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Pete ficou meio envergonhado de admitir, mas gostava de ver Satanás trabalhar.

Ele podia ser um idiota, mas ele era um idiota muito inteligente, com uma mente brilhante e uma língua afiada. Ele poderia fazer homens adultos se mijarem com um olhar. Isso tornava as reuniões de negócios mais entorpecentes um tanto divertidas. Pete sentia um prazer culpado e perverso em ver Theerapanyakul fazer outras pessoas se contorcerem. Talvez porque, pela primeira vez, não foi ele que recebeu a ira de seu chefe.

— Isso é tudo? — Theerapanyakul disse baixinho, seus olhos negros fixos no gerente financeiro da KE.

O pobre homem engoliu em seco, tão pálido que parecia cinza, uma gota de suor escorrendo pela testa. Ele olhou para seus colegas de trabalho impotente, mas todos eles tinham seus olhares abaixados, não querendo atrair a atenção do chefe.

— S-sim, — o homem gaguejou. — Mas se você olhar para essas métricas, verá que o projeto deve ser...

— Não é bom o suficiente — Theerapanyakul disse impassível. — Próximo.

A próxima pessoa azarada era uma mulher elegante de meia-idade. Ela pigarreou e começou a falar, seu tom traindo seu nervosismo.

Pete parou de escutar, preferindo observar as mudanças infinitesimais na expressão de Theerapanyakul. Era seu jogo favorito durante essas reuniões chatas: adivinhar o que seu chefe horrível estava sentindo. Impaciência, desprazer e irritação eram fáceis de ver se alguém prestasse atenção nos cantos da boca de Theerapanyakul. No entanto, também havia outra coisa naquele dia... Tensão.

Theerapanyakul parecia incomumente tenso e agitado, seus dedos batendo no braço da poltrona e depois mexendo na gravata preta, os olhos vasculhando a sala sem rumo. Às vezes eles paravam em Pete, como agora, e Pete rapidamente olhava para baixo até que o perigo passasse. Entretanto, desta vez, Theerapanyakul não desviou o olhar. Pete podia sentir seu olhar sobre ele, pesado e intenso, exigindo sua atenção.

Pete olhou de volta.

Que é?

Theerapanyakul simplesmente olhou para ele por um longo momento antes de olhar para a mulher.

Pete se contraiu, sua ansiedade aumentando.

Ele sabia que havia desenvolvido algum tipo de hiperconsciência doentia de tudo o que seu chefe idiota fazia ou pensava. Essa consciência nasceu da necessidade para manter o emprego e não perder a aposta. Ele aprendeu a estar atento aos menores sinais do descontentamento de Theerapanyakul para antecipar-se às suas ordens. Não entender o que Satanás queria sempre o deixava nervoso.

Talvez... Talvez ele estivesse com tesão. Era uma possibilidade. Pete notou que Theerapanyakul tendia a ficar mais irritado do que o normal se não transasse em alguns dias. se a quantidade de preservativos que Pete comprou fosse alguma indicação. Theerapanyakul tinha um apetite enorme por sexo.

Franzindo a testa, Pete tentou se lembrar da última vez que Theerapanyakul transou. Zoe-alguma coisa tinha conseguido arrancar um “encontro” dele na segunda-feira passada. Eles
estavam ridiculamente ocupados com Theerapanyakul querendo encerrar a maioria dos projetos da KE antes de que ele deixasse a administração. Por causa da agenda lotada de Theerapanyakul, Pete não permitiu que nenhuma das
mulheres que ligaram para seu chefe falasse com ele. Então, haviam se passado nove dias que ele não transava.

A menos que Theerapanyakul tivesse uma mulher que Pete não conhecesse, é claro.

Era possível, mas Pete não achava provável: o idiota parecia ter alergia a dar às mulheres seu número de telefone
pessoal. Então, nove dias. Pelos padrões de Theerapanyakul, era praticamente uma eternidade. Normalmente, ele transava a cada poucos dias, pelo menos.

mandão × vegaspeteHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin