Sempre ao seu lado (Concluída)

11- HuaiSang

Duas semanas mais tarde, HuaiSang se arrumava para a escola e ouvia o pequeno Nie Lian, esse fora o nome que MingJue havia escolhido para o pequeno bebezinho e registrado. Ele estava chorando a plenos pulmões e já havia um tempo que o bebezinho chorava. Seu irmão/pai tivera que sair em uma viagem de negócios no dia anterior e só voltaria em dois dias e nem as babás e nem o próprio Yao conseguiam acalmar o bebezinho.

A-Sang chegou perto da porta do quarto e viu o desespero do ômega por ele não ter a capacidade de acalmar o pequeno que estava com o rostinho vermelho de tanto que chorava.

_Senhor MengYao.

_O que é!?

_Eu li que os filhotes se acalmam com o cheiro da mãe ou pai ômega. Tente abrir a camisa e colocá-lo sobre o seu peito.

Yao tentou abrir a camisa e olhou para o adolescente.

_O segure enquanto abro os botões.

HuaiSang nunca tinha segurado o bebezinho por insistência de Yao, mas no segundo que pegou o pequenino, ele ficou quietinho. Os olhinhos ainda brilhavam em lágrimas e o garoto o balançou de leve, nos braços e lhe cheirou a mãozinha, cheiro de sândalo e canela e estranhou aquilo, que o cheiro de MengYao era de rosas. Ele continuou ninando o bebezinho e Yao nem se movia, pois via o bebê piscar relaxado, quase dormindo.

HuaiSang aparentava estar encarando o filhotinho, mas estava com a mente longe e a mil processando coisas.

“Cheiro de sândalo, cheiro cítrico, cheiro do pai ou mãe alfa, o cheiro do meu irmão é de hortelã. Cheiro de canela, cheiro da mãe ou pai ômega, que não chega nem perto do cheiro de Yao, mas é parecido com o meu que são cravos e por isso o bebê se acalmou, eu tenho o cheiro que lembra de quem lhe deu a luz e não foi essa naja. Tanto Yao quanto o irmão são morenos, até mesmo eu sou, mas esse bebezinho é muito, muito branquinho - ele olhou para Yao e sorriu para disfarçar - Jue tem cabelo castanho, eu tenho cabelo castanho e Yao tem o castanho mais claro até que o nosso e o bebê tem os cabelos tão pretos que parecem penas de asas de corvos...”

Os olhos cinza de HuaiSang encararam MengYao e ele se forçou a sorrir novamente.

_Ele gostou de mim. Obrigado por me deixar segurá-lo.

_Ele dormiu?

_Dormiu.

_O coloque no berço. Ainda nem consegui tomar café por causa dessa sirene. – comentou ele indo para frente do espelho se ajeitar.

HuaiSang colocou o bebezinho com cuidado no berço e tirou o lenço que sempre levava no bolso e o pôs sob o travesseiro do pequeno. Ele reparou na marca de nascença avermelhada no braço do menininho em formato de nuvem e a achou interessante. Ela era perfeita e com um último carinho na cabecinha do bebezinho, ele saiu do quarto pedindo licença.

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Quando A-Sang retornou da escola, quase cinco horas depois, ouvia o choro alto e incessante do bebê e os berros de Yao:

_SAIAM SUAS INCOMPETENTES! VOCÊS NÃO SABEM ACALMAR UMA CRIANÇA!

HuaiSang não gostava de gritos, o assustavam. Tanto que sempre que seu irmão Jue elevava a voz, seus olhos inundavam em lágrimas e o mais velho tratava logo de maneira no tom para que houvesse um diálogo entre eles e o menor não se fechasse em si.

Ele subiu para o quarto quietinho pela escada interna lateral dos empregados e passou pelo quarto do irmão e de Yao, que tinha o pequenino nos braços que ainda berrava e ficou olhando pela fresta da porta. O ômega olhava o bracinho do bebê, mais precisamente a marca de nuvem que ele tinha e soltou um palavrão.

_Puta que pariu! Minha marca sumiu! Você é uma coisinha dominante seu merdinha!

Meng Yao segurou o braço do bebezinho e o mordeu, em cima da marca novamente e ele silenciou e HuaiSang deu dois passos para trás horrorizado e correu para o quarto, onde jogou a mochila de lado e abriu o notebook e começou a digitar: “Marca de adoção.”

“A Marca de adoção pode ser feita em um bebê que fora adotado por ter sido ou abandonado ou ter os pais falecidos. Geralmente não é possível marcar um bebezinho que seja filhote de um ômega dominante pois ele herda os genes dominantes do ômega, se ambos os pais forem dominantes, um tanto pior.”

Eles eram. Tanto Wei Wuxian quanto Lan Zhan eram dominantes.

“A criança se torna quase impossível de ser marcada antes dos seis anos de idade e tenha tão compreensão para aceitar verdadeiramente o ômega e o alfa que o adotar como pai ou mãe.” – HuaiSang olhou para o braço, para a marca do irmão, que lhe pediu autorização para ser seu pai – “Caso contrário, a Marca perde efeito em quinze dias e precisa ser refeita.”

_Então é isso... Agora de onde esse bebê veio? De algum orfanato? Não... Para ele adotar, precisaria passar por processos e ele não tem condições emocionais e financeiras para conseguir tal coisa. Ele deve ter comprado o bebê ou roubado...

HuaiSang já ia colocar na pesquisa sobre bebês desaparecidos quando Yao entrou no quarto dele, que apenas ergueu o rosto do notebook, abrindo uma pasta de estudos.

_Ah então você já chegou e nem tirou o uniforme!

Ele virou o notebook para Yao que viu um monte de cálculos e franziu a boca.

_Eu preciso entregar esse trabalho amanhã e ele está complicado terminar.

_Boa sorte. – disse ele saindo.

A-Sang virou o notebook para si e abriu o Google novamente. E digitou: “Crianças desaparecidas”, mas a página ficou carregando, carregando, até aparecer um dinossauro na tela.
Ele olhou para a parede, para o calendário e viu que exatamente naquele dia era o dia de manutenção da rede de internet da rua e que ela sempre levava vinte e quatro horas para ser concluída e se frustrou com isso, indo realmente estudar.

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Foi incrível o que apenas duas semanas na paz e no sossego da fazenda, tirando leite de cabras, de si mesmo também, já que o seu leite não secava de modo algum, nem com remédio, e Wei Wuxian precisava ficar drenando, cuidando de ovelhas e passeando com Lan Zhan, fizeram milagres.

Ele agora lembrava de muitas coisas que viveu ali. Se lembrava das fogueiras em que comia marshmallow até Yu brigar com ele pelo excesso de doce, se lembrava dos patinhos no lago e como era bom nadar com eles, se lembrava do orvalho que cobria tudo, da sua família, só não lembrava de que tinha vivido na cidade, nem que era noivo de Wangji e nem que tinha tido um bebezinho lindo.

Wuxian estava caminhando pelo lago, que era o lugar favorito dele, Lan Zhan ao seu lado de companhia caminho no mesmo ritmo que o outro, se segurando para não enganchar o dedo mindinho dele no de Wei como sempre fazia. Os dois estavam em silêncio, apenas curtindo a brisa de fim de tarde.

Wei caminhou pelo Pier, tirou as botas, ergueu a calça e pôs os pés na água. Lan Zhan apenas se sentou ao lado dele e quando olhou para o ômega viu uma lágrima descer pelo seu rosto.

_Ei, o que foi?

_Você é meu melhor amigo não é?

_Sou e você é o meu.

_Então pra você eu posso falar tudo que está entalado na minha garganta me sufocando. Eu não aguento mais não saber quem eu sou. Eu fico bem durante o dia, mas a noite eu tenho pesadelos e às vezes não consigo mais dormir. São sonhos estranhos em que eu estou no escuro gritando por ajuda, gritando pra alguém me devolver algo e... eu não sou atendido... Sinto que há muitas coisas faltando em minha vida. Eu não gosto do psicólogo Lan Zhan, ele fica falando que eu tenho que viver uma vida nova e deixar a antiga que me causou dor para trás, mas eu não me recordo de dor, só de coisas boas. Eu prefiro o doutor Veras, o psiquiatra, ele fala pra eu continuar tentando com paciência... Fala que eu sou amado e vou perceber isso de forma mais profunda com o tempo... Mas tudo é branco.

_Com licença Wei Ying.

Lan Zhan o puxou para si e o colocou no colo dele, passando a mão em seus cabelos.

_Se for chorar, chore aqui. É melhor e saiba que estou aqui esperando por você em todos os sentidos, leve o tempo que levar. Não tenha pressa.

Wuxian olhou Lan Zhan e se viu num sofá onde o outro o puxava para o colo e lhe dizia aquelas mesmas palavras e encostou a cabeça no peito do outro.

_Pode chorar. Nos meus braços ninguém vai ver e eu prometo que não conto para ninguém. Só não force. Tudo ao seu tempo, ok?

_Ok...

Os dois ficaram assim por um longo tempo e Wei se recordou de vários momentos mais em que ele era cuidado por Lan Zhan daquela forma, com ele sempre prometendo estar ao lado dele e com aquela certeza de que era cuidado e protegido, ele se permitiu adormecer e Wangji se levantou com ele nos braços e o levou para casa.

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É meu povo, a CIA agora atende pelo nome de HuaiSang, ou como eu carinhosamente o chamo desde que li a novel: "Sonsiane dos esqueminhas" aguardem!