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Esse capítulo contém mais de uma narração. Atenção.

📌 29 de maio de 2023. Madrugada pós jogo Santos X Palmeiras. Vila Belmiro. Santos, São Paulo.

D É B O R A

Vim solo por mis hijos. — Jazmín se explica, como se precisasse.

Estamos todos sentados na sala de espera. Lucca está quase dormindo no colo dela e Pía parece zero interessada na nossa conversa brincando com um jogo no Ipad.

— Entendo. Eu não sei porque vim. — sorrio sem jeito. Realmente não sei porque vim. Que porra de torta de climão está aqui nesse exato momento.

— Por ele. Vocês siempre se gostaram, não é? — pergunta. Umedeço os lábios sem resposta.

— Ele preferiu continuar casado com você, veja por esse lado. — explico.

A conversa é casual e eu não sinto que estejamos de ironia ou deboche. Jazmín é uma mulher bem sucedida e resolvida que lutou pelo casamento como qualquer outra faria.

— Grande coisa. No é como se tivéssemos sido tan felices. — dá ombros.

Isso me faz ficar toda arrepiada. E mesmo não sendo felizes ele insistiu no casamento, insistiu nela. A leve inveja toma conta de mim, impossível controlar, a verdade é que Gómez nunca fez por mim tudo que fez por ela. E em partes, eu entendo. Na época Pía era um bebê, e depois veio o Lucca, um filho mesmo não estando felizes.

Me perco pensando que nós dois éramos felizes, nós fomos. A mágoa impera novamente em tudo que sinto. Olho para o pequeno no colo de Jazmín e imagino que se eles não tivessem insistido, se ele não tivesse ido, se ela não tivesse aceitado, tudo poderia ser diferente hoje.

Só que as coisas da vida não acontecem do jeito que queremos, elas acontecem como tem que acontecer, e foram exatamente todas as nossas escolhas que nos trouxeram para dentro desta sala de espera hoje.

Teoria do Caos: toda mudança e escolha na sua vida te levou ao exato lugar que você está hoje. Então, não adianta eu pensar em milhões de "e se?", quando a realidade é esta na minha frente.

— Sendo felizes ou não, ele escolheu você. Vocês. — olho para a menina que brinca ainda sem prestar atenção na gente. — E eu entendo. Hoje, preferimos ser só amigos, como ele já te contou. — engulo seco.

Não foi isso que ele disse? Sustente, então.

No creo. E mais, No tenemos controle sobre o passado, ele pode ter escolhido a mí, mas hoy es obvio que se arrepende amargamente. Si pudiera voltar en el tiempo, teria feito de otra manera. Y conociéndo Gustavo como conozco, sei que agora también está tentando fazer diferente. — respira fundo me olhando sério.

Porra. Um soco talvez doeria menos. Queria realidade e ganhei. Ele tentou fazer diferente, estava tentando, mas errou no momento que não assumiu o que tínhamos. E olha que Jazmín já sabia, sei que sabia. Nós, mulheres, sempre sabemos.

— Se não eram felizes, porque você se manteve com ele? — tomo coragem pra perguntar.

— Quando tienes una família a gente tenta fazer de todo por ellos. Algum dia vai entender, ou já entende. — sorri leve.

É. Eu entendo. Afinal, é por isso que estou aqui hoje. Gómez é minha família, como ele mesmo já disse. E mesmo estando com muita raiva dele, sou capaz de tudo, de tentar de tudo. Isso me mata. Porque eu tenho medo de ele não ser capaz de fazer o mesmo. Se meu corpo estivesse em chamas, tenho medo de ele apenas me olhar queimar. E não é um medo por agora, por ele me chamar de amiga, e sim porque ele sempre fez isso. Gustavo vem de uma sucessão de erros comigo.

Anyone • Gustavo Gómez [PAUSADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora