga semana passada é o exemplo.

— Então pra onde é? — continuo curiosa.

— Calma, mi niña. Já, já você vai saber. — continua prestando atenção no trânsito.

Aperto de leve a mochila com roupas que eu organizei assim que cheguei do trabalho. Gómez só disse que íamos dormir fora, não falou mais nada. Surpresa. Confesso que não sou muito amiga de surpresas, não.

— Até hoje você não me explicou direito toda a confusão do churrasco. Gabigol chegou lá e parecia ter algo envolvendo a mãe do filho do Veiga e aquela amiga dela... — puxo um assunto aleatório mas que realmente me deixou curiosa.

Eu só não perguntei antes porque estava ocupada demais no dia e, bom, depois disso Gustavo viajou e só voltou ontem.

— Eu não sei direito. Pelo que eu entendi a Desirée tem rolo com o Gabigol e ele apareceu lá por isso. Tatiana, ela e ele são amigos de muito tempo. É mais ou menos isso. — dá ombros.

Hum. Que interessante.

— Final do mês a gente tem um jogo deles pra fotografar. — umedeço os lábios. Um puta trabalho que é impossível recusar.

— Deles quem? — me olha de relance.

— Flamengo. Na verdade, é contra o Corinthians, e quem contratou foi o próprio Corinthians. — faço uma careta.

Mesmo odiando o Corinthians, vai ser um jogo gigantesco no Maracanã, com grande expectativa de público. Isso pode fazer a empresa, e meu nome, ganhar ainda mais espaço.

— Então você vai pro Rio? — não parece confortável.

— É, né? Se o jogo vai ser lá... — devolvo sem muita paciência.

Antes que uma pequena discussão se instaure, eu finalmente percebo que conheço esse caminho.

— Ah, não pode ser. — sorrio baixo negando assim que ele dobra na rua conhecida por mim.

E ao longe já me arrepio inteira ao ver o prédio que Gustavo tem um apartamento. Foi lá que ele morou quando separou da Jazmín. Não sabia que tinha continuado com ele. Lá também nos encontrávamos, e por meses, quase morei no local.

— Nem fodendo que você não vendeu esse lugar. — mordo um dos lábios tentando conter a ansiedade.

— Por que eu venderia? É o local que mais lembra você. — sorri nasalado. — Fiquei algum tempo sem vir aqui quando... hum... voltei pra casa. E aí todas as vezes que precisava corria para acá. — o sotaque fica levemente evidente. — Tem poucas mudanças desde que você foi embora.

Evito olhá-lo. O modo como ele fala que deixou de frequentar aqui quando escolheu o casamento me deixa incomodada. O modo como ele coloca esse lugar como segunda opção era o mesmo que fazia comigo. É como se a qualquer momento ele fosse fazer isso novamente. Largar a "segunda opção" e voltar com a Jazmín mais uma vez. Por isso não posso me deixar levar mais uma vez. Não posso me iludir.

Anyone • Gustavo Gómez [PAUSADA]Where stories live. Discover now