Anyone • Gustavo Gómez [PAUSADA]

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Esse capítulo contém mais de uma narração e possui datas diferentes. Atenção.

📌 Noite do dia 06 de Maio de 2023. Ilhabela, São Paulo.

G U S T A V O 

— Incoporou o Veiga e quase não parou de comer. — Débora sorri baixo me cutucando enquanto estamos andando pela praia.

Jantamos em um restaurante muito bom perto da minha casa em Ilhabela. No processo de separação Jazmín preferiu ficar com nossa casa aqui e uma das fazendas no Paraguai. Essa casa ficou comigo. Viemos poucas vezes aqui, mas as crianças amam.

Não vejo a hora de poder trazê-las aqui junto de Débora, e quero poder falar desse assunto logo. Sei que ela não confia em mim como antes, mas nem imagina o quanto eu também sofri com nossas escolhas. Sim, ela me culpa com razão, eu poderia ter pedido pra ela ficar, poderia ter insistido mais, mas éramos tão jovens, e eu ali, recém chegado no Brasil, só queria reestruturar minha família. Deixei isso falar mais alto e continuei infeliz no casamento enquanto o amor da minha vida foi embora pra Barcelona.

Agora tenho uma segunda chance. Agora eu posso mostrar pra ela que eu vou fazer a escolha certa. Que eu vou escolher ela. Eu não tenho dúvidas que ela é o amor da minha vida. Que o destino colocou ela no meu caminho novamente para eu ter a chance de fazer tudo certo dessa vez.

— Tem que aproveitar, não é Dedé? Agora que estou morando sozinho naquele apartamento tenho tomado café e almoçado no CT, e a janta eu faço algo. — ela faz uma careta com a minha confissão.

Ainda tenho que contratar alguém para cozinhar. Tem apenas uma senhora que limpa o local três vezes na semana.

— Para de ter pena de gastar. Você é rico, hein? — brinca. — E já já aposenta. 30 anos. Tá ficando velho.

Finjo estar bravo e corro atrás dela na areia enquanto a ouço gargalhar. Melodia para os meus ouvidos. Se eu pudesse ficava aqui pra sempre.

— 30 anos bem vividos. Você também não tem mais 21 hein? Já já faz 26 e tá mais perto dos 30 do que dos 20. — devolvo a bomba. Débora faz cara de ofendida e me agride com soquinhos.

— Não vou mais te dar nenhum presente. Você não merece. — me abraça leve enquanto vamos andando em direção a minha casa. Tudo bem pertinho.

— Olha só. Já te disse. Meu presente está bem aqui, na minha frente. Faltou só o lacinho na cabeça. — aperto levemente a cintura dela.

Meu dia começou com Lucca e Pía me fazendo um lindo café da manhã, e passando o dia inteiro brincando comigo. Para a mais velha ainda é estranho a mãe apenas olhando de longe e intervindo na brincadeira apenas quando eles chamam, ela sabe que não somos mais um casal e entende de uma forma que Lucca Emanuel ainda não.

Jazmín e eu mantemos uma boa relação em prol das crianças. Vez ou outra ela fala de voltar para o Paraguai e isso me estremece totalmente. Mas ela entende que a minha vida é aqui e que as crianças precisam e são acostumadas comigo. Por isso continua aqui com eles. A nossa vida foi construída aqui, Pía só tinha um ano quando chegamos. E Lucca está crescendo aqui.

— Como você é bobo. Eu realmente comprei algo pra você. Vem. — me puxa pelo braço enquanto andamos rápido até em casa.

E assim que adentramos o quarto ela me faz sentar na cama me entregando um pacote embrulhado.

— Eu lembro que você sempre gostou de usar quando estávamos juntos em 2018 e percebi que isso não mudou. Então, comprei mais um pra sua coleção. — sorri leve enquanto eu abro a embalagem.